Conselheiro aponta fraude na última eleição do Santos

A denúncia foi feita nesta quarta-feira (20) durante a reunião virtual do Conselho Deliberativo do clube

Por: Bruno Lima  -  21/05/20  -  23:16
Atualizado em 21/05/20 - 23:18
Votação presencial é preferência entre conselheiros, segundo parecer
Votação presencial é preferência entre conselheiros, segundo parecer   Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Pela segunda vez nesse período de quarentena, o Conselho Deliberativo do Santos realizou reunião extraoficial por meio de um aplicativo virtual. No encontro, realizado na última quarta-feira (20), o conselheiro Rodrigo Marino, membro da Comissão Temporária da Secretária Social, apresentou um levantamento que aponta uma suposta fraude nas eleição presidencial de 2017.

De acordo com as apurações realizadas pela comissão, 119 sócios eliminados do quadro associativo do clube no último mês de março por não terem CPF registrados no cadastrado pessoal votaram no último pleito eleitoral do Santos. 


Inicialmente, o Santos identificou mais de 7 mil pessoas com irregularidades no cadastro, e 4.800 foram cancelados por não regularizarem suas respectivas situações.


Ao todo, a eleição contou com 5.676 votantes, e a chapa de José Carlos Peres venceu com 1.851 votos. Na segunda posição, as chapas de Andres Rueda e Modesto Roma empataram com 1.661 votos cada.


“É preciso deixar claro que não estamos ligando o presidente José Carlos Peres a essa fraude, tampouco (dizendo) que foi beneficiado. É impossível sabermos para quais candidatos foram esses 119 votos. Essas irregularidades ocorreram em gestões anteriores à do atual presidente”, afirma Marino.


O conselheiro também explica como a comissão identificou a irregularidade.


“Na reunião do Conselho Deliberativo do dia 15 de outubro do ano passado, apresentei aos conselheiros a suspeita de termos associados sem CPFs no nosso quadro associativo. Os conselheiros concordaram com a contratação de uma empresa para a realização de uma auditoria. Fizemos a pesquisa para a contratação da empresa, mas, meses depois, o Peres nos informou que havia identificado mais de 7 mil cadastros com tal irregularidade, e o clube cancelara todos que não se regularizaram”, conta Marino.


“Nós explicamos que a questão dos CPFs era apenas uma irregularidade na secretaria social e insistimos na contratação da empresa para a auditoria. O presidente negou. A partir daí, a comissão analisou a lista com os nomes de todos os votantes e a lista com os cadastros cancelados. Foi então que identificamos a participação desses 119 sócios-fantasmas na eleição”, acrescenta o conselheiro.


Para se tornar sócio do Santos, é necessário a apresentação do CPF, além do RG ou a CNH. Tal exigência é feita na sede da secretaria social ou por meio do site do clube.


Procurado por ATribuna.com.br, José Carlos Peres explicou os motivos que o fizeram não contratar a empresa para a realização da auditoria.


"Quando ele (Rodrigo Marino) trouxe a empresa para fazer a auditoria no cadastro de sócios, nós já estávamos finalizando e aguardando o edital que dava prazo para regularização dos sócios sem CPF. Como é que eu vou paralisar um trabalho de meses e meses no fim do caminho? Explicamos isso detalhadamente", disse o mandatário.


"Além disso, eles têm verba no Conselho Deliberativo. Que contratem a empresa, pois não colocaremos obstáculos. A contratação dessa empresa, se não me engano, custaria cerca de R$ 200 mil", completou Peres.


Nova reunião


Diante da denúncia, o presidente do Conselheiro Deliberativo do Santos, Marcelo Teixeira, irá encaminhar um ofício solicitando nova reunião do órgão com a comissão para entender detalhadamente o levantamento e, posteriormente, se julgar necessário, organizar um outro encontro, desta vez com a presença do Comitê de Gestão.


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