Bia Ferreira quer seguir arrebentando no boxe

Ela fez história nos Jogos Panamericanos de Lima e sonha com as Olimpíadas de Tóquio

Por: Lucas Pinto & Colaborador &  -  25/08/19  -  15:49
Bia Ferreira conquistou a primeira medalha de ouro do boxe feminino brasileiro no Pan de Lima
Bia Ferreira conquistou a primeira medalha de ouro do boxe feminino brasileiro no Pan de Lima   Foto: Irandy Ribas/ AT

Aos 27 anos, Bia Ferreira conseguiu um feito inédito nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, encerrados em agosto deste ano. Ela trouxe para o Brasil a primeira medalha de ouro do país no boxe feminino ao ser a campeã da categoria leve (até 60 kg). “Tinha um objetivo e o alcancei. Fico muito feliz por ter sido a primeira brasileira campeã do Pan”, conta.


Nascida em Salvador (BA), a pugilista enfrentou dificuldades no início da carreira, incluindo uma suspensão de dois anos, mas hoje comemora as vitórias e mira medalha na Olimpíada de Tóquio-2020.


“[O objetivo pra Tóquio] é treinar até lá, chegar bem, preparada, pra poder me divertir também, mas é claro que com o objetivo de conseguir medalha, não importa qual seja”, diz Bia. Ela vem em alta após a vitória no Pan e admite que não tira a Olimpíada da cabeça.


“A gente pensa em Tóquio o tempo todo, mas antes tem dois mundiais. No Mundial civil e no militar [ela é 3º sargento da Marinha], o foco é ter um bom resultado”, lembra. No início de 2020, a baiana disputará o pré-olímpico para ter a chance de representar o Brasil na capital japonesa.


Punição


A atleta conta que o momento mais difícil da carreira foi quando não pode participar de torneios por conta de uma punição. Em 2014, dez anos depois de mudar de Salvador para Juiz de Fora (MG) com Raimundo Ferreira, seu pai, ex-pugilista tricampeão brasileiro, ela aprendeu muay thai e participou de uma luta amadora na mesma época em que entrava no boxe. Isso foi o suficiente para que a Associação Internacional de Boxe Amador (Aiba) a punisse, pois uma regra da entidade proibia pugilistas de lutar em outras modalidades. Ela ficou fora do Campeonato Brasileiro Amador por dois anos.


“Comecei tarde no boxe, e quando resolvi começar a lutar já tinha essa nova regra”, relata. Mas Bia afirma que não ficou abalada. “Tirei proveito disso, aprendi”.


Com o gancho, Bia continuou a treinar. “A raiva que senti naquela época, eu desconto agora e colho frutos”.


História


Quando pequena, em Salvador, Bia assistia às lutas do pai, que tem o apelido “Sergipe”. A proximidade com esporte fez ela pegar gosto e entrar nele cedo. Mas Bia conta que demorou até enxergar o boxe como meio de vida. “Comecei a treinar cedo, mas era só brincadeira. Eu não tinha uma visão de carreira, até porque é muito sofrido ser atleta”, diz. 


Segundo ela, foi em 2015, enquanto ainda cumpria punição, o hobby virou carreira. “Pensei: ‘não vai ser isso que vai me tirar. Vou insistir porque levo jeito e amo boxe”.


Dificuldades


Quando fala do início da carreira, Bia relata as barreiras. Sem renda garantida no início, ela recorreu à ajuda da família. “Eu não tive nada, tinha que ter meus pais. Precisei dar aulas de boxe pra conseguir dinheiro”, conta. Hoje, com uma situação mais confortável, ela retribui o apoio. “Tenho um bom salário na seleção e patrocínios. Consigo me manter e sustentar a família. Sou feliz de fazer o que eu amo e ajudar a família.


Mudança


O ponto de mudança na carreira da lutadora foi o programa Vivência Olímpica, desenvolvido na época da Olimpíada do Rio, em 2016. Com 20 anos, Bia Ferreira foi uma das selecionadas pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para acompanhar o Time Brasil.


"Uns três meses antes dos Jogos, entrei para a seleção brasileira como reserva. Depois, teve o Vivência Olímpica, que foi essencial. Estar convivendo, conhecer os atletas, viver um pouco daquilo mesmo não competindo, mas sentindo como se estivesse”. 


Foi durante esse programa que ela conheceu Adriana Araújo, boxeadora que ganhou a primeira medalha do boxe brasileiro feminino em Olimpíadas: bronze na categoria leve (até 60 quilos). “Comecei a treinar vendo a Adriana lutar, então é uma grande referência que eu tenho. Não só ela, mas o Robson (Conceição), o Robenilson (de Jesus), todo mundo daquela época que eu tive a oportunidade ver e treinar junto”.


Logo A Tribuna
Newsletter