Hora do Palmeiras arrumar as malas e embarcar para o Mundial

Após festa no Rio, palmeirenses irão ao Catar tentar o título inédito; Bayern de Munique chegará como favorito

Por: Bruno Rios  -  31/01/21  -  15:50
Hora de arrumar as malas e embarcar para o Mundial
Hora de arrumar as malas e embarcar para o Mundial   Foto: Divulgação/FIFA

O bicampeonato da Libertadores levará o Palmeiras ao outro lado do planeta nos próximos dias. Em um calendário ainda mais caótico por conta da pandemia, o Verdão estreará domingo que vem no Mundial de Clubes da Fifa, no Catar, tentando não só o inédito título como recolocar os sul-americanos no protagonismo da competição, que já tem um favorito: o Bayern de Munique, da Alemanha.


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Nas últimas 13 edições do Mundial, os gigantes e endinheirados times europeus levantaram o troféu 12 vezes. A exceção foi o Corinthians, que em 2012 superou o Chelsea. O próprio Palmeiras tem lembranças amargas. Foi em 1999, quando o time acabou superado pelos ingleses do Manchester United por 1 a 0, no Japão, após falha do goleiro Marcos.


Hoje, o Bayern possui uma das equipes mais poderosas do planeta. Mesmo com os recentes tropeços na temporada, incluindo a precoce eliminação na Copa da Alemanha para uma time da 2ª divisão local, o Holstein Kiel, a equipe chama atenção pela qualidade dos jogadores. Mas o jornalista Paulo Vinicius Coelho, do Grupo Globo e Folha de S.Paulo, deixa um fio de esperança aos palmeirenses.


“O que pode equilibrar um pouco é o fato do Bayern ter que jogar as oitavas de final da Champions League em 23 de fevereiro (12 dias após a final do Mundial de Clubes). Pela 1ª vez o torneio da Fifa ocorrerá em meio à Champions. Ainda assim e mesmo vivendo um momento mais difícil que na temporada passada, o Bayern segue favorito”.


Com nomes experientes como Neuer, Boateng, Alaba, Javi Martínez e Muller, jovens talentosos do porte de Gnabry, Davies e Kimmich e o artilheiro polonês Lewandowski, melhor jogador do mundo em 2020, os alemães têm um time forte.


“O Bayern vive em constante evolução. Ganhou tudo com o técnico Jupp Heynckes, em 2013, depois contratou o Guardiola. Derrapou no planejamento ao apostar no treinador Niko Kovac, cuja contratação (em 2018) não fez sentido, mas isso foi corrigido com a promoção do auxiliar Hansi Flick, que ganhou tudo. Sempre tem jovens jogadores", diz o jornalista Bernardo Ramos, do BandSports.


Vantagem europeia


Levando em conta todas as edições da Copa Intercontinental, disputada de 1960 a 2004 entre o campeão da Champions e o vencedor da Libertadores, e os Mundiais da Fifa organizados em 2000 e de 2005 em diante, os europeus têm hoje vantagem de sete títulos sobre os sul-americanos: 33 a 26. Em 2006, esse mesmo ranking trazia a América do Sul no topo: 25 a 21.


Para os dois jornalistas, a Lei Bosman, de dezembro de 1995, revolucionou a transferência de atletas na Europa e fez o cenário mudar. “Ela acabou com as fronteiras entre os países. Em uma rodada recente da Champions, jogaram 51 franceses, 42 brasileiros e 26 alemães. Tem mais brasileiro em campo que alemão, inglês e italiano. Os grandes clubes vão onde tem jogador e isso enfraquece outro continente”, explica PVC.


Ramos aponta que os clubes europeus se tornaram seleções globais após a Lei Bosman. “As equipes inglesas ganharam vários torneios europeus nos anos 1970 e 1980 com atletas britânicos e no máximo alguns irlandeses. Mas, nas últimas décadas, isso mudou, com jogadores de todo o mundo lá. A superioridade europeia não é só pelo dinheiro. Ele é bem utilizado com os melhores jogadores, técnicos e infraestrutura”.


Semifinal vira pesadelo a sul-americanos


Para piorar, os sul-americanos passaram a acumular outro tipo de fracasso, ainda mais preocupante. Em quatro dos últimos dez Mundiais, sequer chegaram à final. Em 2010 e 2013, os africanos Mazembe e Raja Casablanca eliminaram os brasileiros Internacional e Atlético-MG, respectivamente.


Em 2016 e 2018, dois asiáticos repetiram a dose, com o Kashima Antlers goleando os colombianos do Atlético Nacional e o Al-Ain superando o River Plate, da Argentina, nos pênaltis.


“Nesse Mundial, o negócio não é olhar apenas para o Bayern. O Tigres, do México, é um time com capacidade para eliminar um clube brasileiro. Por isso, eu falo que o primeiro ponto é observar atentamente o adversário da semifinal. Será preciso ganhar dele para chegar à final”, alerta o jornalista Paulo Vinicius Coelho.


Citado por PVC, o Tigres enfrenta o Ulsan, da Coreia do Sul, na quinta-feira, às 11h (horário de Brasília). Quem ganhar encara o Palmeiras na semifinal.


A Torcida


“Eu acho que o Palmeiras tem chance no Mundial porque tem jogado muito bem. O técnico português é bom demais e melhorou o time. Entre os jogadores, gosto do Willian, que tem muita raça. Não tenho medo do Bayern de Munique” - Gustavo Araújo, 13 anos, estudante, Caneleira, Santos.


“Claro que dá para ser campeão do mundo. Em casa, eu virei palmeirense por causa do meu filho, que torcia sozinho pelo Verdão. Quando tem jogo, é sempre a mesma coisa: eu e ele no quarto e o resto da família na TV da sala” -Patrícia Maria da Silva, 45 anos, dona de casa, Caneleira, Santos.


“É complicado pensar nessa final, pois tem o Bayern e o Lewandowski faz gol todo jogo, é um absurdo. Mas, se o Palmeiras ganhar dos alemães, eu vou para a Praça Independência comemorar, nem que seja sozinho” -José Antonio Moura Santos, 54 anos, ajudante de despachante aduaneiro, Boqueirão, Santos.


“Eu tenho certeza que o Palmeiras vai fazer bonito no Mundial de Clubes. Temos medo, mas não temos vergonha. O negócio é jogar, pois nosso time é bom, o treinador arrumou a casa e estamos muito próximos de conquistar o mundo” - Pollyanna de Oliveira, 34 anos, técnica de enfermagem, Marapé, Santos.


“É difícil ganhar, mas não impossível. Em 1999, amassamos o Manchester United, no Japão, e quase ganhamos. Tudo depende de como os jogadores entram em campo. Se estiverem focados e fizerem o gol, conseguirão segurar o resultado depois” - Samuel Almeida, 52 anos, funcionário público, Embaré, Santos.


“Ser campeão do mundo é um outro departamento, ainda mais depois dessa Libertadores, só que o Abel Ferreira tem sabedoria. Eu gosto desse técnico. Até que estou confiante. Se ganhar o Mundial, farei um belo churrasco” - Givaldo José da Silva, 63 anos, manobrista, Centro, Santos.


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