Apadrinhado por Robinho, Nicolas dá adeus ao Santos

Atacante que chegou ao clube com 9 anos deixa o Alvinegro após 11 temporadas, após não chegar a um acordo para renovação de contrato

Por: Bruno Lima & Da Redação &  -  21/03/20  -  15:40
  Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

Após 11 anos nas categorias de base do Santos, o ciclo do atacante Nicolas Bernardo, de 20 anos, chegou ao fim. Apadrinhado de Robinho, que atua no Istanbul Basaksehir, da Turquia, o garoto viu o seu contrato chegar ao fim e as negociações para a prorrogação não evoluírem.


Nicolas, seus familiares e representantes aguardam o fim da pandemia do novo coronavírus para dar andamento nas conversas com outros clubes. O futuro dele pode, inclusive, ser o futebol europeu.


Pai do atacante, Nilo Gilvando Bernardo, afirma que o interesse do filho era permanecer no Santos, mas o clube não valorizou o atleta. "Nós começamos a negociar a renovação com o Paulo Autuori (ex-superintendente de futebol). Ele disse que queria a permanência do Nicolas, porque 2020 seria um ano difícil para contratações. O problema é que duas semanas depois, o Autuori foi embora do Santos", conta Nilo.


Com a saída de Autuori, as tratativas, segundo o pai, passaram a ser com o coordenador das categorias de base do Santos, Jorge Andrade, e pelo chefe do Departamento de Análise, Everson Rocha.


"Acontece que no fim de 2018 o contrato dele terminou e nós pedimos um valor para renovar. Existiam dois clubes do Brasil interessados nele. O Santos ofereceu metade do valor que havíamos pedido por um ano de contrato com a promessa de que no final de 2019 firmaríamos um novo contrato e eles nos pagariam a outra metade. Nós aceitamos", lembra Nilo.


O que havia sido combinado, no entanto, de acordo com o pai do jogador, não aconteceu. "Quando chegou o final de 2019, na primeira reunião com o Jorge (Andrade) e o Everson (Rocha), o Santos disse que só poderia nos dar mais R$ 3 mil de aumento. Não concordei. Existem garotos em categorias abaixo ganhando R$ 20 mil ou R$ 25 mil. Achamos injusto o Nicolas, com 20 anos, não ganhar próximo disso".


Posteriormente, em nova reunião, o Santos propôs um aumento de R$ 6 mil ao jovem. Depois de alguns dias, Nicolas, Nilo e os representantes do atleta aceitaram, mas foi então que veio a surpresa.


"Fomos para mais uma reunião e dissemos que aceitávamos os R$ 6 mil de aumento. O problema é que o Santos voltou atrás e disse que não poderia dar essa quantia. Só renovariam se aceitássemos os R$ 3 mil. Não concordamos e eles nos avisaram que então o Nicolas não seguiria no clube", diz Nilo.


Nicolas foi apadrinhado por Robinho
Nicolas foi apadrinhado por Robinho   Foto: Arquivo Pessoal

Abatimento


A decisão do Santos deixou Nicolas abatido. No clube desde os 9 anos, o jogador, natural de São Paulo, acreditava que teria oportunidades no clube.


"Ele ficou bem chateado. Foram 11 anos no Santos. Mas usei o exemplo do Marinho, que passou pelo Santos nas categorias de base e não ficou. Com o passar dos anos voltou. O Nicolas tem que entender que a carreira dele está apenas começando. Lá na frente ele pode voltar. Nós também ficamos tristes, porque o Santos investe uma fortuna em jogadores que não dão qualquer retorno e não aceita pagar R$ 6 mil a mais para uma garoto da base".


Procurado por A Tribuna para responder se a decisão de não renovar com Nicolas foi financeira ou técnica, o coordenador das categorias de base do Santos, Jorge Andrade, não atendeu as ligações da reportagem, tampouco respondeu as mensagens enviadas.


Betinho viu semelhança entre os dois


Nicolas teve um padrinho de peso no Santos: Robinho. A semelhança no biotipo dos dois jogadores chamou a atenção de Betinho, técnico que descobriu o Rei das Pedaladas na infância.


"O Betinho viu o Nicolas, com 12 anos, jogar e achou muito parecido com o Robinho. Na época, o Betinho conversou com o Robinho, que viu uns vídeos do Nicolas e também viu muitas semelhanças. Um dia o Robinho me telefonou e nos convidou para jantar. A partir daí começou a nos ajudar. Foi ele que nos trouxe para morar em Santos com o Nicolas, porque nós ficávamos em São Paulo e ele no alojamento. Nos ajudava com a compra de suplementos, pois recebíamos apenas uma ajuda de custo do Santos", recorda Nilo.


O padrinho famoso, no entanto, criou muitas expectativas em cima do menino. E isso, de alguma forma, pode ter prejudicado o seu desenvolvimento dentro do clube. "O Nicolas nunca quis ser o Robinho. Sempre quis ser ele mesmo. O garoto não tem culpa de parecer com o Robinho. Isso pode ter atrapalhado sim", completa Nilo.


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