Brexit pode abrir as portas do futebol inglês para jogadores brasileiros

Para aproveitar essa abertura, uma agência britânica de gestão de talentos do futebol está chegando ao Brasil

Por: Do Estadão Conteúdo  -  23/05/20  -  17:15
Agência britânica poderá atrais joias brasileiras para o futebol Inglês
Agência britânica poderá atrais joias brasileiras para o futebol Inglês   Foto: GLYN KIRK/IKIMAGES/AFP

A saída do Reino Unido da União Europeia - o chamado Brexit, que foi concretizado no final de janeiro deste ano -, vai causar mudanças no mercado de transferências de jogadores de futebol em todo o mundo. A flexibilização dos regulamentos de permissão de trabalho no Campeonato Inglês ajudará muitos atletas não europeus e seus agentes. E o Brasil está incluído nisso.

Para aproveitar essa abertura, uma agência britânica de gestão de talentos do futebol está chegando ao Brasil. A YM&U Group - que gerencia, por exemplo, a carreira do técnico Frank Lampard, atualmente no Chelsea - já abriu um escritório em São Paulo e tem planos de se instalar em outras cidades brasileiras, e também em outros países da América do Sul.

Quem comanda a YM&U Group no Brasil é o empresário, agente e ex-jogador nigeriano Emmanuel Adewole, hoje com 30 anos, que atuou por clubes pequenos da Europa, da Ásia e da África até se aposentar em 2015. Ele explica que a tendência de afrouxamento das regras por conta do Brexit e o aumento da demanda por jogadores sul-americanos fez a agência da qual é sócio desembarcar em São Paulo.

"YM&U significa You, Me and Us (Você, Eu e Nós, na tradução literal). Nós somos, hoje, uma das maiores agências de futebol no mercado inglês. Temos o Frank Lampard, Harry Winks (Tottenham) e uma porção de atletas na seleção inglesa. O Brasil é o maior formador de atletas. Tem pelo menos um brasileiro em todas as ligas do mundo. Agora, com essa situação do Brexit, achei interessante abrir uma base no Brasil. Faz uns dois anos que estamos com essa ideia", afirmou Adewole em entrevista ao Estadão.

Antes do Brexit, para obter o "Sportsperson Visa", o visto de trabalho inglês, é preciso um jogador se enquadrar em critérios como valor da transferência, salário, número de atuações pela seleção do país de origem e a posição da nação no ranking da Fifa. Além disso, é necessária a classificação do atleta como de elite, um reconhecimento dos dirigentes ingleses de que ele pode atuar em alto nível internacional.

"A Inglaterra vai começar a afrouxar as regras por causa do Brexit. Vamos ter um maior número de brasileiros na Premier League. Todo jogador brasileiro deseja jogar lá. É a mais vista do mundo, a mais bem paga. Assim, nós queremos proporcionar essa oportunidade. Não somente aos que atuam em clubes grandes, mas também para a molecada", explicou o empresário, ressaltando que a busca é por atleta a partir dos 18 anos.

Adewole citou dois exemplos de jogadores jovens que recentemente foram para o futebol inglês. "Veja dois casos dessa valorização do brasileiro aqui na Inglaterra. O (Gabriel) Martinelli está hoje no Arsenal e um ano depois ele vale até 10 vez mais do que era quando foi contratado. E tem o Richarlison, que veio primeiro para o Watford e agora está muito bem no Everton. E eles chegaram aqui e nem jogavam ainda pela seleção brasileira", relatou.

TREINADORES - A YM&U também tem o interesse de investir em treinadores para que algum deles possa trabalhar na Inglaterra ou em outro país das Europa. "Gostaria muito de começar a trazer treinadores de lá para cá. Esse intercâmbio faria bem ao futebol brasileiro. Iria modernizar um pouco a forma de jogar futebol no Brasil. Em contrapartida, temos ideia, sim, de levar treinadores para fora. Portugal já teve brasileiro (Felipão) comandando a seleção. Só a brasileira não teve estrangeiro até hoje", contou Adewole.
 


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