Cubatão: Para melhorar a segurança, mais atuação da prefeitura e oportunidades

ONGs trabalham na periferia para quebrar a marginalização e oferecer alternativa ao crime

Por: Isabel Franson  -  08/10/20  -  18:24
Oportunidades para os jovens evitaria a escalada da criminalidade
Oportunidades para os jovens evitaria a escalada da criminalidade   Foto: Divulgação

Mais comum do que qualquer um gostaria, os bairros periféricos de Cubatão tornaram-se vítimas frequentes da criminalidade, especialmente nos pequenos delitos. Em toda a cidade, contrapondo os índices de queda em homicídios, roubos de bens ou de veículos, por exemplo, o número de furtos aumentou nos últimos três anos.


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Com população atual estimada em 131,6 mil, segundo o IBGE, a taxa de registrada de furtos em 2017 era de 706 para cada 100 mil habitantes. Ano passado, foram 940.


Combater crime com oportunidades


A ativista Celina Silva, 42 anos, mora no Parque São Luis, e já foi vítima de assalto, como grande parte da população cubatense. Questionada sobre quais mudanças gostaria no aspecto Segurança Pública, não foi atuação da polícia que a moradora cobrou. E, sim, melhores oportunidades para os jovens, evitando a criminalidade no seu início.


“Assalto é muito mais do que alguém tomar seus pertences. É uma falha da sociedade, que muitas vezes não oferece oportunidades iguais a todos, especialmente na periferia”.


Ativistas afirmam que falta de oportunidade favorece o ingresso de jovens à criminalidade
Ativistas afirmam que falta de oportunidade favorece o ingresso de jovens à criminalidade   Foto: Divulgação

Trabalhando com projetos sociais há mais de 10 anos no bairro, a presidente da ONG Imaginacom e coordenadora da Comunicação Comunitária (ComCom) afirma conhecer bem a realidade de jovens talentosos que entram no crime por não encontrarem outros caminhos. “Alguns, inclusive, frequentavam nossas oficinas. Aproximavam-se, primeiro, por causa do lanche, que às vezes faltava em casa. Necessidades básicas”, lembra.


Para ela, violência e cidadania estão diretamente relacionadas, portanto os desafios para solucionar uma, tem como resposta o investimento na outra. “Tudo é uma questão de capacitação e oferecer a eles condição de escolha. Infelizmente, nem todos conseguem alcançar oportunidades profissionais. Enquanto isso não for resolvido, fica difícil discutir questões como violência e afins”.


Quem se transformou


O produtor cultural Tiago Pereira, 32 anos, já esteve do outro lado e agora dedica sua vida para impedir ou recuperar jovens nas mesmas situações que ele viveu. “Tudo que eles querem é ter um dinheiro, poder comprar suas coisas... Acabam não vislumbrando isso pelo caminho correto. Aí que surge o contato com o crime. Nessa visão, portar uma arma é bacana, ostentar drogas... Nosso trabalho luta para relembrar os conceitos de cultura e que eles podem vencer do jeito certo”.


Militante do bairro Pinhal do Miranda, núcleo encravado entre as encostas cubatenses e a via Anchieta, Tiago conta que ele e todos dos movimentos sociais em Cubatão atuam sozinhos, por falta de envolvimento do Poder Púbico. “Nunca vieram aqui contribuir, perguntar se a gente precisava de algo. Eu, por exemplo, banco o projeto com os meus movimentos de arte e a venda de livros sobre a realidade que presencio nessas oficinas e no meu trabalho na Fundação Casa”.


Em 18 de outubro, mais uma manifestação pacífica para dar voz à periferia cubatense. “Conseguimos autorização para fazer o grafite na escola estadual do bairro. Teremos frases representando as bandeiras de inclusão, lutando contra racismo, machismo, homofobia. Arte também uma forma deles se expressarem e ganharem a vida honestamente”.


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