O dilema de Neymar

Ele não vai amadurecer enquanto não for o melhor do mundo, e não vai ser o melhor do mundo enquanto não amadurecer

Por: Heitor Ornelas  -  04/03/19  -  18:40
Atualizado em 04/03/19 - 18:46
  Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Habituado a ser notícia mais fora do que dentro de campo nos últimos tempos, Neymar fez uma rápida pausa no tratamento da lesão para rebolar até o chão no Carnaval da Bahia. O episódio gerou milhares de comentários, quase todos reprovando a atitude do jogador. Afinal, as suspeitas de uma recuperação no Brasil nesta época do ano se confirmaram.


Concordo quando usam a famosa frase da mulher de César para justificar o erro de Neymar. Não basta ser honesto, é preciso parecer também. Mas temos de ser cuidadosos. Edmundo, Romário, Serginho Chulapa, Ronaldinho Gaúcho e tantos outros já trocaram a obrigação pela devoção e saíram por cima, com a imagem de espertos, pelo menos na visão da maioria.


Não passa de palpite, mas tenho a impressão de que enquanto não ganhar a sonhada Bola de Ouro, Neymar vai continuar causando. Muito de seu comportamento imaturo talvez venha da frustração de ainda não ter alcançado o principal objetivo. Uma vez no topo, ele pode vir a sossegar e a se expor menos.


Por outro lado, o excesso de desvios e fraquezas vai continuar afastando Neymar de Messi e Cristiano Ronaldo. Enquanto o argentino e principalmente o português são conhecidos pela obstinação e discrição, o brasileiro se especializou em perder para ele mesmo.


Bilionário e dono do próprio nariz, Neymar custa a amadurecer. Aos 27 anos, a vida farta e a proteção de quem o cerca criam a falsa impressão de que a vida é uma festa. Pode até ser, mas determinadas conquistas exigem mais do que talento.


O auge de Messi e Cristiano Ronaldo já passou, o que pode favorecer Neymar. Ele tem condição para, cedo ou tarde, ser aclamado como melhor do mundo. Até lá, precisa resolver o dilema em que se transformou sua conturbada e midiática trajetória.


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