Jorge Sampaoli pode ser a salvação do futebol brasileiro

Se conseguir implantar sua filosofia ofensiva no Santos, o argentino vai nadar contra a maré do futebol de resultados

Por: Heitor Ornelas  -  25/12/18  -  18:38
Jorge Sampaoli assinou com o Santos na segunda-feira (17)
Jorge Sampaoli assinou com o Santos na segunda-feira (17)   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Felipão, Mano Menezes e Fábio Carille. Três técnicos vencedores, de competência comprovada, mas estilo de jogo discutível se o parâmetro for o tradicional – e há muito tempo abandonado – futebol brasileiro, jogado para frente, com lances insinuantes, emoção e busca constante do gol. A tendência é que em 2019 o futebol brasileiro continue na toada que o tem definido. A não ser que Jorge Sampaoli nos salve.


Por mais contraditório que pareça, cabe a um argentino a missão de recuperar o estilo arrojado que se perdeu em meio ao pragmatismo do futebol de resultados. Se o Santos der condições a Sampaoli, e se ele repetir os trabalhos feitos na Universidad de Chile e na seleção chilena, podemos esperar por espetáculos mais empolgantes em campo.


Para implantar seu trabalho, o argentino tem dois grandes desafios. O primeiro, e talvez mais difícil, é montar um time forte e alinhado com sua filosofia. Até agora a diretoria não contratou ninguém, nem terminou de vez com a chance de perder jogadores. Se em condições normais em times de ponta, com um grupo formado, não é fácil desenvolver um trabalho vencedor, imagine ter de começar do zero.


O outro perigo para Sampaoli é exatamente o estilo de jogo praticado no Brasil. Se não tiver sucesso ao enfrentar Palmeiras, Corinthians e Cruzeiro, por exemplo, o Santos pode ver sua ousadia transformada em decepção. Na maioria das vezes, o que Felipão, Mano e Carille mais querem é que o adversário se lance com tudo ao ataque para, ao menor erro, marcar um gol e se fechar de vez na defesa. Em 2017, Rogério Ceni montou um São Paulo que tinha o jogo ofensivo como base e deu com a cara na parede em derrotas para o Corinthians de Carille, pelo Paulista, e o Cruzeiro de Mano, pela Copa do Brasil.


Dizem os céticos que ganhar por 1 a 0 ou 5 a 3 vale os mesmos três pontos. É evidente que sim. Mas, deixando os resultados e a paixão pelo time de lado, ver partidas com uma ou duas chances de gol já não dá mais. A média de gols do último Campeonato Brasileiro foi a menor desde 1989, marca que em nada nos honra. Precisamos recuperar nossa vocação pelo espetáculo. E Sampaoli pode ser o responsável pela transformação.


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