Ultramaratonista de Mongaguá participa de desafio no deserto da Namíbia para ajudar APAE

Após superar um quadro de depressão, Bruno Luis Ribeiro viaja para a África no próximo mês para percorrer uma ultramaratona de 250 km em prol da instituição

Por: Nathalia Perez & De A Tribuna On-line &  -  28/03/19  -  15:01
  Foto: Divulgação/Bruno Luiz Ribeiro

Atravessar, a pé, o deserto da Namíbia, um dos mais quentes do planeta. Este é o desafio que o engenheiro civil Bruno Luis Ribeiro, de Mongaguá, vai encarar no mês que vem. O motivo envolve solidariedade e amor ao próximo: arrecadar fundos para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).


Atleta amador, ele irá participar do Namib Race 2019, uma das quatro etapas da '4Deserts', série de ultramaratonas de 250 km nos desertos mais extremos do mundo. Além do da Namíbia, que vai do sul de Angola ao norte da África do Sul, o do Atacama, no Chile (o mais alto e seco) e o de Gobi, na Mongólia (o mais ventoso), e o da Antártida (o mais frio) fazem parte da sequência.


E onde é que a APAE entra nesta história? Apelidada de "250K APAExonado", uma campanha feita por meio de um site de crowdfunding fará com que doadores deem uma certa quantia, estipulada pela instituição, a cada quilômetro que Bruno conseguir correr. É uma ação de arrecadamento totalmente em prol da associação, já que as contribuições não custearão despesas do atleta. Todas elas sairão de seu próprio bolso.


É o terceiro deserto que o engenheiro, que tem 38 anos, vai conhecer para tentar completar um percurso dessa distância, restando apenas o mais gélido entre eles como o último desafio. Em 2015, no Atacama, ele ficou com a 32ª colocação após enfrentar um calor intenso, a baixa umidade e um caminho com dunas de areia, travessias de rios, pedras soltas, terra batida e folhagens que ultrapassam a altura da cintura.


Tudo isso consumindo apenas 1,5 litro de água por dia. "Atacama foi mais difícil do que Gobi por causa da altitude e por ser muito seco. Era muito difícil de respirar. Falta ar, a cabeça fica doendo", contou o maratonista em conversa com a Tribuna On-Line.


Legenda: Bruno durante o Atacama Crossing 2015
Legenda: Bruno durante o Atacama Crossing 2015   Foto: Divulgação/Bruno Luis Ribeiro

Superação


Ao retornar ao Brasil após a prova, o ultramaratonista enfrentou um quadro depressivo. "Foi em 2015. Eu parei de correr, parei de trabalhar, fiquei muito mal", relatou ele. "Foi uma superação bem barra pesada. Fazia dez anos que eu corria, e, por conta da depressão, eu parei com tudo. A gente fica sem vontade até de viver", relembrou.


No ano passado, depois de superar a doença, ele venceu os ventos da Mongólia e percorreu os 250 km no Deserto de Gobi. Bruno era o único brasileiro da competição, e terminou a primeira etapa em 26º entre 232 competidores. "Como eu estava saindo da depressão, eu pensei que eu fosse mal, porque 70% dessas provas são mentais, mas eu fui melhor do que esperava, apesar do erro e da ansiedade de que podia dar errado", disse.


Agora, na Namíbia, Bruno deverá ser capaz de carregar seus mantimentos e pertences pelo deserto por seis dias, entre 28 de abril e 3 de maio, sem poder contar com o auxílio de outras pessoas. Para o ultramaratonista, que, mesmo sendo amador, já garantiu mais de 70 pódios, o mais importante é sobreviver, terminar a prova e poder ajudar a APAE. 


"Desta vez, me preparei menos do que a da Mongólia por conta de mudanças no trabalho. Essa questão de deserto é muito séria. Passamos perrengues. Eu costumo por na cabeça que a minha intenção é chegar entre os 10 e 15 primeiros. Mas é difícil, porque eles são profissionais", afirmou.


O recurso arrecadado na campanha será destinado para a construção do jardim sensorial da APAE de Mongaguá. Para entender melhor a ação e fazer uma contribuição com a APAE, basta acessar este link.


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