Atleta de Praia Grande realiza sonho de infância de jogar nas Sereias da Vila

Gi Fernandes, de 15 anos, foi promovida ao elenco principal do Santos e convocada para a seleção brasileira sub-17

Por: Nathalia Perez  -  01/07/20  -  13:37
Gi Fernandes sonhava em ser companheira de time de Cristiane. Hoje, elas treinam juntas
Gi Fernandes sonhava em ser companheira de time de Cristiane. Hoje, elas treinam juntas   Foto: Arquivo pessoal e Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Jogar no Santos, clube pioneiro em criar um departamento de futebol exclusivo para seu time feminino, é o sonho de muitas garotas. Jogar ao lado de craques como Cristiane, Thaisinha e Tayla, então, nem se fala. A cada partida das Sereias da Vila que a pequena Gi Fernandes, de Praia Grande, assistia na Vila Belmiro ou nos centros de treinamento, seu desejo de estar ali em campo, com elas e como elas, só aumentava. Hoje com 15 anos, ela conseguiu chegar aonde sempre quis: no elenco profissional santista e na seleção brasileira sub-17.


Meio-campista, Gi Fernandes é fruto do projeto Meninas em Campo, em São Paulo, que é a base feminina do Peixe. Ela foi promovida à equipe principal das Sereias este ano, e vem treinando ao lado de atletas que são referências mundiais na modalidade. Embora ainda não tenha tido oportunidade de atuar em um jogo, para ela, o que vale, neste primeiro ano como jogadora do time profissional, não é ganhar minutos em campo, e sim experiência para alcançar seus objetivos da carreira.


"A pandemia atrapalhou o plano de muita gente. Mas acho que se eu fosse jogar esse ano, seria bem pouco. Eu tava mais focada em treinar com o profissional, aprender o máximo, extrair o máximo delas, porque são profissionais muito boas, e jogar mais pela base, representar a Seleção... Lógico que, se pintasse uma oportunidade de jogar no time principal, claramente não ia perder. Mas entendo que nesse comecinho, é hora de aprender", avalia Gi em conversa com ATribuna.com.br.


Com os pés no chão, a meia segue em busca de se aperfeiçoar no futebol. Sabe que ainda é jovem e tem muito campo para correr. A humildade, o espírito de atleta, a vontade de vencer e a resiliência foram ensinamentos valiosos que ela aprendeu durante seus anos de formação na escolinha Delta e no projeto Melvi, em Praia Grande, no colégio, onde era bolsista graças às suas habilidades no futsal, no projeto Meninas em Campo e, principalmente, com seu pai, conhecido na várzea praiagrandense como "Passarinho", por ter apitado inúmeras partidas amadoras.


"Eu aprendi a andar jogando bola praticamente. Meu pai é meu grande influenciador. Tem ele e meu irmão, que sempre praticavam esportes. Comecei a jogar mesmo aos seis anos, no Delta, com os meninos. E assim foi indo, eu sempre no meio deles, sempre tendo que ir em outro vestiário trocar de roupa, sempre escutando coisas como 'nossa, essa menina vai jogar?', 'ela pode?', 'olha só, a menina joga mais que você', e sempre tendo que provar que sim, eu era melhor que alguns deles e sim eu era menina e jogava no meio dos meninos", revela.


Vice-campeã da Copa TV Tribuna de Futsal em 2016 e artilheira em 2017 com o Colégio Objetivo Santos, Gi Fernandes classifica o projeto Melvi, em seu bairro, como um divisor de águas para ela. A iniciativa visa tirar crianças e adolescentes da rua por meio da prática do futebol. "Foi o diferencial que eu precisava, pois durante o tempo que participei dele, fiz algumas coisas erradas. Fumei cigarro e bebi álcool. Ía muito na onda das pessoas com quem eu andava e depois das festas eu me levantava e ficava pensando: 'isso é mesmo necessário?'. 'Vai ser esse tipo de vida que eu vou querer?", conta ela.


Um momento que ela nunca esquecerá é a final do Campeonato Paulista de Futebol Feminino Sub-17, na qual o Santos ficou com o segundo lugar. Gi diz sempre se emocionar ao lembrar da decisão, porque foi o dia que recebeu a notícia que iria subir para o time principal.


"Lembrei das vezes em que fui ver as Sereias e sonhava em um dia ser uma delas. Ficava pensando que agora eu faria parte daquela equipe, foi um momento único para mim. E logo em seguida ela veio: a convocação para a seeleção brasileira sub-17. E o coração foi somente gratidão a Deus e a tudo o que eu passei e a todo o aprendizado e a todo erro que cometi e tive oportunidade de consertar", fala


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