Bicampeã mundial no muay thai, Tainara Lisboa sonha com vaga no UFC

Santista traçou um novo desafio para sua carreira: se dedicar ao MMA e chegar ao topo da maior franquia do mundo

Por: Régis Querino & Da Redação &  -  29/11/19  -  13:57
Atualizado em 29/11/19 - 13:59
Tainara Lisboa tem enfrentado uma dura rotina de treinos
Tainara Lisboa tem enfrentado uma dura rotina de treinos   Foto: Silvio Luiz/AT

"Você é tão bonita, vai fazer outra coisa". Na adolescência, a santista Tainara Lisboa cansou de ouvir frases como essa, mas não adiantou. O destino da garota já estava traçado e era em cima do ringue, lutando muay thai. Esporte que ela começou a praticar quando tinha 13 anos, "para ficar mais calma", diz.


"Com 16 anos, eu já sabia que era isso que eu queria. As pessoas não acreditavam que aquilo poderia dar certo", conta Tainara. E como deu. Hoje, aos 28 anos, ela é a única brasileira bicampeã mundial de muay thai.


Em 2014, Tainara conquistou o cinturão da World Professional Muay Thai Federation (WPMF) e em 2016, o da World Woman Boxing Association (WWBA). "Títulos conquistados na Tailândia, contra tailandesas!", frisa a lutadora, sobre as rivais nascidas no berço do esporte.


Realizada no muay thai, Tainara traçou um novo desafio para a sua carreira: dedicar-se ao MMA e chegar ao topo do UFC. "O mercado de MMA tem mais oportunidade, tanto pra lutas, como financeiramente", comenta.


Em setembro passado, na volta ao octógono, a santista derrotou Mara Suzamaque por nocaute técnico, em um evento em São Paulo. Atualmente, vive a expectativa de lutar em dezembro, mas aguarda a confirmação de um combate em São Paulo.


Pegando pesado


Para entrar forte no circuito, Tainara Lisboa tem enfrentado uma dura rotina de treinos. Que inclui muay thai com Luiz Rico, MMA com Paulinho Petty, jiu jitsu com Raul Falconi, wresting com Mayara Graciano, judô com Anderson Bidi, e preparação física com Erick Viola.


"Venho trabalhando pra melhorar todas as outras artes pra ficar o mais completa possível e chegar fora do País fazendo frente", justificaTainara, que só tem folga aos domingos. "Gosto de assistir séries, ficar em casa, descansar, fazer vários nadas (risos)".


Além de enfrentar a carga pesada dos treinamentos, a lutadora trabalha nos bastidores para entrar no circuito internacional. "Fechamos contrato com um promotor que agencia atletas, da Carolina do Norte (EUA). Em 2020, ele começa a cuidar da minha carreira fora do País".


Com o apoio da família e do namorado, Tainara quer repetir o sucesso do muay thai no MMA. "Lembro que quando eu comecei no muay thai, dizia que queria conquistar um mundial. Agora o ápice é o cinturão do UFC", projeta a lutadora, patrocinada pelo Iridium Lab.


Lutadora lamenta visão distorcida


Desde cedo, Tainara teve que lidar com o preconceito em relação à prática dos esportes de luta. O cenário já não é o mesmo de anos atrás, mas ela ainda se incomoda ao ver como algumas pessoas enxergam as mulheres no ringue.


"Quando a gente é mulher, parece que tem que provar sempre a nossa competência", reclama a lutadora, que fora dos combates nunca teve que usar os seus conhecimentos em artes marciais.


"Nunca levantei a mão pra ninguém, tenho pavor de briga. Nem recomendo, porque hoje em dia está muito perigoso, pessoas andam armadas. A arte marcial te dá mais consciência e sabedoria, autocontrole. Você sabe da sua capacidade de machucar o outro de verdade, mas extravasa dentro do tatame, não na rua".


Referências


Fã de Amanda Nunes, José Aldo, Anderson Silva e Ronda Rousey, Tainara ressalta a força de ser brasileira, que encara qualquer desafio para chegar ao topo, como as constantes lesões.


"Sempre fui muito confiante. Quando rompi o ligamento do joelho pela segunda vez, uma lesão séria que levou muitos meses pra ser tratada, o coração ficou apertado, mas é só por um momento, Faço por amor, pra ser atleta precisa de paixão".


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