O surto do novo coronavírus vem provocando mudanças na rotina das pessoas. A população tem evitado aglomerações para ficar o máximo de tempo possível em casa. Os amantes dos exercícios físicos coletivos são um dos afetados pelas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) de prevenção à Covid-19. Com o fechamento temporário de academias e outros locais que promovem a prática esportiva, a aposta de alguns lugares vem sendo os treinos online. É o caso dos boxes de CrossFit da Baixada Santista.
Na 4T CrossFit, que tem unidades em São Vicente e em Praia Grande, muitos alunos deixaram de frequentar o local para se prevenir da doença causada pelo vírus e desestimular a proliferação antes mesmo das atividades terem sido encerradas por determinação das prefeituras da região, anunciada nesta quinta-feira (19). Head coach da 4T, André Scoppetta conta, em conversa com ATribuna.com.br, que a alternativa à baixa no movimento e para garantir a segurança e saúde dos frequentadores foi disponibilizar opções de treino por um aplicativo.
"O surto obrigou a gente a fechar o box por consciência. Estamos oferecendo, desde segunda-feira (16), um serviço de aulas online. Estamos fazendo um processo de migração para a galera se adaptar a elas. A gente está tentando motivar a galera a não parar de treinar. Neste momento, o treinamento físico vai ajudar a manter uma imunidade boa, a combater possíveis fatores vindo dessa paralisação, como a depressão", diz ele.
Nessas aulas remotas, os treinos são simplificados e acompanhados pelos professores por meio de grupos de WhatsApp, como explica Scoppetta. Para ele, é importante que não sejam passados exercícios com um grau elevado de dificuldade nos movimentos e nem complexos, já que não terá uma supervisão presencial para alertar o aluno caso ele extrapole ou faça algo errado. "Pedimos para os alunos filmarem para a gente, postarem, para acompanharmos", revela o instrutor.
Outro box que tem passado treinos pela internet é o Dark Wolf, que fica localizado em Santos. Os coaches da casa estão publicando vídeos no Instagram com tutoriais ensinando como fazer cada movimento. "Todas as publicações tem a descrição certinha e explicando tudo certinho. Tem adaptações para quem não consegue fazer o mais difícil. Até quem não faz CrossFit consegue fazer", comenta a professora Carolina Martinez.
Segundo ela, todos os alunos estão sendo compreensivos com as providências tomadas, já que são para o bem de todos. "Todos estão tranquilos e cansando demais em casa. Esta é a proposta: mostrar que dá para fazer em casa e cansar. Está dando super certo. Todo mundo está consciente do que está acontecendo. Um está aqui para ajudar o outro a fazer essa quarentena passar mais rápido".
Enquanto a população, as autoridades de saúde e os governos se esforçam para frear o contágio do coronavírus, os donos de boxes de CrossFit aguardam que tudo retorne à normalidade. Assim como proprietários de comércios de outros segmentos, existe uma preocupação com a inevitável diminuição no fluxo e a perda de clientela, além do faturamento.
"Ficar 15 dias com o box fechado, a gente consegue. Mas a previsão indica um maior tempo. Não temos uma data para reabrir as aulas presenciais. A gente depende que os alunos continuem pagando a mensalidade. Até agora, a gente teve uma baixa já. Vários alunos cancelaram", lamenta Scoppetta.
"A nossa realidade para os próximos meses, dependendo de como for, é bem severa. Tenho contato com outros donos de boxes de CrossFit e estamos todos apreensivos. Como conseguir manter o negócio online? Não é tão simples. Tendo que manter professores, manter impostos, alugueis. Vamos tentar negociar para poder reabrir assim que possível", finaliza.