Ana Marcela celebra físico 'impecável' e espera repetir ano fora da curva em 2020

Nadadora da Unisanta teve temporada recheada de triunfos e disputará o ouro na maratona aquática nos Jogos Olímpicos de Tóquio

Por: Nathalia Perez & De A Tribuna On-line &  -  28/12/19  -  13:52
Ana Marcela Cunha nadará pelo ouro nos 10 km em Tóquio-2020
Ana Marcela Cunha nadará pelo ouro nos 10 km em Tóquio-2020   Foto: Ivan Storti/Divulgação Unisanta

Ana Marcela Cunha nunca carregou tantas medalhas douradas como neste ano, o melhor de sua carreira na maratona aquática. A nadadora da Unisanta descreve seu 2019 como "diferenciado" e "fora da curva". Depois de brilhar no Mundial de Gwangju em três provas diferentes, além de ter vencido etapas da Copa do Mundo ao redor do planeta, o foco agora é todo na disputa dos Jogos Olímpicos do ano que vem, no Japão.


Em conversa com A Tribuna On-line, a atleta contou como será sua programação em águas abertas no próximo semestre e como está sendo sua preparação para a Tóquio-2020, onde competirá pelo ouro nos 10 km. Ana Marcela também comentou sobre o fato de nunca ter se lesionado e manter um físico "impecável".


Confira a entrevista completa com a nadadora:


A Tribuna On-line: Como você descreve seu 2019?


Ana Marcela: 2019 foi um ano diferenciado. Um ano que a gente conquistou quase tudo que a gente planejou e imaginou. Etapas de Copa do Mundo, foram sete etapas. Cinco primeiros lugares e duas pratas. A gente teve o Mundial, ouro no 5 e 25 km e vaga olímpica nos 10. Nos Jogos Pan-Americanos, fui medalha de ouro. Tive também o Mundial Militar. Foi um ano fora da curva, em que conseguimos ter resultados e manter a alta performance o ano inteiro, sem cair, sem nada. Foi um ano muito bom. Treinamos muito para isso".


AT: Como foi sua preparação para esta temporada de tantas conquistas?


AM: No começo do ano, já fui fazer um treinamento em altitude, para melhorar a resistência. Depois, foi a sequência de competições. Aí, foram treinos até o Mundial e mais essa sequência até terminar o ano. No fim do ano, ainda nadei mais duas etapas do Campeonato Brasileiro de Maratonas Aquáticas, 5 e 10 km. Venci as duas. Ainda nadei uma prova em Manaus, que foi em um local quente, úmido, que é o que a gente vai encontrar em Tóquio. O Brasileiro foi opcional. Era a última prova, pra gente não ficar muito tempo sem competir. Foi na Bahia, onde eu nasci. Então, eu pude rever meus parentes, meus avós, e é o que me dá mais força ainda para voltar para poder treinar e focar para ano que vem.


AT: Apesar das tantas vitórias, você teve dificuldades este ano?


AM: No geral, não tive dificuldades este ano. Eu tava bem preparada pras provas. Mas acho que a etapa de Doha foi muito forte. Tava todo mundo começando o ano, começando um ano que era seletiva olímpica no Mundial. As etapas de Copa do Mundo preparam um pouco para o Mundial. Então, desde o começo do ano, eu já tava nadando super bem. Acho que o Campeonato Mundial, a prova de 10 km, foi muito fora da curva. O tempo de prova, como o pessoal nadou. Foi uma prova como a gente não tava vendo há algum tempo. Por ter sido seletiva olímpica, deixou a prova mais intensa e mais forte, acredito eu. Se bobear, foi uma seletiva olímpica mais forte que a Olimpíada.


AT: Como será ano que vem? Qual é a programação até os Jogos Olímpicos?


AM: Para o ano que vem, a gente começa dia 15 de fevereiro. Temos uma etapa da Copa do Mundo, que vai ser em Doha. Em seguida, subo para fazer um treinamento em altitude, fazendo o inverso deste começo de ano, que fomos primeiro para altitude e depois competiu. Essa altitude é justamente visando as Olimpíadas. É um treinamento diferenciado. Depois, tenho mais uma etapa do campeonato francês, o americano, devo nadar mais uma etapa de Copa do Mundo e, aí, temos mais um treinamento em altitude. Para esse, eu já vou de bagagem feita, porque, de lá, eu vou direto para o Japão.


AT: Você já conhece o local onde será a disputa em águas abertas na Tóquio-2020?


AM: Eles ainda estão vendo onde vai ser a maratona. Como está muito quente, subindo muito as temperaturas, eles estão vendo se vai ser lá mesmo. Eu já tive no Japão para competir e para um período de aclimatação, para o Mundial da Coreia. A gente já sabe a cidade que a gente vai ficar para aclimatação, já vimos o local. Vamos ficar em um hotel lá que o COB fechou, inteiro, para a gente. Vai ter tudo lá. Vai ser tudo de ponta. O local em que vamos treinar é uma escola-universidade. Tem tudo lá, a parte da musculação, tudo de primeira linha. Tá tudo meio pronto, e isso traz mais tranquilidade para a gente.


AT: Você já teve algum problema de lesão?


AM: Nunca tive nenhum problema de lesão. Nunca senti dor, graças a Deus. Isso é uma das coisas que eu dou muito valor, porque talvez eu seja uma das poucas que não tenha passado nada desse tipo. No fim de 2016, eu retirei o baço, tive uma doença autoimune. Mas hoje, graças a Deus, tá tudo curado. Não tenho mais nada. Tudo 100%.


AT: Você foi eleita a melhor atleta do ano nas águas abertas pela SwimSwam e Swimming World, dois veículos especializados em natação e referências no mundo. Como se sente em relação a isso?


AM: Nunca pensei chegar no nivel que eu cheguei e conquistar tudo que eu to conquistando. É fácil eu chegar lá, nadar, conquistar alguma coisa. Mas ter sido eleita é algo que não depende só de você. Depende de como o jornalista te vê, o que ele acha dos outros, a opinião. A gente sabe que são veículos americanos, então o lado americano sempre tem um pouco mais de valor para eles. Eles valorizam muito aquilo que eles têm em casa. Então, é um diferencial. Poder ser uma imigrante, digamos assim, para eles, é algo diferente. Fiquei muito feliz. É uma retribuição. Uma das poucas conquistas que não dependem só da gente. É muito importante para o meu currículo e minha vida em si.


AT: Qual é a meta para 2020?


AM: Nosso maior objetivo é uma medalha em Tóquio. Medalha de ouro, porque não tem outra coisa para pensar. Mas, com todo respeito, a gente tem muito para trabalhar. Sei da qualidade das minhas adversárias, sei das minhas qualidades. Agora, a gente vai ver o que podemos fazer para melhorar mais um pouco. Cabeça e tranquilidade ao mesmo tempo para dar tudo certo".


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