Mais Molina, menos Montillo

Quarto estrangeiro a vestir a camisa mais emblemática da história do futebol, Yeferson Soteldo pode cair nas graças do torcedor se seguir a linha do colombiano

Por: Bruno Gutierrez  -  17/01/19  -  22:34
  Foto: Alex Ferraz/A Tribuna

Dono de um pé direito calibrado e de uma certa agilidade, Yeferson Soteldo chegou com o aval do técnico Jorge Sampaoli e já vestindo a camisa 10 do Santos. O primeiro venezuelano do clube. A primeira contratação da temporada. E com a 10 icônica, talvez a mais famosa do mundo, a de Pelé.


Apesar do imenso peso que a camisa carrega, Soteldo pode cair nas graças da torcida santista. Mas será preciso seguir o "manual do ídolo do Peixe" se quiser ter sucesso nesta empreitada. Não são muitas diretrizes, mas são determinantes para o sucesso do atleta junto às arquibancadas - e que muitos acabaram não seguindo.


O camisa 10 precisa ter habilidade, ser um maestro, ter empatia com os torcedores, exercer liderança em campo, respeitar o manto sagrado e demonstrar vontade. Muita vontade. E nesse último quesito, a maioria dos camisas 10 santistas que fracassaram não souberam alcançar.


Soteldo é o quarto estrangeiro a vestir a 10 de Pelé no Santos. Então, se tivesse que dar um conselho a ele, seria: Seja mais Mauricio Molina e menos Walter Montillo.


O argentino chegou com o peso de belas atuações pelo Cruzeiro, um custo de mais de R$ 16 milhões e uma esperança de ser o verdadeiro substituto de Paulo Henrique Ganso, que foi de ídolo a odiado no Alvinegro. Entretanto, Montillo passou sem brilho pelo Santos. Quando saiu, não deixou saudades. Hoje, o torcedor santista não faz nem ideia (e nem quer fazer) de onde anda o atleta - hoje no Tigre, da Argentina.


Outro que passou sem muito brilho e atrapalhado pelas lesões foi Petkovic. O sérvio, ídolo no Flamengo e com boa passagem no Vitória, veio naquele 2007. Como chegou, se foi. Sem ser destaque e sem ser decepção. Apenas regular.


Já Molina é um caso especial. Posso ser até um pouco saudosista, mas o colombiano cumpriu à risca todos os requesitos para vestir a 10 do Santos. Seja pelas assistências, pelos gols ou ainda por ser um ponto fora da curva em um ano conturbado como foi 2008.


Mais do que isso. Molina caiu nas graças do torcedor por não desistir. Por querer vestir a camisa do clube e lutar em campo até quando o mais prudente seria se preservar. Molina é o "Deus que sangra", que seguiu em campo com um corte profundo no nariz em um jogo que valia a vida do Peixe na Copa Libertadores. É quase uma injustiça o heroi do jogo ter sido outro gringo, Mariano Trípodi.


Então, Soteldo, para vencer a desconfiança, se espelhe em Molina. A habilidade você já tem, bem como um pé direito de bons chutes e passes precisos. Falta mostrar que merece vestir a camisa e dar o sangue em campo. Não precisa ser literalmente. Mas só de não apresentar um marasmo em campo, que tanto irrita o santista, já será um avanço.


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