Apesar de dívidas na Fifa, Peres não teme perda de pontos no Santos

Por conta de pendências, o Cruzeiro irá começar a Série B do Campeonato Brasileiro com 6 pontos negativos

Por: Bruno Lima  -  20/05/20  -  23:40
José Carlos Peres foi até o Rio de Janeiro para tentar convencer Abel Braga, mas acordo não decolou
José Carlos Peres foi até o Rio de Janeiro para tentar convencer Abel Braga, mas acordo não decolou   Foto: Ivan Storti/Santos FC

Por não ter pago uma dívida de 850 mil euros (cerca de R$ 5 milhões, na cotação atual) com o Al Wahda, dos Emirados Árabes, pelo empréstimo do volante Denilson, o Cruzeiro foi condenado pela Fifa com a perda de 6 pontos no Campeonato Brasileiro da Série B. A situação causa preocupação no torcedor do Santos, uma vez que o clube também é cobrado na entidade máxima do futebol por negociações não quitadas.

O presidente José Carlos Peres, contudo, não conta com essa possibilidade.

“Não acredito (perda de pontos ou mesmo rebaixamento), porque o julgamento é caso a caso”, disse o dirigente em contato com ATribuna.com.br. Para sustentar o argumento, ele cita o exemplo de outro clube mineiro, o Atlético-MG, que escapou da perda de pontos no último dia do prazo, ao quitar uma dívida com a ajuda de investidores.

“O Atlético-MG tem uma penca (de casos) lá na Fifa, que são pendências antigas. As nossas (pendências), exceto com o Hamburgo, são recentes, e cabe sempre um recurso”, disse.

O Santos tem hoje pelo menos três ações de cobrança movidas por clubes do exterior na Fifa. O Atlético Nacional, da Colômbia, quer US$ 700 mil  (cerca de R$ 4 milhões) pela contratação do zagueiro Felipe Aguilar, vendido para o Athletico-PR por R$ 10 milhões. 

O Club Brugge, da Bélgica, recorreu à Fifa exigindo o  pagamento de 250 mil euros (R$ 1,5 milhão, aproximadamente) pela contratação por empréstimo do zagueiro Luan Peres.

O caso mais sério, porém, é o do zagueiro Cleber Reis, que está emprestado à Ponte Preta. O Hamburgo, da Alemanha, cobra  R$ 15 milhões pela negociação, feita ainda na gestão do ex-presidente Modesto Roma Júnior.

Por conta da dívida com os alemães, a Fifa já proibiu o Santos de registrar novos jogadores e, no último dia 7, estipulou o prazo de 45 dias para que o Peixe quite a pendência com os belgas por Luan Peres.

Segundo o código disciplinar da entidade que comanda o futebol no mundo, além de multas ou advertências, as três principais sanções aplicadas aos clubes que não honram seus compromissos financeiros são: a proibição de registrar novos jogadores, perda de pontos no principal campeonato nacional e a decretação de rebaixamento.

Preocupação

Apesar de José Carlos Peres encarar com cautela a possibilidade de punição ao Santos, advogados enxergam a situação de maneira diferente. Presidente da Comissão de Direito Desportivo da Organização dos Advogados do Brasil, em Santos, Rafael Cobra, afirma que o Santos corre riscos. 

“A primeira das punições já foi imposta, que é a proibição de registro de novos jogadores. Como existe mais de uma ação, se não houver nenhum tipo de composição e, em se sucedendo condenações na Fifa nesse sentido, a situação pode ir se tornando mais grave”, diz o advogado. 

“Não é uma decisão estritamente objetiva: uma dívida não significa a proibição de registrar novos jogadores, duas (dívidas) não farão o clube perder pontos ou três (dívidas) representarão o rebaixamento. A forma de aplicação das penalidades é muito subjetiva por parte da Fifa. No caso do Santos, a situação que estamos vivendo (pandemia do novo coronavírus) pode ser um argumento a mais para facilitar o lado do clube. Porém, por serem dívidas antigas, que não foram contraídas nesse momento e que já estão vencidas, pode ser arriscado ficar contando com essa parcimônia por parte da Fifa”, acrescenta Cobra. 

Advogado especializado em Direito Material e Processual, Marcio Cruz, faz coro a Cobra. Contudo, enxerga a perda de pontos e rebaixamento como medidas extremas. 

“Entendo que  diante do não pagamento, a Fifa vai aplicar penalidades cumulativas, e, se ainda assim o Santos não pagar, vai ficar três janelas de transferências sem poder registrar novos atletas. No Código Disciplinar da Fifa, consta que a reincidência no descumprimento de decisões de pagamentos poderá ocasionar a perda de pontos na competição e rebaixamento para divisão inferior. Mas isso é extremo e bem difícil de ocorrer, pois se trata de medida facultativa e interpretativa”.


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