No próximo dia 12, o Santos realiza a eleição que apontará o presidente do triênio 2021-2023. Desde ontem e até sábado, A Tribuna publica entrevistas com os seis candidatos. Seguindo a ordem alfabética, o primeiro foi Andrés Rueda. Hoje é a vez do advogado Daniel Curi, de 48 anos. No Santos, ele presidiu a Comissão de Inquérito e Sindicância do Conselho Deliberativo entre 2015 e 2017. Atualmente, é o primeiro secretário do Conselho. Seu vice é Ariovaldo Feliciano. Além de Rueda e Curi, que encabeça a Chapa 6, Santos da Virada, disputam a eleição Fernando Silva, Milton Teixeira Filho, Ricardo Agostinho e Rodrigo Marino.
O que o motivou a disputar a presidência do Santos?
Fui procurado por grandes alvinegros que, junto comigo e com meu vice Ariovaldo Feliciano, desenharam um projeto para reconstrução do clube. Esses santistas me identificaram como a pessoa ideal para estar à frente, muito devido a meu histórico no Santos e principalmente meu histórico profissional, como gerenciador de dívidas e especialista em reconstrução financeira de empresas. Temos o caminho certo para colocar o clube em ordem e tirá-lo dessa situação catastrófica em que o Peres e sua gestão o deixaram. Outro ponto é que sou independente no Santos. Não participo de associações que viram partidos dentro do clube.
Quais são seus planos para administrar o clube e pagar as dívidas?
Primeiro é agir com verdade e transparência. Firmar acordos que possam ser honrados. Vamos resgatar a credibilidade do Santos no mercado e com nosso elenco. Vamos fazer renegociações com transparência e verdade com os credores. Depois nós buscaremos recursos para honrar os compromissos. Conheço todos os atalhos desse processo. Vamos fazer uma política austera, priorizando o pagamento de funcionários e jogadores, além de fornecedores fiéis, e renegociar dívidas e tributos, fazendo repactuamentos dentro da realidade financeira do clube. Toda dívida é administrável.
Um dos grandes problemas do Santos é comprar jogadores que não pode pagar. Como você pretende lidar com essa questão?
Simples, comprando jogadores que possamos pagar. A gestão do Peres foi catastrófica porque não pagava e nem conversava com credores. Jamais seremos irresponsáveis em fazer gastos para os quais não temos receita e que não estejam no orçamento. Os clubes que já sofreram fazendo negócios com o Santos podem ficar tranquilos que a gestão Santos da Virada será diferente. Quero fazer a gestão mais transparente da história do clube. Não dá pra fingir transparência e apresentar um portal fora dos padrões internacionais das associações de transparência pública, nem transformar relatórios sem fundamentação técnica em auditorias. Não posso sequer cogitar a ideia de sair do mandato mal falado, tenho raízes na Cidade.
Quais são seus planos para as categorias de base?
Vamos dar total atenção, trazer os ex-jogadores identificados com o Santos de volta a esse departamento. Não dá pra mandar embora nomes como Clodoaldo, Abel, João Paulo, Juari, Nenê e entregar o descobrimento de talentos a gente que pode ser boa tecnicamente, mas não tem identidade com o clube. Vamos direcionar os principais investimentos do clube para a base. A estrutura da base está frágil. Precisamos de um novo CT. Estamos desenvolvendo um projeto nesse sentido. Um CT de fazer inveja aos adversários e que vai atrair todos os jovens talentosos do Brasil e do mundo.
Pretende reformar a Vila Belmiro? Erguer um novo estádio?
Se tiver um investidor que garanta o clube, acho que devemos pensar em estádio. Se não tiver, a situação não permite extravagância. Hoje, o Santos possui um projeto interessante desenvolvido pela WTorre. Nossa intenção é dar continuidade a essas tratativas.
Como resolver a questão do baixo público na Vila?
Fazendo promoções e dando atenção de verdade ao marketing. Precisamos ampliar e melhorar o match-day. Com a covid-19, temos tempo para implantar um retorno aos jogos com mais experiências. Pretendemos conversar com a Prefeitura e aproveitar melhor o entorno da Vila Belmiro com mais atrações antes e depois dos jogos. Algo semelhante às experiências dos diversos esportes dos Estados Unidos, como a NBA.
Como aumentar o número de sócios-torcedores?
Primeiro, fazendo as alterações estatutárias necessárias para voltar a este tipo de associação no clube. Vamos criar uma estrutura interna para gerenciar os programas de sócio. E precisamos fazer um grande recadastramento. Pretendo também criar a modalidade Santista de Todo o Mundo, para que torcedores de outras nacionalidades se associem, algo que hoje não é permitido. Temos santistas em todo o mundo que querem apenas ter sua carteirinha de sócio e o clube dificulta isso.
O Santos é um time grande com receita de time médio. Como resolver?
Ampliando as receitas diretas e indiretas e criando novas fontes de renda. O Santos tem uma marca inigualável e que nunca foi bem trabalhada. Pretendemos triplicar os produtos licenciados. Temos o projeto Santos Tec e vamos buscar fontes de receitas novas que usem o digital como ativo principal. O streaming é uma oportunidade única no futebol de investimento, em especial de geração de conteúdo exclusivo. O consumidor hoje é real time. O Santos hoje não está preparado para este consumidor e perde receitas. Outro ponto é simples. Dá pra fazer mais com menos. O Santos já teve o melhor custo benefício do futebol brasileiro, sendo o clube que gastava menos com o futebol e conquistava os melhores resultados. Queremos ter em média 70% do elenco oriundo da base ou com identificação com o clube. Queremos trabalhar com teto salarial e de benefícios, que todo treinador e dirigente de futebol tem que cumprir.
Com você, o Santos vai conquistar títulos?
Minha emoção sonha em fazer o Santos campeão mundial de novo! Nosso grupo vai se empenhar para esse sonho ser realidade. Mas a razão alerta que o principal será sanear o clube e deixá-lo redondo para continuar sendo o maior do mundo.