Tanah Corrêa é o 14º candidato a prefeito de Santos entrevistado por A Tribuna

O diretor de teatro defende a necessidade da Prefeitura ter um olhar mais atento às demandas da população e que estão sem soluções há anos

Por: Da Redação  -  29/10/20  -  10:24
Tanah Corrêa é o 14º candidato a prefeito de Santos entrevistado por A Tribuna
Tanah Corrêa é o 14º candidato a prefeito de Santos entrevistado por A Tribuna   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Tanah Corrêa (Cidadania) é o 14º candidato a prefeito de Santos entrevistado por A Tribuna. 
O diretor de teatro defende a necessidade da Prefeitura ter um olhar mais atento às demandas da população e que estão sem soluções há anos. Tanah fala em criar a Secretaria Municipal da Mulher e destaca que é preciso valorizar os artistas locais. Caso eleito, o candidato assumiu o compromisso de 
criar um grupo de trabalho para mudar as carreiras e valorizar os servidores municipais.


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Se o senhor for eleito, qual será a prioridade do mandato?


Quero mostrar que é possível você direcionar a Prefeitura com compromissos corretos e nosso objetivo é tratar o ser humano acima de tudo. Não adianta ter uma ponte maravilhosa e iluminada com pessoas morando embaixo dela e que perderam o pouco que tinham por causa de uma enchente. Nossa prioridade é resolver o que está errado e fazer o que deveria ter sido feito. Estamos há mais de 40 anos discutindo os alagamentos da Zona Noroeste, mas ninguém os resolve. O mesmo ocorre com a Vila Gilda, nos bairros e nos morros. Não podemos aceitar a falta de saneamento em uma cidade como Santos. A área cultural pode ajudar no desenvolvimento da cidadania para levar mais consciência aos seres humanos. Nosso principal objetivo é o ser humano em todas as dimensões e resolver aquilo que mais o incomoda.


Em caso de vitória nas urnas, pretende manter as Organizações Sociais (OSs) na saúde e utilizá-las em outras áreas?


A primeira área que sofreu com a falta de responsabilidade do governo, que acabou jogando tudo para a iniciativa privada, foi a cultural. O mesmo está acontecendo com outras áreas. O interesse de uma empresa que vai patrocinar um espetáculo via Lei Rouanet não é o mesmo de uma proposta de um programa social, que tem objetivo totalmente diferente. O Estado deixou de patrocinar as atividades artísticas culturais e jogou essa responsabilidade às empresas. Com a saúde é a mesma coisa. Os governos não querem assumir a responsabilidade e passam a bola às OSs. Não posso dizer que todas estão erradas, mas a maioria das experiências vai dar errado, porque os objetivos das partes são diferentes. A OS quer ter lucro em cima daquilo que recebe, e não melhorar a saúde.


No plano de governo, o senhor cita a necessidade de fortalecer a medicina preventiva. Como fazer isso? 


Precisamos investir na medicina preventiva. Temos várias faculdades de Medicina que formam muitos estudantes e eles vão trabalhar fora daqui. Precisamos fazer convênios com as universidades públicas e privadas, não apenas na área da Saúde. Infelizmente, muitos estudantes não encontram oportunidades aqui. O maior prazer deles é fazer estágio e acompanhar a população, que os receberá muito bem. A ideia não é aproveitar somente os estudantes de Medicina, mas também de outras áreas, como Enfermagem, Serviço Social e Psicologia.


Como melhorar a formação continuada dos professores e valorizá-los?


A Prefeitura tem um grande defeito, que é tratar muito mal os seus funcionários. O prefeito e os vereadores são passageiros. Quem fica cuidando da Cidade é o funcionalismo público. Há professores que precisam dar aulas em cinco escolas para poder conseguir se sustentar. Precisamos valorizar a atuação do professor. Essa possibilidade de aprimorar é necessário, mas eu preciso que ele participe de uma formação e tenha, de fato, uma condição de melhoria. A educação é vista de uma forma geral, mas deve ser analisada de forma pontual. Cada escola precisa ter um estudo, porque o colégio do bairro Aparecida é diferente de um do Saboó. Cada um tem uma característica, uma vizinhança e um envolvimento com a comunidade. Temos que valorizar os funcionários que atendem essas crianças. O professor não pode dar aula a uma criança preocupado com o que comprará para o filho jantar. Precisamos dar dignidade aos docentes e aos funcionários públicos. Vejo que os cargos comissionados precisam ser ocupados, principalmente, por servidores de carreira. De uma forma geral, o servidor público recebe duas ou três vezes a menos do que quem exerce alguma função na iniciativa privada e isso é frustrante para ele. Criaremos um grupo de trabalho para pensar em mudanças nas carreiras e na valorização do servidor.


O senhor também defende uma Ouvidoria específica para o setor da educação. Qual seria o ganho com essa medida?


Acho que, dentro da Ouvidoria Pública, é necessário ter um grupo apenas para cuidar dessa demanda. O ideal seria fazer isso para outras áreas também, dando uma resposta mais rápida e efetiva ao cidadão. 


O senhor criaria ou extinguiria alguma secretaria municipal?


A única coisa que eu vejo que é necessária, a princípio, é a criação da Secretaria Municipal da Mulher. É capaz que alguns venham cobrar o porquê de não criar a Secretaria do Homem (risos). A nossa consciência sobre o feminino está se intensificado atualmente, mas precisa se intensificar ainda mais. 


Quais são os seus planos para as empresas municipais, como CET-Santos, Cohab Santista e Prodesan?


É preciso analisar cada empresa de modo particular. A Prodesan foi criada porque era necessária. A Cohab Santista, a mesma coisa. Precisamos torná-las necessárias novamente. Eu não sei qual é a dívida pública real da Prefeitura. Temos como meta melhorar a transparência das finanças municipais e fazer diariamente a conciliação bancária, como fazia o ex-prefeito Oswaldo Justo, divulgando o quanto foi gasto e o quanto foi arrecadado. A Prodesan tem a Prefeitura de Santos como sua maior cliente. Temos que saber quanto custou esse serviço e se ele foi pago. A Cohab Santista tem a função de realizar moradias populares, mas será que a inadimplência das famílias está alta? A Prefeitura deveria mandar mais dinheiro para ela? Precisamos fazer a avaliação do quadro de funcionários dessas empresas. Se a gente perceber que realmente elas estão em uma situação que não podem continuar, iremos fechar. Antes de uma definição, faremos um grupo de trabalho para analisar cada caso.


Como resolver a questão do deficit habitacional no Município?


Pretendemos criar um grupo de trabalho para estudar essa questão e viabilizar novas moradias no Centro. Temos centenas de imóveis que estão abandonados e com dívidas de IPTU que poderiam ser absorvidas legalmente pela Prefeitura. Poderíamos aproveitá-los para pessoas que vivem em cortiços. Também deveríamos aproveitar melhor esses sobrados, sendo a parte de cima voltada para os moradores e a parte de baixo utilizada por um comércio. Ela poderia abrigar cooperativas diversas nesse espaço de baixo, que vai fomentar a economia. 


Quais suas ideias para revitalizar o Centro de Santos?


Precisamos pensar na ocupação do Valongo, que tem a Secretaria de Turismo, o Museu Pelé e a Casa de Frontaria Azulejada. Se o Museu Pelé recebeu 10% do público programado inicialmente, foi muito, porque você não pode concentrar uma única atividade com uma atração. Se o Museu Pelé tivesse sido instalado em um dos hotéis abandonados do Gonzaga, às segundas-feiras, você teria gente dando volta na esquina para visitá-lo. É preciso dar uma destinação à área dos armazéns abandonados do Valongo. Ali poderia ser uma grande praça para eventos gerais: dança, música, balé, ginástica e tudo o que você possa imaginar. Isso seria uma grande atração. Isso vai dando vida ao local. Não pode ser uma atração pontual. Com raras exceções, o turista que vem para o Litoral quer saber de praia. É preciso pensar em uma programação compacta, que dê prazer e ainda o permitirá ir para a praia no dia seguinte. É preciso pensar em eventos durante a semana nas praças e regiões onde há um maior fluxo de pessoas. 


No plano de governo, o senhor cita a ideia de criar um bilhete ao morador de Santos para os pontos turísticos. Como seria feito isso?


Muitas vezes, o próprio santista não sabe a importância histórica da Cidade. Se a gente conseguir levar isso para metade da população, refletirá para milhões de pessoas. Na verdade, esse passe turístico seria quase uma divulgação boca a boca. Se ela sabe a importância disso, vai querer naturalmente divulgar e começar a valorizar mais a terra dele. É preciso agir conjuntamente com as demais prefeituras. 


Como o senhor pretende lidar com a questão dos moradores em situação de rua?


É algo muito difícil de ser resolvido, porque o morador em situação de rua está desacreditado nele mesmo. A primeira coisa que a gente precisa é conquistar o amor próprio dele, com atenção e carinho. Não adianta dar regras e imposições a eles. É preciso um trabalho conjunto com Serviço Social, Psicologia e Medicina. Deve ser um trabalho constante. É preciso mostrar a importância do ser humano para alguém que perdeu a dignidade. Também é muito difícil cuidar das pessoas que têm dependência química.


Como melhorar a zeladoria? 


Não adianta colocar o zelador para tomar conta do Macuco se ele mora no Morro São Bento. Isso precisa ser feito e acompanhado por pessoas que vivem no bairro. Eles é que vão ajudar a fazer essa zeladoria. A pessoa vai saber o que realmente é necessário em sua região. 


De uma maneira geral, como a Prefeitura pode melhorar o setor cultural?


Existe um distanciamento do entendimento do que é cultura e o que é arte. Isso já prejudica muito. Para muitos, trazer uma banda de rock ou grupo de samba a Santos é fazer cultura. Isso é arte. Precisamos valorizar os realizadores da cultura da própria região, como fiz quando era secretário de Cultura, e incentivar apresentações dos grupos locais.


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