Inspiração nos microfones: narradores e amigos lamentam morte de Edson Callegares

Um dos maiores locutores esportivos da Baixada Santista morreu, nesta sexta-feira (26), vítima de Covid-19

Por: Daniel Gois  -  26/03/21  -  21:50
Odinei Ribeiro (esquerda), ao lado de Guido Bortolomasi (centro) e Edson Callegares (direita)
Odinei Ribeiro (esquerda), ao lado de Guido Bortolomasi (centro) e Edson Callegares (direita)   Foto: Arquivo pessoal/Odinei Ribeiro

Não apenas um dos grandes narradores do futebol brasileiro, mas também uma pessoa especial, que revelou grandes nomes e que irá deixar saudades na crônica esportiva. A morte de Edson Callegares, vítima de Covid-19, provocou uma lacuna ainda maior no jornalismo esportivo da Baixada Santista, que já havia perdido Armando Gomes em 2020.


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Narrador do Grupo Globo e dos Canais Premiere, Odinei Ribeiro relembra o fato de Edson Callegares ter dado sua primeira oportunidade na televisão, como repórter. Ele lamenta não só a morte do amigo, mas também o que define como "dias sombrios".


"O Edson Callegares era um dos grandes narradores do rádio brasileiro. Virei amigo do Edson assim que cheguei em Santos, no início dos anos 90. Foi a primeira pessoa que me deu oportunidade na televisão. Trabalhei com ele em 1998 e 1999. Meu carinho e respeito por ele são enormes. Mais um amigo que a gente perde", disse Odinei.


  Foto: Arquivo Pessoal

Luis Roberto de Mucio, jornalista e narrador dos canais Globo, enviou para ATribuna.com.br o texto abaixo:


Que tristeza! Muito antes da hora. Tinha muito pela frente!


Conheci o Édson no início dos anos 80. Eu trabalhava na rádio Cultura de Santos, e ele na rádio Cacique. Nossa relação mais próxima foi quando o Valter Dias fundou a Acesan (Associação dos Cronistas Esportivos de Santos).


Viajamos todos num ônibus fretado pela associação. O Édson e seu irmão, o Guido, sempre foram caras corretos e bacanas. Guido repórter e o Édson, narrador.


Ele construiu uma belíssima carreira no rádio de Santos. Muito talentoso, um narrador dos bons. Nos encontrávamos nos estádios. Não fomos grandes amigos, mas éramos bons colegas de profissão. Boas histórias. Bons tempos. Édson está na galeria dos grandes do rádio santista.


Deixa um legado de correção no trato das coisas do Santos, do esporte da baixada, e na própria cidade de Santos. Com seu talento, sempre engrandeceu a narração, e nos últimos anos foi além. Sabedor da sua importância, soube como tratar a profissão com dignidade e correção, e passou a ser referência e inspiração pra todos nós, especialmente para os mais jovens. Estará na história de Santos e em nossos corações.


Cabines


Por quase três décadas, Paulo Alberto dividiu cabines de transmissão e ônibus de viagens com Edson Callegares. O primeiro contato dos dois foi em 1993. O último abraço, em março de 2020.


"Tínhamos um relacionamento extremamente positivo. Ele tinha um respeito por mim muito grande. Está fazendo um ano que nos abraçamos. Em qualquer estádio que fossemos, eu desejava boa transmissão. Sempre tive respeito pelo Edson. Era um cara calmo, tranquilo, e um baita narrador", afirma Paulo Alberto, da Rádio Guarujá.


De 2008 a 2011, Fúlvio Feola esteve ao lado de Edson Callegares nas transmissões de partidas do Santos. Hoje repórter de ATribuna.com.br, ele recorda parte dessa jornada ao lado do narrador.


"Pra mim foi um motivo de muito orgulho ter trabalhado com o Edson Callegares. Era uma pessoa muito amorosa e especial. Foi um dos melhores narradores que eu já ouvi na minha vida. Narrava sempre em cima. É muito triste ver um amigo e uma pessoa tão competente partindo tão cedo", lamentou Fúlvio.


Edson Callegares à esquerda, ao lado de Nelsinho Filho (centro) e Paulo Alberto, à direita
Edson Callegares à esquerda, ao lado de Nelsinho Filho (centro) e Paulo Alberto, à direita   Foto: Arquivo pessoal/Paulo Alberto

Da infância até a carreira profissional, Edson Callegares esteve presente na jornada do narrador esportivo e editor de ATribuna.com.br, Antonio Marcos, sendo um dos responsáveis por despertar sua paixão pela narração esportiva.


"Cresci ouvindo a equipe Show de Bola comandada por esse talento gigantesco de nome Edson Callegares. Tive a oportunidade de dizer para o Edson que ele foi um dos responsáveis pela minha paixão por narração esportiva. Dicção perfeita, em cima do lance, e com uma emoção que poucos conseguem transmitir. Você inspirou uma geração inteira", escreveu Antonio nas redes sociais.


Outro nome que acompanhou a trajetória de Edson Callegares é Paulo Soares, o Amigão. O jornalista e apresentador dos canais ESPN relembrou o início de sua trajetória ao lado do narrador na Baixada Santista, quando estavam nas rádios Cacique e Guarujá.


"Dia triste, de muita dor. Me lembro do início de nossas carreiras, como se fosse hoje. Eu narrava, e o Edson era o plantão esportivo. Ele já impressionava pela voz maravilhosa, marcante e, acima de tudo, pela qualidade da informação. Como poucos, o Edson transbordava carisma. A Baixada perdeu uma das vozes mais importantes de sua história", declarou o jornalista Paulo Soares, o Amigão, para a TV Tribuna.


Morte


Edson Callegares morreu nesta sexta-feira (26), aos 62 anos, vítima de Covid-19. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Ana Costa, em Santos. O narrador deixa esposa e duas filhas


Atualmente, Edson Callegares comandava o programa Baixada Esporte, na TV Santa Cecília. Criador do bordão "Sabe de quem?", ganhou destaque ao comandar a equipe Show de Bola, na Rádio Cultura, e nas transmissões de jogos do Santos.


O Peixe também lamentou a morte de Edson Callegares nas redes sociais, relembrando a narração do gol de Neymar na final da Libertadores de 2011, quando o Santos conquistou o tricampeonato ao vencer o Peñarol-URU, por 2 a 1.


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