Em evento na CBF, Sampaoli revela que o futebol atual o deixa entediado

Técnico do Santos revelou um pouco de sua filosofia de trabalho durante palestra

Por: Bruno Lima  -  22/04/19  -  21:17
  Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Em evento realizado na sede da CBF, no Rio de Janeiro, na manhã desta segunda-feira (22), o técnico do Santos, Jorge Sampaoli, explicou como enxerga o futebol e como funciona a sua filosofia de trabalho. Em uma palestra seguida de um bate-papo ao lado de Tite, treinador da Seleção Brasileira, e Fernando Diniz, atual comandante do Fluminense, o argentino, entre outras coisas, revelou que as propostas de jogo apresentadas pela maioria dos times do mundo o deixam entediado.

Para sentir prazer com uma partida, Sampaoli afirma que busca refúgio em partidas do passado, como as jogadas pela Seleção Brasileira nas Copas de 1970 e 1982.

"Hoje, no êxito, tudo se aceita. Na derrota, evidencia-se essa dificuldade. É importante olhar para trás. Vejo jogos do Brasil na Copa do Mundo de 70, de 82, partidas do Huracán de (Cesar Luis) Menotti em 1972 e 1973, a seleção da Argentina de (José) Pekerman, ou a Hungria. O futebol atual me entedia", disse Sampaoli, incluindo, nos vídeos, o Barcelona e o Manchester City de Pep Guardiola, e o atual Ajax, que recentemente eliminou Real Madrid e Juventus da Liga dos Campeões da Europa.

Ainda de acordo com o argentino, após ilustrar as suas explicações com vídeos de diferentes times - inclusive alguns montados por ele -, o primeiro atacante em campo precisa ser um goleiro. Por isso a insistência para que os arqueiros santistas Vanderlei e Everson joguem com os pés, e para que o time tenha paciência para trocar passes até conseguir criar novas jogadas ofensivas.

"O que mais me custou treinar é a zona de conforto. O jogador acelera o jogo porque o público acelera, o obriga a sair do conforto. A torcida não tolera um passe para trás e festeja um chutão para fora do estádio. Por isso o criativo não aparece. Ele é oprimido pelo contexto social", contou o técnico antes de afirmar que os comandados precisam "ter obsessão pelo ataque".

Ao final da sua palestra, Sampaoli exibiu uma frase em espanhol do ex-técnico italiano Arrigo Sacchi, que melhor define a sua filosofia.

"Ainda que o futebol de protagonismo não necessariamente seja uma garantia de vitória, esse estilo mantém uma aura de elitismo. É um enfoque pró-ativo do jogo que diferencia os grandes clubes dos menores, aqueles que propõem o jogo ao adversário dos que só resistem o máximo que podem".


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