A zagueira Kathellen Sousa, nascida em Santos e criada em São Vicente e Cubatão, é uma das 34 jogadoras escolhidas pelo técnico Vadão para compor a primeira lista convocatória do ano para a seleção brasileira feminina. Em entrevista a A Tribuna On-Line, a atleta que defende o Girondins de Bordeaux-FRA desde o início de 2018 comentou a convocação e a expectativa em ter a chance de poder disputar a Copa do Mundo.
“Estou muito feliz de ter sido chamada. É uma ótima maneira de começar o ano na minha carreira e também é uma esperança de estar na Copa do Mundo”, falou a zagueira, que nem sempre jogou nessa posição. Até o fim de 2017, Kathellen era meio-campista, e, inclusive, é atacante de origem.
De junho do ano passado para cá, a atleta foi convocada em cinco ocasiões para representar o Brasil. Na segunda delas, ela disputou o Torneio das Nações, realizado nos Estados Unidos e que contou com a participação de Japão e Austrália, além do time da casa. Desta vez, a convocação é para um período de testes físicos e treinamentos que visam a Copa do Mundo de 2019.
“Acho que eu sonho com isso (jogar a Copa) todos os dias, acordada e dormindo. Eu não sei nem o que pensar e sentir quando vem Copa do Mundo à minha cabeça, porque defender sua nação no torneio é o sonho de todos os jogadores de futebol”, falou a santista de 22 anos. A competição será disputada entre os dias 7 de junho e 7 de julho e o Brasil está no Grupo C, junto com Austrália, Itália e Jamaica.
Preparação para a Copa
Nunca em sua história o Brasil venceu uma Copa do Mundo feminina. Embora o país conte com a melhor jogadora do mundo por seis vezes, Marta, e outras atletas de qualidade, o máximo que as brasileiras conseguiram foi o vice-campeonato na edição de 2007, depois de perderem por 2 a 0 para a Alemanha.
“O Brasil tem muito a desenvolver até a Copa deste ano. É complicado, porque o calendário das jogadoras brasileiras é muito variado. Mas nós temos um grande potencial e jogadoras muito boas. Por isso, essas convocatórias de treinamento e jogos até a Copa serão fundamentais para o preparatório da seleção”, opinou Kathellen, que nunca jogou por um clube brasileiro. “Talvez futuramente eu pense em jogar no Brasil, mas por agora me sinto bem jogando na Europa e penso em jogar na liga americana também”.
Carreira internacional
A santista deixou o país bem jovem, logo após ter concluído o ensino médio em um colégio de São Vicente. Como o interesse e a paixão pelo futebol vêm de berço, já que sua mãe era goleira e jogava bola na rua com ela, a zagueiro foi perseguir o sonho de jogar e se profissionalizar nos Estados Unidos depois de ter conseguido uma bolsa esportiva.
Quando ainda morava no Brasil, o futsal acabou sendo mais presente em sua vida do que o futebol. “Naquele tempo, era muito difícil o futebol de campo para mulheres na Baixada. Cheguei a jogar na escolinha do Santos quando era menor, mas o time feminino deles acabou sendo extinto na época, então não tínhamos aquela base de equipe grande na região e o futsal era o melhor caminho a seguir. Ganhei uma bolsa escolar para disputar a Copa TV Tribuna da modalidade por uma escola de São Vicente e nós ganhávamos sempre”, contou.
Nos Estados Unidos, ela foi introduzida ao futebol feminino universitário, que tem uma grande tradição no país. Passou por três universidades, onde estudou administração e praticava futebol: Monroe College, em Nova Iorque, Universidade de Louisville, no Kentucky, e Universidade da Flórida Central.
“A estrutura das universidades de lá é melhor que a de muitos clubes profissionais no Brasil. Centro de treinamento, suporte nutricional e psicológico... É diferenciado”, constatou. Foi em seu último ano estudando na Flórida que ela foi descoberta pelo Bordeaux e assinou seu primeiro contrato com um clube.
Conselho para as mais jovens
Muitas garotas, assim como Kathellen quando era mais jovem, sonham em ser jogadoras profissionais. “Para jogar futebol profissionalmente, você tem que ter foco e disciplina e querer todo dia melhorar. Então, se esse é seu objetivo, não deixe ninguém dizer o que você pode ou não fazer. Vá com tudo e faça. Acredite em você mesma e não desista”, aconselhou.