Andrés Rueda é o primeiro entrevistado entre os seis candidatos a presidência do Santos

No próximo dia 12, o clube vai realizar a eleição que apontará o presidente do triênio 2021-2023

Por: Da Redação  -  30/11/20  -  12:36
Andrés Rueda assume a presidência do Santos no próximo dia 1º de janeiro
Andrés Rueda assume a presidência do Santos no próximo dia 1º de janeiro   Foto: Divulgação

No próximo dia 12, o Santos vai realizar a eleição que apontará o presidente do triênio 2021-2023. E de segunda (30) até sábado, A Tribuna publica entrevistas com os seis candidatos. Seguindo a ordem alfabética, o primeiro entrevistado é Andrés Rueda, de 64 anos. Matemático com especialidade em Engenharia de Sistemas, ele foi o segundo colocado na última eleição, em 2017.


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Também integrou os comitês de gestão nas administrações de Modesto Roma Júnior e José Carlos Peres, deixando ambas por divergências com os presidentes. Rueda, que tem como vice José Carlos de Oliveira, encabeça a Chapa 4, União pelo Santos. Além de Rueda, disputam a eleição Daniel Curi, Fernando Silva, Milton Teixeira Filho, Ricardo Agostinho e Rodrigo Marino.


O que o motivou a disputar a presidência do Santos?


Querer ajudar o clube pela situação em que se encontra. O Santos vive a pior crise financeira, moral e ética de todos os tempos. Nosso futuro está em xeque e, como todo santista, me senti na obrigação de tentar ajudar. Trabalhei durante praticamente 50 anos, passei por várias empresas, fui diretor da Bolsa de Valores por 20 anos, depois tive minha própria empresa. No ano passado, vendi a empresa e falei: agora vou descansar. Mas pensei: estou realizado profissionalmente, financeiramente e em família. Por que não doar um pouco do meu tempo para ajudar o clube que a gente tanto ama e que se encontra numa situação bem pior do que estava em 2017?


Quais são seus planos para administrar o clube e pagar as dívidas?


A primeira ação é estancar a ferida. Adequar a despesa com receitas recorrentes para não aumentar a dívida. Tem de ter criatividade ao renegociar essas dívidas com os credores, reformatar contratos. O Santos vai ter uma folha que caiba dentro da sua receita. As soluções são simples. Primeiro, equacionar despesa com receita ordinária. Não podemos gastar mais do que arrecadamos. Segundo, receitas extraordinárias. Nossa intenção é levar ao Conselho Deliberativo uma espécie de endosso do que fazer com receitas extraordinárias. Exemplo: a gente quer que 50% da receita extraordinária tem de ser gastos com pagamento de dívida, 30% investidos, necessariamente, na base, e 20% para qualificar o time profissional. A partir disso, o Executivo é obrigado a trabalhar. 


Um dos grandes problemas do Santos é comprar jogadores que não pode pagar. Como você pretende lidar com essa questão?


Você não pode contratar um jogador pela vontade única de um presidente. O clube tem de ter processos de contratação, de demissão, de não renovação. Primeiro tem de passar num scout, uma área de inteligência do clube. Quero que profissionais do Santos me digam se o jogador é bom. Daí quero ver a parte médica, histórico. Feito isso, tem de ir para a área financeira. Custa tanto. Temos condições de comprar e pagar? 


Quais são seus planos para as categorias de base?


Nos primeiros anos a base será a principal geradora de receita. É vergonhoso, com tanta receita que nossa base gerou, não ter um espaço de Primeiro Mundo para poder ter seu desenvolvimento. Não digo só campo, você tem de ter todo o alojamento para jogadores. Tem de ter suporte. Na base não está claro como os atletas são captados. A gente perdeu os olheiros que tinha no Brasil inteiro, perdeu o vínculo com as escolinhas. A gente sabe que, no fundo, tem coisa errada. 


Reformará a Vila Belmiro? Erguerá um novo estádio?


O projeto da WTorre é fantástico. O único ponto que me preocupou um pouco é na parte comercial do negócio. Coloquei duas dúvidas para eles. A gente seria obrigado a jogar somente na Arena? O caso do Santos é peculiar. Tem torcidas em Santos e São Paulo. Tem de ter liberdade de escolha de jogar na arena ou não. Outro ponto é que queriam cobrar de R$ 10 a R$ 15 por torcedor que frequente o estádio. Então, se a gente fizer uma conta, 25 mil torcedores com estádio lotado, teria um aluguel de cerca de R$ 250 mil para o empreendimento. Isso me parece um certo desequilíbrio. Porque o Santos teria participação na receita líquida da WTorre. Nada mais justo que tenham participação na nossa receita, não o valor fixo. Se for assim, a gente já parte de um ingresso de no mínimo R$ 20, que seria R$ 15, para eles, mais custo de seguro, Federação, e isso fugiria um pouco da política que a gente quer implementar de popularizar o acesso ao estádio. Agora, nada de impeditivo. Tem de sentar, o Santos com pessoas do lado de cá, defendendo os interesses do clube.


Como resolver a questão do baixo público nos jogos na Vila Belmiro?


O clube perdeu o hábito de conversar com seus pares. O clube já foi até a torcida e seus sócios e perguntou o que querem? É primordial escutar, ter canal para ouvir sócio e torcida. Prefiro ter um jogo com prejuízo de R$ 20 mil e ter estádio lotado, do que R$ 30 mil de lucro com a casa pela metade. Não é o momento de ganhar dinheiro com a torcida, é momento de fomentar a torcida. Ver o que ela quer e o Executivo, dentro das possibilidades, atender. Faremos uma pesquisa com o sócio nos primeiros 100 dias de gestão.


Como pretende aumentar o número de sócios-torcedores?


O sócio, torcedor ou simpatizante, precisa ser visto como cliente. Faremos uma pesquisa e, com base nisso, partiremos para a produção de produtos. Hoje o mecanismo funciona ao contrário. Oferecemos o mínimo possível e só sobrevivemos porque o consumidor de futebol é o mais fiel entre todas as indústrias. 


O Santos é um time grande com receita de time médio. Como resolver?


Se pegar o passado recente, o problema foi gastar de maneira equivocada. As categorias de base têm gerado receitas altíssimas e isso não foi aproveitado. Pagamos juros altíssimos mensalmente. Precisamos retomar a credibilidade para alavancar verbas com patrocínios e também nos aproximar do torcedor, diversificando produtos licenciados na loja online, melhorando o programa Sócio-Rei e oferecendo uma experiência mais confortável na Vila. 


Com você, o Santos vai conquistar títulos?


Esse é o objetivo. Trabalharemos para isso 24 horas por dia, sete dias por semana.


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