Dr. Marcio Aurélio é o sexto candidato a prefeito de Santos entrevistado por A Tribuna

O médico defende uma melhor organização dos serviços de saúde municipal

Por: Da Redação  -  17/10/20  -  22:43
Dr. Marcio Aurélio é o sexto candidato a prefeito de Santos entrevistado por A Tribuna
Dr. Marcio Aurélio é o sexto candidato a prefeito de Santos entrevistado por A Tribuna   Foto: Divulgação

O Dr. Marcio Aurélio (PDT) é o sexto candidato a prefeito de Santos entrevistado por A Tribuna. O médico defende uma melhor organização dos serviços de saúde municipal. Ele tem o projeto de criar uma TV municipal para servir de complementação pedagógica a estudantes e para valorizar os artistas locais. Se eleito, promete criar um Conselho de Planejamento formado por integrantes da sociedade civil para pensar o Município para as próximas gerações e dar uma atenção especial às famílias
que vivem em extrema pobreza.


A Tribuna - Se o senhor for eleito, qual será a prioridade do mandato?


Dr. Marcio Aurélio - A prioridade número um, número dois e número três é a saúde. Mas eu vou cuidar apenas da assistência médica? Não. Saúde é o bem-estar físico, mental e social do indivíduo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Quem mora em uma palafita não tem saúde, embora possa estar perto de um pronto-socorro ou de uma policlínica. O mesmo acontece com quem tem um transporte ruim, principalmente nesse período de pandemia de covid-19, quando o distanciamento social não foi respeitado dentro desses ônibus. Temos uma educação de baixíssima qualidade, conforme apontam os dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Não conseguimos atingir o piso estabelecido pelo Ministério da Educação. Digo saúde, saúde e saúde por ser médico. Uma das minhas especialidades é saúde pública. Sou vocacionado a cuidar das pessoas e é isso que vou fazer, se eleito.


O candidato pretende manter as Organizações Sociais (OSs) no gerenciamento de equipamentos públicos municipais?


Para ser objetivo, vamos auditar os contratos e respeitá-los do ponto de vista jurídico. Vamos fazer o oposto do que foi feito pela atual gestão. Entendo que os profissionais de educação e de saúde vocacionados são essencialmente ajudadores. Ao médico não cabe somente a cura, mas o conforto e o acolhimento do paciente. Para fazer isso, o profissional precisa estar inteiro para se doar ao seu semelhante. Para atingir esse objetivo, ele precisa ser um servidor estatutário, com a carreira valorizada e com condições para se aprimorar. É preciso de estímulos para que tenham mestrado e doutorado. A precarização dos trabalhadores é um assunto bem grave, ainda mais nas áreas da assistência social, educação e saúde.


A estrutura de saúde existente no Município hoje está adequada?


Essa rede já está montada. Por exemplo, se a gente for na policlínica do Marapé, a estrutura é muito boa, mas se a pessoa chega no local às 18 horas, ela já está fechada. Precisamos otimizar os equipamentos para pensar no trabalhador. Nesse caso, o cidadão é obrigado a ir em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), onde vai o cara que caiu de bicicleta, a criança que abriu a testa, o paciente que está com dor de cabeça há um mês, a senhora que tem artrose há cinco anos. A conclusão é que você fica horas aguardando por atendimento. É preciso olhar para as pessoas com mais atenção e saber organizar e planejar os serviços de saúde. Existe um estudo epidemiológico para isso, de prevalência e incidência das doenças. É preciso se programar para isso. A espontaneidade fica para os serviços de urgência e emergência.


No seu plano de governo, o senhor cita a ideia de criar uma TV para passar conteúdos de educação. Como seria isso? 


Essa ideia surgiu durante a pandemia de covid-19. Tenho 62 anos e fiquei isolado esse tempo todo. Somente no último mês comecei a sair, mas tomando todos os cuidados. Temos um grupo de professores e vínhamos discutindo esse assunto durante as lives. Os docentes estão gerando conteúdo sem saber mexer e as crianças, na maioria das vezes, tinham dificuldades para acessar o conteúdo. Então, veio a ideia da TV, pois quase todo mundo tem uma em casa. Existe a possibilidade do Município ter um canal e utilizar esse instrumento como complementação pedagógica para as crianças. Muitos conteúdos já foram produzidos pelas emissoras de televisão educativas. Poderíamos aproveitar essa estrutura à disposição para os artistas da Cidade. E também daríamos voz para as lideranças de bairro para discutir os problemas da comunidade. 


O senhor cita como proposta a criação de uma universidade pública virtual. Ela seria voltada a todos os santistas?


Temos um candidato a vereador da nossa chapa que é DJ Cuco, que é produtor musical e rapper e me inspira muito. Ele cursa Gestão Pública em um curso à distância. Estamos diante da quarta revolução industrial e isso exigirá muita mão de obra especializada. Poderemos ter cursos de licenciaturas e nas áreas de administração e de gestão pública, por exemplo. São cursos EaD (Ensino a Distância) que poderíamos oferecer a quem está saindo do Ensino Médio e oferecer notebooks aos estudantes por meio de um comodato. Ainda na área da Educação, vamos providenciar os AVCBs (Autos de Vistoria do Corpo de Bombeiros) de todas as escolas, pois a segurança delas e dos professores é uma prioridade. Vamos garantir a formação continuada dos docentes e a valorização deles, assim como trazer a comunidade para dentro da escola. 


O senhor fala da criação de um Conselho de Planejamento formado por integrantes da sociedade civil e de um observatório municipal. Como seria isso?


Recentemente, a Associação Comercial de Santos (ACS) tomou a iniciativa de criar o Conselho de Desenvolvimento Econômico de Santos (Condensan). Durante o evento, eu parabenizei os empresários da Cidade, mas deixei claro que isso era reflexo de uma omissão do poder público, pois quem deveria estar à frente disso era a Prefeitura. Quando você vota, você não dá um cheque em branco. Você vota em um líder para capitanear todas as forças de Santos para construir um Município a médio e a longo prazos. Podemos trazer os empresários, sindicatos, associações de bairros e movimentos sociais para pensar na próxima geração. Dentro desse Conselho de Planejamento, vamos escolher alguns integrantes e criar um observatório para acompanhar os indicadores sociais e econômicos da Cidade. Vamos ter uma assessoria qualificada voluntária. Não moramos em Gotham City (cidade fictícia onde ocorrem as histórias do Batman). A eleição não é para super-herói, é para escolher um líder, alguém que demonstrou essa capacidade ao longo da vida.


No seu plano de governo, o senhor cita a criação do Fundo Municipal de Combate e para a Erradicação da Pobreza. A ideia seria custear um programa municipal de transferência de renda às famílias que se encontram em pobreza extrema (rendimento domiciliar mensal de até R$ 145,00 per capita)? 


Ele seria atrelado às secretarias de Finanças e de Desenvolvimento Social. Segundo o IBGE, quase um terço da população santista vive com menos de meio salário mínimo mensal. A necessidade das pessoas é a sobrevivência. Nossa ideia seria oferecer uma renda emergencial, que estaria atrelada a outras ações. Existem experiências desse tipo em vários municípios. Vamos criar um banco comunitário – o Banco Municipal de Desenvolvimento Cultural Caiçara (BMDC Caiçara). Podemos organizar cooperativas de costureiras para confeccionar os uniformes dos estudantes. Isso vai ajudar na circulação do dinheiro na Cidade.


O senhor pretende criar ou extinguir alguma secretaria?


Pretendemos criar a Secretaria da Mulher para ter um foco maior na saúde e no combate à violência contra elas. São assuntos transversais, mas a criação dessa pasta demonstra a preocupação do líder em relação a essa temática. Pretendemos ter uma Secretaria de Habitação por ser um assunto prioritário. O líder municipal precisa colocar pessoas nos setores chave. Temos grandes urbanistas para avançar nessa questão habitacional e melhorar o planejamento urbano da Cidade. Vejo que é importante as pessoas da própria comunidade se organizarem para poder construir essas moradias, que é um direito básico. Obviamente, não vamos resolver isso em uma canetada.


Quais são os seus planos para as empresas públicas, como Cohab Santista, CET-Santos e Prodesan?


Vamos ter que fazer uma auditoria delas e fechar esse ralo para estancar as dívidas. A CET-Santos tem mais agente administrativo do que agentes de trânsito. É difícil entender isso.


Como o senhor pretende lidar com a questão dos moradores em situação de rua?


Primeiramente, precisamos fazer um diagnóstico para saber o porquê eles estão nas ruas. Se ele tem um problema de drogadição ou psiquiátrico, o cidadão precisa de tratamento. Se existe um problema social, esse ser humano precisa ser acolhido. Antes de resolver o diagnóstico e a conduta, é preciso dar dignidade. A pessoa precisa tomar um banho e comer. Precisamos ter empatia, porque já estamos saturados com intolerância dos dias de hoje.


Como melhorar a zeladoria do Município?


A Cidade está organizada em subprefeituras e eu acho que precisamos parar com essa prática de contratações eventuais e de frentes de trabalho para fazer esses serviços. É preciso dar dignidade ao trabalhador. É preciso fazer o diagnóstico de cada bairro. Podemos pensar na formação de cooperativas solidárias para que as pessoas da própria comunidade possam fazer esses serviços. Poderíamos fazer um curso de formação solidária. Além do trabalho, estaríamos dando consciência de classe para essas pessoas, que vai ter o interesse de se aprimorar. Isso vai ajudar a transformar os locais. Pretendemos organizar cooperativas de catadores de materiais recicláveis. Sou contra a instalação da usina de incineração de lixo na Área Continental. Esse tipo de usina já está proibida na Europa. Temos que melhorar a educação ambiental nas escolas para as famílias produzirem menos lixo.


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