Jogador santista revela como é o futebol e a vida em Macau, sua casa há oito anos

Bruno Figueiredo chegou na região da China em 2011 para jogar bola. De lá para cá, teve passagens por Hong Kong, Índia, Polônia e está há alguns anos estabelecido no futebol macaense

Por: Nathalia Perez & De A Tribuna On-line &  -  23/02/19  -  15:01

Não é das tarefas mais fáceis apontar Macau no mapa do mundo. O lugar é denominado como uma Região Administrativa Especial (RAE) da China, e é conhecido internacionalmente como a Las Vegas chinesa. Possui uma população de pouco mais 620 mil habitantes e é uma ex-colônia de Portugal. Aqui no Brasil, pouco se sabe sobre a cultura desse pequeno lugar na Ásia, e menos ainda do futebol praticado por lá. Contudo, o santista Bruno Figueiredo conta como é a experiência de viver e jogar lá, onde ele faz morada já há alguns anos.


Bruno tem 32 anos e chegou em Macau em 2011, depois de ter passado pelo futebol do Irã e de Portugal. "Eu estava na Europa quando um empresário me convidou para jogar em Macau. Não conhecia o país, mas sabia que a Ásia estava crescendo. Vim com o intuito de passar pela China ou Hong Kong. Essa era a ideia do próprio intermediário a princípio", revelou o atleta, que atua como meio-campista, em conversa com a Tribuna On-Line.


Após alguns meses na liga macaense, ele de fato foi parar no futebol honconguês. Mas não por muito tempo. O santista, então, retornou a Macau e, na sequência, por conta de problemas com visto, ele deixou a região novamente e foi jogar na Índia. "A vida era difícil lá, eu não quis ficar. Fui para a Polônia, onde recebi a proposta para voltar para Macau. Vim para ficar, parar de pular de galho em galho, e desde então estou aqui", disse Bruno.


Atualmente, ele defende o Chao Pak Kei (CPK), time da primeira divisão da liga macaense. Já são cinco anos de clube, e ele recorda que chegou em um momento que a equipe estava se desenvolvendo. O meia acompanhou a evolução do CPK e hoje colhe o fruto junto com o grupo. No ano passado, eles foram campeões da Taça de Macau, e, este ano, são líderes na liga com cinco pontos de vantagem em relação ao segundo colocado, com quatro rodadas.


Legenda: Cinco jogadores brasileiros, um paraguaio e o auxiliar técnico português, quando o CPK se sagrou campeão, no ano passado, da Taça de Macau
Legenda: Cinco jogadores brasileiros, um paraguaio e o auxiliar técnico português, quando o CPK se sagrou campeão, no ano passado, da Taça de Macau   Foto: Divulgação/Bruno Figueiredo

Estrutura do futebol macaense


De acordo com o santista, o futebol na região chinesa está em uma crescente. As equipes macaenses contam com jogadores estrageiros, mas só quatro podem jogar, embora elas possam ter até oito no elenco. Dez clubes disputam a primeira divisão do principal campeonato de Macau, enquanto 18 competem a segunda e 20 estão na terceira. "O futebol poderia ter uma estrutura melhor, mas o povo macaense e chinês não apoia muito. Eles preferem ir aos cassinos", afirmou.


"Na primeira divisão, seis dos dez times investem bem. Os outros quatro possuem mais atletas chineses. O futebol aqui é semi-profissional, porque os chineses acabam trabalhando durante o dia e treinando só à noite. As equipes que investem são profissionais por terem estrangeiros jogadores profissionais. Assim sendo, nós profissionais treinados de manhã e a noite a equipe toda realiza os trabalhos junta", esclareceu.


Diferenças culturais e nível técnico


A verdade é que o futebol ainda não está atrelado à cultura de Macau. "No Brasil, o esporte está no sangue do brasileiro. As crianças nascem, sonham em ser jogadores e vão atrás disso. Aqui, elas nascem para estudar ou trabalhar em cassinos", definiu ele, que pensa que, por ser uma região rica, poderia olhar mais para o futebol e destinar mais esforços e dinheiro para a modalidade crescer internamente.


Ele comentou também sobre o nível técnico do futebol macaense, fator que, na sua opinião, vem se desenvolvendo: "A qualidade da liga vem melhorando de um tempo para cá com a investida dos times em jogadores profissionais estrangeiro. Isso faz com que os chineses melhorem e aprendam com a gente que está aqui".


Por Macau ser colônia portuguesa até 1999, recordou Bruno, então, há uma forte incidência do país europeu ainda por lá. "Alguns times têm origem portuguesa, como nomes. O último campeão da liga, por exemplo, foi o Benfica, que tem jogadores portugueses e brasileiros. Aqui em Macau há jogadores profissionais de todo mundo, mas brasileiros em maior número".


Santos e Portuguesa Santista


Antes de dar início à sua carreira internacional, o jogador vestiu a camisa do Santos e da Portuguesa Santista. No Peixe, esteve durante seu período de formação, nas categorias de base. Já na Briosa ele jogou na base e também no time profissional. Bruno também passou pelos juniores do São Vicente e Ponte Preta e pela equipe principal do Grêmio Pinheiros-SC e A.D. Guarujá. Tem um currículo bem abastecido.


Vida em Macau


"Pretendo ficar por aqui mesmo quando eu parar de jogar", respondeu o meia quando perguntado sobre voltar ao Brasil. "Macau te dá condições de crescer em outras áreas, de estudar também, fazer cursos, como da Confederação Asiática de Futebol (AFC)". Além de representar o CPK em competições, ele dá aula de futebol na escolinha do clube, montada para crianças. "O trabalho ajuda a desenvolver o futebol na região e também, é mais uma renda para nós profissionais e ocupa nosso tempo livre", finalizou.


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