Em Hong Kong, preparador diz que informações do coronavírus chegam distorcidas no Brasil

Ricardo Navarro, que treina goleiros na região administrativa especial da China, afirmou que, na sua opinião, a epidemia é alarmante, mas controlável

Por: Nathalia Perez  -  05/02/20  -  11:23
  Foto: Reprodução/Instagram

O coronavírus é o assunto do momento. Na China, passa de 420 o número de mortos por conta da doença respiratória causada pelo vírus. Mais de 20 países confirmaram casos de infecção pelo 2019 n-CoV, o que deixa o mundo inteiro em alerta. O último lugar a registrar óbito pela epidemia foi Hong Kong, região administrativa especial chinesa onde reside uma grande parte de imigrantes brasileiros na Ásia. Ricardo Navarro é um deles.


Preparador de goleiros do Eastern Long Lions, time da primeira divisão do campeonato local, ele diz estar com medo da situação causada pelo alastramento do coronavírus, mas não acha que ela tenha a dimensão que está sendo atribuída. Com passagens pela Portuguesa Santista, Jabaquara e Real Cubatense, além da seleção brasileira feminina e sub-17 do Corinthians da mesma modalidade, Navarro considera a epidemia "controlável".


"Lógico que a situação é alarmante, mas acho que as coisas que chegam no Brasil, chegam um pouco distorcidas. Estamos treinando normalmente e os campeonatos continuam acontecendo até maio. Teve uma paralisação, mas decidiram numa reunião que vai continuar. Só que os jogos serão sem torcida e nos centros de treinamento dos clubes", disse ele em conversa com ATribuna.com.br.


Navarro chegou a Hong Kong no final de 2019. Ele conta que vive em um prédio de apartamentos com serviços de hotelaria em uma boa localidade da área de North Point, que fica a cerca de 1000 km da cidade de Wuhan, epicentro do surto. Toda vez que chega ao apart-hotel, ele passa por um laser que mede sua temperatura corporal e controla a possibilidade de pessoas com sintomas do vírus entrarem no edifício.


"Uso máscara todos os dias ao sair de casa, menos nos treinos. Só que está ficando uma loucura, porque as máscaras estão em falta em muitos lugares e os preços aumentaram muito. Se antes custavam 5 dólares, por exemplo, agora custam 20", comentou.


O profissional do futebol também demonstrou preocupação em relação a um eventual fechamento do aeroporto mais próximo de onde está, o Aeroporto Internacional de Hong Kong, já que muitos outros dentro do território chinês não estão em funcionamento.


Para prevenir a doença causada pelo vírus, ele foi orientado a, além de utilizar a máscara cirúrgica, andar sempre com álcool gel e passá-lo nas mãos, evitar contato físico com outras pessoas, como apertos de mão e abraços, e ingerir bastante água. "Entre os chineses, eles estão usando até luvas para apertar as mãos", expõe o preparador de goleiros.


Coronavírus


É desconhecida, ainda, a origem do novo coronavírus, que já matou 492 pessoas. Apesar da velocidade de sua proliferação, o vírus mata menos do que os da Síndrome respiratória aguda grave (SARS), que também causou um surto na China entre 2002 e 2003, e o H1N1, da gripe suína, que fez mais de 2 mil vítimas no Brasil.


Ultrapassa de 20 mil o número de casos de infectados pelo coronavírus no mundo inteiro. Além de Hong Kong, Filipinas foi o outro local que teve um registro fatal de paciente infectado. No Brasil, embora haja 13 casos suspeitos, conforme dados do Ministério da Saúde, não há confirmação de pessoas acometidas pela epidemia.


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