Atletas do game perseguem sonho de ganhar dinheiro jogando

Os santistas Lucas, Arthur, Breno e Rafael tentam se profissionalizar no League of Legends

Por: Régis Querino & Da Redação &  -  01/07/19  -  15:11
  Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Foi-se o tempo em que jogar um game era somente diversão. Como desenvolvimento do mundo virtual, os esportes eletrônicos ganham cada vez mais espaço e o que era um passatempo virou profissão. Fazer parte de um time, disputar os principais campeonatos e viver do jogo é a meta de muitos desses aficionados. Como os santistas Lucas, Arthur, Breno e Rafael.


Ou Kuqze, Tutsz, Winter e Carryy, como eles são, respectivamente, conhecidos no League of Legends, jogo de estratégia que virou febre entre crianças, adolescentes e adultos de todo o mundo. Bem ranqueados no servidor brasileiro do game, eles querem viver do esporte eletrônico.


A dedicação é tamanha que o estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Rafael Dantas, de 19 anos, largou até o estágio que fazia em uma empresa. "Vi que não era tudo aquilo que pensei, me frustrei", conta ele, que fez um acordo com os pais.


"Comecei a melhorar no jogo e ver que podia dar futuro. Conversei com os meus pais e se até o meio do ano que vem não conseguir nada de relevante (no jogo), volto pra área de TI e sigo carreira", revela.


Depois de terminar o Ensino Médio, Lucas Vieira da Silva, 19, dedica-se exclusivamente ao game, em que chegou a ser o 17º no ranking nacional (hoje ele é o 272º). Assim como Rafael, ele também ganhou um prazo dos pais para mostrar que investir no jogo pode render frutos. Tem até o final do ano para provar isso.


São 13 horas diárias de League of Legends, geralmente com descanso aos finais de semana. "Estou tentando fazer peneira da CNB. A peneira dá a oportunidade de entrar na Série C. Se destacando lá, você entra pro time A", diz ele, sobre testes que está fazendo para tentar uma vaga em uma equipe de São Paulo.


A meta é virar profissional


Breno Giovanni Olintho, 17, joga League of Legends desde os 10 anos. Cursando o último ano do Ensino Médio, ele costuma passar cerca de seis horas por dia jogando. Nas férias, esse número de horas vai, no mínimo, dobrar. Com o apoio da família, ele quer virar jogador profissional.


"Estou fazendo teste pra entrar em uma equipe. Já fui top 50 no ano passado, hoje estou no top 300. Acho que tô no caminho certo, tenho certeza que consigo chegar",aposta.


Mais novo dos quatro jogadores, Arthur Peixoto Machado, 16, que já foi 20º do ranking brasileiro e hoje é top 120, também procura se encaixar em uma equipe profissional. Para isso tem que esperar pelo menos até 16 de dezembro, quando completa 17 anos, idade mínima para assinar um contrato.


Enquanto isso, joga, quando possível, 10 horas por dia e cursa o terceiro ano do Ensino Médio. "Já conversei muito com o meu coach (treinador), já passei alguns finais de semana em game houses. É isso que eu quero", afirma, referindo-se às casas onde residem os jogadores de um time profissional.


"Foi o tempo em que jogo eletrônico era associado à imagem do nerd, de boné e espinhas na cara. Os times profissionais têmestafe,psicólogo,analistas, personal trainer. O meusonhoé trabalharnuma game house", diz Rafael, resumindo o objetivo dessa turma.


Sacrifício e dedicação são os mesmos


Dedicar-se a um esporte eletrônico exige os mesmos sacrifícios a que se submete um atleta de uma modalidade tradicional. É o que garantem os jogadores do League of Legends, que têm que estar mentalmente e fisicamente preparados para enfrentar longas horas à frente do computador, jogando ou estudando os adversários.


"Somos atletas, porque tem a pressão dos torcedores, dos familiares, da namorada. Como um atleta convencional, numa corrida, num campo, trabalhamos num esporte que é cinco contra cinco", pondera Rafael, que já foi jogador federado de handebol.


Se para o atleta que milita nos esportes de campo, quadra ou em ambientes aquáticos ultrapassar os 30 anos significa entrar na reta final da carreira, para os jogadores do mundo virtual ter 20 anos é estar quase que passando do ponto.


"Pra essa profissão eu já estou ficando velho. É comum as equipes investirem em jogadores de 16, 17 anos. Vão lapidando para eles estarem prontos, formados com 19. Perdi um pouco de tempo", reconhece Rafael, 19.


Mais reflexos


Segundo Arthur, para ser um jogador top de League of Legends, ter raciocínio rápido é fundamental. "Tem que se adaptar a situações que você não espera e, no geral, pensar à frente do que o adversário vai fazer".


É aí que a juventude leva vantagem. "Jogadores mais novos costumam ter mais reflexos, às vezes você consegue fazer uma jogada mecanicamente, ter mais agilidade",aponta Arthur.


"Tem que ter muita dedicação. Eu literalmente só jogo, como e durmo. E tomo banho, obviamente", enfatiza Lucas, sobre o segredo para se destacar no mundo dos games.


A confiança em se dar bem na carreira é tanta que ele fala com convicção sobre o seu futuro. “Pra falar a verdade, não tenho um plano B, porque almejo meu (plano) A mais do que tudo", crava.


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