Vicentina vence Brasileiro Cadete e garante vaga no Pan-Americano de Wrestling, no México

Conquista para a jovem, que luta dentro e fora dos tatames, foi a realização de um sonho. Agora, ela busca recursos para fazer a viagem

Por: Isabela dos Santos & Colaboradora &  -  11/05/19  -  15:56
Marcela no pódio do Campeonato Brasileiro Cadete de Wrestling 2019
Marcela no pódio do Campeonato Brasileiro Cadete de Wrestling 2019   Foto: Arquivo Pessoal

No dia 14 de março a atleta de São Vicente, Marcela Dantas dos Santos, 16 anos, sagrou-se campeã no Campeonato Brasileiro Cadete de Wrestling 2019, modalidade mais conhecida como luta olímpica. A conquista garantiu uma vaga no Campeonato Pan-Americano que vai acontecer no dia 28 de junho no México. 


Mas para a consagração ser possível, a menina residente no bairro Japuí fez questão de se esforçar tanto que até parece gente grande. Além de lutar no tatame, ela batalha diariamente para conseguir realizar seus sonhos. Ela lutou durante um ano, quando tinha 12 anos, e parou. Só voltou três anos depois, em 2017.“Minha mãe tinha me proibido de lutar porque eu era muito bagunceira na escola. Fiquei três anos sem treinar. Via minhas colegas vendendo doces para irem a competições e falei pra mim mesma que ia voltar. Conversei com meus pais e disse que iria lutar com ou sem o apoio deles” 


Marcela entrou para o projeto social Ades Equilíbrium, responsável por levar o esporte para crianças da região. Por meio da iniciativa, arrecadou dinheiro para ficar de dezembro de 2017 a janeiro de 2018 em um centro de treinamento em Pernambuco. Pouco tempo depois estava treinando para o Brasileiro Cadete de 2018, conquistando a terceira colocação.


"Meu desempenho em Pernambuco foi muito bom. Aquilo me motivou para fazer o meu melhor. Cheguei lá e fiquei em 3º lugar. Foi muito significativo porque era a minha primeira competição nacional. Depois disso eu só queria treinar e treinar para ser campeã”. 


No mesmo ano, ela foi passar outro período em um centro de treinamento, desta vez em Brasília. “Eu, as atletas do projeto e meu sensei arrecadamos dinheiro para ir. Foi a segunda vez que passei o Natal e a virada de ano sem os meus pais, eu fiquei bem sentida, chorei muito por não estar com minha família. Mas também sabia que não podia parar, que eu iria dar retorno para eles”, refletiu. 


Superação e título 


Até que neste ano Marcela conseguiu transformar seu sonho em realidade, subindo no pódio como campeã de sua categoria no Campeonato Brasileiro Cadete de Wrestling. Ela competiu na categoria 51 quilos e fez quatro lutas contra atletas de Sergipe, Amazonas, Alagoas e São Paulo, vencendo todas.


“Na semifinal o ginásio parou para ver minha luta, porque eu estava perdendo e de repente contornei a situação. Quando passei e ganhei na final minha sensação foi de gratidão, de que eu venho fazendo o trabalho certo”.


Apoio do pai é fundamental na carreira


Disputar uma competição não é o único desafio de Marcela. Arcar com as despesas para garantir a participação é sempre um obstáculo. A atleta treinava sem saber se conseguiria ir ao Rio de Janeiro para o Brasileiro.


“Eu continuei minha preparação sem saber se teria o dinheiro para competir, foi desesperador. Consegui ir graças ao meu pai, que está sempre me apoiando. Ele dividiu o valor da passagem no cartão de crédito. Peguei o ônibus na noite anterior à luta, não dormi direito porque estava ansiosa e também porque viajei com fome, não tinha mais dinheiro”, detalha.


Para o pai da lutadora, Marcelo dos Santos, que ganha a vida como caldeireiro industrial, o aperto vale a pena. “Eu tenho muito orgulho dela. Tenho um problema com um outro filho que se tornou dependente químico, então ver que ela está seguindo no caminho da honestidade e humildade é tudo pra mim”, afirma. 


Ele só viu a filha em ação apenas uma vez, há dois anos, em Cubatão. “As outras competições que ela participa são realizadas em outras cidades e estados. Eu não consigo pagar a despesa de nós dois. Eu vou apoiando ela daqui, por telefone, e ela vai me mandando os vídeos e as fotos de lá”.


Sonho e trajetória


Marcela pode ter apenas 16 anos, mas já tem em mente que quer ser lutadora profissional e ter seu próprio centro de treinamento. Para isso, se dedica ao esporte. Sua rotina consiste em ir para a academia de manhã, treinar na parte da tarde e estudar à noite. 


Ela treina na Rua 4, no Japuí, no espaço que serve como salão de festas. As alunas pagam uma taxa de R$ 20 para utilizar o local. O espaço para ela não é problema, pois acredita que seu esforço é o que vai fazer com que seus planos se concretizem. 
“Eu sou nova e acho que tem que começar a se dedicar desde cedo. Porque eu quero ter minha equipe e associação. Eu quero viver da luta”, conclui. 


Veja como ajudar


O Pan-Americano de Wrestling acontece em junho e Marcela e seu pai estão fazendo rifas para tentar arrecadar a verba necessária para pagar as despesas da viagem ao México. “Infelizmente se a gente não conseguir, eu não vou, já tenho isso em mente”, lamenta Marcela. Ela precisa de um valor em torno de R$ 6 mil. Amigos e comerciantes têm dado uma força. Quem quiser ajudá-la pode entrar em contato pelo número (13) 98835-0072. 


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