Assembleia do Rio recua e pede veto à troca do nome do Maracanã para Rei Pelé

A proposta foi muito criticada por entidades e personalidades do esporte e da cidade

Por: Do Estadão Conteúdo  -  06/04/21  -  23:18
Atualizado em 06/04/21 - 23:19
  Foto: Divulgação/Twitter Estádio do Maracanã

Vinte e oito dias após aprovar, em votação simbólica, o "novo batismo" do estádio do Maracanã, na zona norte do Rio de Janeiro, a Assembleia Legislativa (Alerj) desistiu da proposta. Aprovada e enviada para sanção ao governador interino Cláudio Castro (PSC), a proposição determina a troca do nome oficial, de Jornalista Mário Filho para Edson Arantes do Nascimento - Rei Pelé.


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A proposta foi muito criticada por entidades e personalidades do esporte e da cidade. O presidente da Casa, André Ceciliano (PT), autor do projeto com outros seis parlamentares, anunciou o recuo nesta terça-feira. E disse que vai enviar a Castro proposta de veto ao projeto de lei aprovado por iniciativa sua.


Ceciliano propôs a troca com o objetivo de atrair turistas e homenagear Pelé, que marcou seu milésimo gol durante partida no Maracanã, em 1969. Segundo o projeto, o estádio passaria a se chamar Rei Pelé, e o complexo esportivo, que inclui também o ginásio do Maracanãzinho, o Parque Aquático Júlio Delamare e o estádio de atletismo Célio de Barros, teria o nome de Mário Filho, originalmente atribuído ao estádio principal.


Os deputados Bebeto (Pode), Carlos Minc (PSB), Marcio Pacheco (PSC), Eurico Junior (PV), Coronel Salema (PSD) e Alexandre Knoploch (PSL) assinaram como coautores. Em 9 de março o projeto foi aprovado. Apenas a bancada do PSOL votou contra.


O projeto, então, foi encaminhado ao governador, que poderia sancioná-lo ou vetá-lo. Nesse caso, o texto voltaria à Alerj, que tem poder de derrubar o veto. Começou então uma intensa campanha contra a mudança. Argumentou-se que a troca apagaria da história o nome de Mário Filho, jornalista esportivo pioneiro e escritor que entre 1944 e 1948 liderou uma campanha para que o estádio fosse construído na Tijuca, à margem do rio Maracanã, com capacidade para 100 mil pessoas. O espaço era ocupado pelo Derby Club, destinado a corridas de cavalo.


Mario Filho x Carlos Lacerda


Na época, o futuro governador da Guanabara Carlos Lacerda queria que o estádio fosse construído em Jacarepaguá, na zona oeste. Defendia ainda que tivesse capacidade menor (60 mil lugares) em razão dos custos. A proposição defendida por Mário Filho prevaleceu, o estádio começou a ser construído em 10 de agosto de 1948 e foi inaugurado a tempo de sediar partidas da Copa do Mundo de 1950, inclusive a final, em que o Brasil foi derrotado pelo Uruguai.


Em 1966 Mário Filho morreu. A Assembleia Legislativa do então Estado da Guanabara decidiu que seu nome passaria a ser atribuído ao estádio.


Diante da reação contrária, o governador já cogitava vetar o texto. Agora, com a proposta de veto apresentada pelo deputado que foi seu autor e defensor, a mudança será oficialmente descartada.


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