Torcedor santista, cadê você?

Apesar do bom início de temporada, Santos enfrenta um fantasma histórico: a baixa média de público em seus jogos

Por: Régis Querino  -  27/02/19  -  01:18
Atualizado em 27/02/19 - 01:32

Destaque neste início de temporada  em campo, onde os jogadores assimilaram rapidamente o estilo de jogo do técnico Jorge Sampaoli, o Santos continua enfrentando dificuldades contra um adversário histórico. Mais do que os rivais nos gramados, o clube pena com o baixo público presente nas cadeiras e arquibancadas dos estádios em que manda os seus jogos.


O tema não é novidade na história do Alvinegro praiano. Dizem os  torcedores da velha guarda que até mesmo na época em que Pelé & Cia davam shows na Vila Belmiro, o público, com raras exceções, não lotava o Alçapão.


No entanto, acompanhando o Santos desde 1978, na chamada primeira geração dos Meninos da Vila, de Nilton Batata, Pita, Juary e João Paulo, me recordo dos tempos em que era comum o Santos levar mais gente aos estádios.


Naquela época e também nas décadas de 1980 e 1990, o Alvinegro mandava os clássicos paulistas no Morumbi. E era comum a torcida santista dividir o estádio são-paulino com os adeptos rivais. E isso em uma fase de seca de títulos importantes.


Até na Vila Belmiro, que tinha capacidade para 20 mil torcedores (hoje, o estádio comporta apenas 16 mil), a frequência de torcedores chegou a ser maior nos anos do jejum santista.


Ironicamente, nem as vitoriosas gerações de Diego e Robinho, e de Neymar e Paulo Henrique Ganso, conseguiram reverter os baixos índices de público registrados nas partidas do Santos.


Número cresce, mas ainda é irrisório

Analisando o ranking de média de público dos clubes brasileiros, publicado todos os anos pelo site Globoesporte.com, é fácil constatar como a torcida santista é uma das mais ausentes entre os maiores times do País.


Em 2014, o Santos aparecia em 24º lugar no ranking, com média de apenas 9.243 torcedores por jogo. Estava atrás de várias equipes sem expressão nacional, como Sampaio Corrêa-MA e Joinville-SC.


Em 2015, ano em que o clube foi vice-campeão da Copa do Brasil, a torcida santista conseguiu fazer pior. Terminou a temporada na 30ª posição no ranking, com 8.691 presentes por partida. Remo-PA, River-PI, Botafogo-SP, e Londrina-PR foram alguns dos nanicos que apareceram à frente do Santos.


A posição santista no ranking começou a ficar menos vexatória de 2016 para cá. Naquele ano, o Santos pulou para a 15ª posição, com média de 11.225 torcedores por jogo. Ainda assim na rabeira de equipes como Fortaleza-CE, Vitória-BA e Sport-PE.
Em 2017, nova queda, para o 17º lugar, com 11.759 pessoas por partida em casa. Em 2018, o clube manteve a estagnação no ranking. Terminou em 17º lugar, com média de 11.231. Números mais do que modestos para um clube do tamanho do Santos.


O efeito Pacaembu


Um dos trunfos para tentar mudar essa realidade é fazer o time mandar mais jogos no Pacaembu, em São Paulo, uma das promessas de campanha do presidente José Carlos Peres.


Levando em conta este início de temporada, o efeito Pacaembu  melhorou os números alvinegros. No levantamento do Globoesporte.com, o Santos é o atual 10º colocado, com média de 14.200 torcedores por jogo.


Se o número pode ser comemorado diante do retrospecto da torcida santista, ainda é pequeno se levarmos em conta que o maior público registrado este ano foi no clássico contra o São Paulo. Em 17 de janeiro, 18.601 torcedores pagaram ingresso no estádio paulistano para ver o time.


A marca fica bem abaixo da média de Palmeiras (29.106) e Corinthians (27.979) neste início de ano. E menor até do que a registrada pelo São Paulo, que vive uma das maiores crises de sua história: 19.168.


Para piorar, o clube pode ficar impedido de atuar no Pacaembu no Campeonato Brasileiro, pois o sistema de iluminação do estádio não atende às novas normas da CBF. Como a prefeitura da Capital já disse que não vai investir na praça, que está em processo de licitação, o Santos poderá se ver obrigado a mandar  todos os jogos na Vila. Ou seja, a certeza de que a média cairá para menos de 10 mil torcedores por jogo.


O assunto, que gera debates acalorados nos grupos santistas nas redes sociais, tem que ser objeto de um estudo sério por parte do clube. Entender os porquês de a torcida  não comparecer em grande número aos jogos e pensar em  maneiras de reverter  esse quadro tem que ser uma das prioridades da gestão.


A sobrevivência e competitividade do clube diante de equipes  que arrecadam muito mais em bilheteria e publicidade depende de ações estratégicas de marketing e planejamento diretivo. Se o marketing avançou de 2018 para cá, já se sabe que planejamento é outro problema crônico na vida santista.


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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