Rosecler Costa, a Ironmãe, vibra com prata em desafio de 1500 km de bike nos EUA

A santista, que era a única brasileira da prova, concluiu o percurso em três dias, 15 horas e um minuto

Por: De A Tribuna On-line  -  26/06/19  -  15:59
  Foto: Arquivo pessoal/Rosencler Costa

Conhecida como Ironmãe, a ultraciclista Rosecler Costa é medalha de prata na categoria feminina do Race Across the West (RAW), prova de 1500 km por estradas dos Estados Unidos. A conquista veio após um percurso em que enfrentou temperaturas 2,5 graus a 53 graus, altitudes de 3300 metros e até um trecho com queimadas. Ironmãe concluiu o desafio em três dias, 15 horas e um minuto.


A santista diz que todas as suas metas foram alcançadas nesta prova. "Em uma prova como esta você pensa em uma única coisa: terminar. Terminar dentro do tempo, então, é maravilhoso. Terminar em segundo lugar é mais maravilhoso ainda", afirmou. Cerca de 200 atletas, entre homens e mulheres participaram da competição.


Para a atleta, durante o percurso, quepassa pela Califórnia, Arizona, Utah e Colorado, os competidores têm que lidar commuitas adversidades. "Para terem uma ideia, o câmbio da minha bicicleta quebrou com 31 horas de prova e nós ficamos mais de seis horas parados para poder resolver o problema. De duas bicicletas, acabamos tendo que realizar a prova em apenas uma", contou.


Outros desafios foram as temperaturas extremas e o sono. Para não perder tempo e completar a prova no prazo limite (três dias e 20 horas), Rosecler disse que dormia cerca de uma hora em cada parada que faziam: "Eu dormia uma hora, às vezes meia horinha, uma hora e meia, de acordo com o lugar onde estávamos. Teve um momento, por exemplo, que nós estávamos no deserto, com 53 graus, baixíssima umidade e muito vento, então resolvemos descansar um pouco mais, porque a adversidade ali era muito grande".


  Foto: Arquivo pessoal/Rosencler Costa

Além de temperaturas bastante elevadas, a Ironmãe também teve que passar por temperaturas mínimas em estradas montanhosas e altitude de até 3300 metros. "Teve um trecho que eu peguei 2,5 graus, quase congelei, achei que ia morrer. Passamos também por floresta com queimada. Na altitude já ficamos sem oxigênio, a respiração não estava tão boa, tão favorável, e com a queimada tudo ficou ainda muito pior".


Sobre a alimentação, Rose conta que existiamtimes stationscom paradas obrigatórias e que fazia praticamente umas duas pausas. Ela confessa que chegou a cogitar desistir, na altura dos 1200 km de prova, quando passou pelo deserto que cruzava o Arizona e entrava em Utah.


"Vários membros da equipe já estavam exaustos e eu também já estava meio desfigurada. Meu marido, Marcelo, olhou nos meus olhos e falou: 'o que você decidir vamos acatar, a decisão que você tomar, para gente está tomada. Você que decide, mas achamos que você não tem mais condições de terminar a prova", contou. Naquele momento, a atleta decidiu parar, mas logo em seguida refletiu e optou por não desistir.


Rose então reuniu a equipe, pararam em um posto e foram todos para o McDonald's. "Perguntei se eles estavam preparados, física e psicologicamente para terminar a prova. Todos foram categóricos dizendo que o que eu decidisse, estava decidido. Resolvi, então, que nós íamos terminar a prova".


Com a equipe revigorada, a Ironmãe pedalou os últimos 300 km quase que em uma ‘tocada só’. Do último lugar a atleta passou para a segunda colocação. " Foi neste momento que eu comecei a passar as meninas.Então saímos, literalmente, do fundo do poço e com garra, persistência e fé em Deus, deu no que deu”.


Agora, a atleta pensa nos próximos desafios. Ela diz queno segundo semestre de 2019 vai dar uma pausa de provas longas, e vai participar apenas de provas menores e mais curtas e não tão insanas (segundo ela). “Meu maior objetivo para os próximos meses é tentar incentivar, principalmente entre as mulheres, a prática do triathlon. Na minha Região alguns eventos já proporcionam isso e vou entrar nesta campanha. Quero muito levar as pessoas para o triathlon, para o esporte”.


O Race Across the West (RAW) teve início em 2008, visando oferecer uma corrida de mais de 800 km e ajudar a preencher a lacuna de quilometragem com a RAAM. Desde então, evoluiu para uma competição épica por si só. É o segundo maior qualificador RAAM nos EUA e atrai ciclistas de todo o mundo.


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