Áudio de conselheiro do Santos com teor racista vaza na internet e torcedores pedem sua saída

Secretário-adjunto de turismo de Santos e membro do Conselho Deliberativo do Peixe, Adilson Durante Filho assumiu a autoria da gravação e se desculpou

Por: De A Tribuna On-line  -  18/04/19  -  16:10
Adilson é membro do Conselho Deliberativo do Santos
Adilson é membro do Conselho Deliberativo do Santos   Foto: Reprodução/Twitter

Um áudio vazado na internet nesta quinta-feira (18), em que o secretário-adjunto de Turismo de Santos e conselheiro do Santos Futebol Clube Adilson Durante Filho faz comentários de teor racista, revoltou torcedores do Peixe. Na gravação, o membro do Conselho Deliberativo fala que pardos e mulatos são "uma raça que não têm caráter". 


"Sempre que tiver um pardo... O pardo o que que é? Não é aquele negão, mas também não é o branquinho. É o moreninho da cor dele. Esses caras, você tem que desconfiar de todos que você conhecer. Essa cor é uma mistura de uma raça que não tem caráter. É verdade", disse Adilson no áudio.


E ainda prosseguiu: "É verdade, isso é estudo. Todo pardo, mulato, tu tem que tomar cuidado. Não mulato tipo o P... (amigo do conselheiro). O P... é tipo para índio, tipo chileno, essas porr*. To dizendo um mulato brasileiro. Os pardos brasileiros. São todos mau-caráter. Não tem um que não seja".


A declaração foi desaprovada pela torcida 'Santos FC Antifascista', que divulgou nas redes sociais um vídeo com o áudio do conselheiro, que foi diretor de futebol do Peixe. Nos comentários da publicação, torcedores pedem sua saída do clube. 


Em nota, Adilson assumiu a autoria do áudio e alegou que não teve a intenção de atingir quem quer que seja e que não tem preconceito em razão de cor, raça ou credo. Segundo ele, foi um momento de infelicidade levado pela emoção.



Confira a íntegra do comunicado:


Com relação a um antigo áudio de alguns anos atrás que circula nas mídias sociais, de minha autoria, gostaria de expor que, em um momento de infelicidade e levado pela emoção, em decorrência de um fato que muito me abalou, acabei me expressando de forma absolutamente diversa das minhas crenças e modo de agir. Jamais tive a intenção de atingir quem quer que seja, até porque assim me manifestei em um pequeno grupo de supostos amigos de WhatsApp. Consigno que não tenho qualquer preconceito em razão de cor, raça ou credo, pois minha criação não me permitiria ser diferente. Peço, humildemente, desculpas a todos que se sentiram ofendidos, e expresso, por meio deste comunicado, meu mais profundo arrependimento quanto às palavras genericamente proferidas.


Com a repercussão do caso, o Santos soltou uma nota destacando sua história de combate ao racismo e lamentando que tenham que vir a público reafirmar o absoluto repúdio a qualquer forma de discriminação e racismo.


Confira a íntegra da resposta do Santos:


O Santos Futebol Clube tem em sua trajetória a marca de ter sido, nos anos 60, um dos símbolos mais fortes, a nível mundial, do combate ao racismo, ainda engatinhando naquela época, mas que se fortalecia. O time mágico de Pelé, Pepe, Coutinho, Zito e tantos outros gênios do futebol espalhou aquela maravilhosa imagem de brancos e negros se abraçando para comemorar gols que encantavam o mundo. Até hoje mantemos acesa essa tradição. Assim, é muito triste que tantas décadas depois tenhamos de vir a público reafirmar nosso absoluto repúdio a qualquer forma de discriminação e racismo.


Temos orgulho da nossa história construída em 107 anos de existência por ídolos negros, pardos, brancos e seres humanos de todas as etnias. Brasileiros, somos produto da miscigenação. Santistas, vamos continuar lutando pela paz do nosso branco e pela nobreza do nosso preto, cores eternamente entrelaçadas em nossa história.


A presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Santos, Telma de Souza, também se posicionou sobre o ocorrido e exigiu uma manifestação oficial e providências da Prefeitura com relação às declarações racistas do secretário-adjunto de Turismo de Santos. A Tribuna On-Line entrou em contato com a Prefeitura de Santos, mas até a última atualização desta reportagem, não teve retorno sobre o assunto.


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