Mais mulheres são eleitas para as câmaras da Baixada Santista

Número de eleitas para as câmaras da região aumenta de sete, em 2016, para 12 agora. Ainda assim, proporção feminina é baixa

Por: Tatiane Calixto  -  19/11/20  -  10:48
Juntas, Telma de Souza, Audrey Kleys e Débora Camilo representam as mulheres na Câmara de Santos
Juntas, Telma de Souza, Audrey Kleys e Débora Camilo representam as mulheres na Câmara de Santos   Foto: Matheus Tagé/AT

O número de mulheres eleitas nas câmaras municipais da Baixada Santista cresceu nestas eleições, comparado ao do pleito de 2016. Apesar disso, a região, que tem mais da metade do eleitorado feminina, conta com apenas 8,8% das vagas ocupadas por elas. Para especialistas, ainda é preciso avançar muito para garantir maior representatividade das mulheres na política, o que também é uma forma de assegurar a defesa de pautas que tornem a vida delas melhor.


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Conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2016, dos 134 vereadores eleitos para as nove câmaras (sem considerar os que assumiram no decorrer do mandato), sete eram mulheres. Quatro anos depois, com duas cadeiras a mais e 53,62% do eleitorado do sexo feminino, elas conquistaram 12 vagas, 8,8% do total.


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Santos e Praia Grande são as cidades que elegeram o maior número absoluto de mulheres para o Legislativo: três cada. O que representa aumento em relação à eleição passada, quando foram eleitas duas mulheres nesses municípios. 


Os eleitores de Bertioga, Cubatão e Peruíbe também elegeram mais mulheres em suas câmaras, e Guarujá manteve uma cadeira feminina. Em Itanhaém, Mongaguá e São Vicente, como em 2016, a apuração dos votos não garantiu vaga para nenhuma mulher como vereadora. 


“Embora, de um modo geral, o número de eleitoras seja maior do que o de eleitores, ainda assim o registro de candidaturas é muito superior entre as candidaturas masculinas”, avalia a cientista política Juliana Fratini. 


Ela pontua que há um crescimento das candidaturas femininas, muito impulsionado por todo o trabalho das mulheres, além de incentivo institucional, como o do próprio TSE, e dos núcleos partidários. No entanto, mais do que incentivar a participação é importante, na opinião de Juliana, preparar as mulheres para essa tarefa. 


“Porém, ainda há dificuldade para encontrar mulheres para fazer o preenchimento dessas cotas. Veja, temos 5.570 municípios no Brasil. Geralmente, pensamos nas mulheres na política dos grandes centros urbanos, mas existem áreas mais afastadas, mais interioranas, em que a postura coronelista dos donos dos partidos é mais proeminente”, aponta. 


Isso, conforme a especialista, dificulta que mulheres cheguem à disputa de maneira genuína. “Muitas vezes, para cumprir a cota, esses coronéis partidários vão atrás de candidaturas laranjas. A gente ainda não tem notícia de candidaturas como essa, mas é uma possibilidade.”


Progresso 


Os dados oficiais ainda não foram divulgados pelo TSE, mas levantamentos apontam que, do total de vereadores eleitos no País, 16% foram mulheres. 


Para Silvana Leodoro, docente da Universidade Metropolitana de Santos e doutoranda em Ciências Políticas pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a proporção de mulheres eleitas na região representa pouco mais da metade do crescimento no Brasil. 


Apesar de ainda representar pouco as mulheres, Silvana considera que esses são dados que precisam ser comemorados. Principalmente se for considerado o acesso tardio das mulheres às eleições e à possibilidade de voto. 


“A princípio, o voto era para mulheres casadas, com autorização dos maridos, e as viúvas ou solteiras com renda própria, elite total. Mas o direito ao voto estendido a todos foi (garantido) só em 1946, e é muito pouco tempo. Agora, estamos indo para outra disputa, que é a representatividade e, depois, teremos uma terceira, que será, efetivamente, pautar questões femininas.”


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