Final da Libertadores será entre emoção X razão
Na base da superação, vencendo problemas graças ao peso da camisa, Santos vai enfrentar um Palmeiras organizado e milionário
Para mim, é uma satisfação fora do comum, porque as dificuldades são muito grandes. A gente não pode contratar, tem problemas no pagamento e na premiação. O que esses garotos fizeram é notável”.
O raciocínio de Cuca, manifestado logo após a vitória do Santos sobre o Boca Juniors, que valeu a classificação para a decisão da Libertadores, mostra como foi difícil para ele e para o clube se credenciar a disputar a partida de sábado, contra o Palmeiras, no Maracanã. Ao longo de 2020, o que não faltaram foram problemas políticos e financeiros no Santos, a ponto de o presidente José Carlos Peres sofrer impeachment e de a Fifa proibir o clube de contratar por causa dos calotes que deu – e que agora está revertendo – em clubes do exterior.
Para eliminar adversários como LDU e Grêmio, além do próprio Boca, o Santos foi mais emoção do que razão. Como em outros momentos vitoriosos de sua história, em que tudo parecia perdido, o clube fez valer a força de sua camisa e se superou. Cuca reconhece que “temos que comemorar em dobro”.
Do outro lado, um Palmeiras mais racional do que nunca vai em busca da coroação no sábado. O título da Libertadores serviria para coroar um projeto iniciado em 2015, que tem no equilíbrio das finanças e no alto investimento da Crefisa o ponto principal.
Razão
Após quase amargar o terceiro rebaixamento no Campeonato Brasileiro, em 2014, o Palmeiras se organizou e se transformou. Com R$ 800 milhões de investimento de lá para cá, o time se tornou o maior vencedor do futebol brasileiro nos últimos cinco anos. Ao todo, o clube conquistou a Copa do Brasil de 2015 – contra o Santos –, o Campeonato Brasileiro de 2016 – sob o comando de Cuca – e de 2018, e o Campeonato Paulista de 2020. Agora, além do bicampeonato continental, os palmeirenses vão tentar o tetra da Copa do Brasil, contra o Grêmio.
“É disparado o maior investimento da América do Sul. E é só o começo”, afirma Leila Pereira, presidente da Crefisa. Com a pretensão de assumir a presidência do clube no futuro, ela não mede esforços – e recursos – para atingir seu objetivo.
Premiação
Com uma dívida total que fica entre R$ 550 milhões e R$ 600 milhões, o Santos tem motivos de sobra para buscar o tetracampeonato. E o Palmeiras, mesmo vivendo fase muito mais tranquila em suas finanças, tampouco pode abrir mão da bolada. O campeão vai faturar US$ 15 milhões (R$ 81 milhões) – somadas todas as fases, quem vencer a Libertadores terá recebido US$ 22,5 milhões (R$ 121,5 milhões). O vice leva US$ 6 milhões (R$ 32,4 milhões).
