Clubes brasileiros são o retrato da incompetência

Com mais dinheiro e estrutura, times nacionais são fregueses dos gringos

Por: Heitor Ornelas  -  15/02/19  -  19:32

Sem nenhum craque, e com orçamento muito menor, o Talleres passou com tranquilidade pelo São Paulo; com time misto, o Racing foi superior ao Corinthians em Itaquera e só não saiu com a vitória porque perdeu o foco nos minutos finais da partida. E por aí vai.


A Libertadores e a Copa Sul-Americana expõem a deficiência do futebol brasileiro. Diante de adversários mais limitados – em todos os sentidos –, mas mais bem preparados, os times do Brasil quase sempre amargam eliminações, algumas delas vexatórias. E não se trata só dos times que vêm mal há muito tempo, como o São Paulo. Mesmo o Palmeiras, que no ano passado ganhou o Campeonato Brasileiro com relativa facilidade, em nenhum momento ameaçou o Boca Juniors na semifinal da Libertadores.


Para despachar adversários que investem mais, argentinos e colombianos, principalmente, trabalham melhor. Jogador por jogador, o Talleres talvez seja inferior ao São Paulo, assim como o Racing em relação ao Corinthians. Entretanto, o time argentino tem conjunto. Todo mundo sabe o que fazer e como fazer em campo. E aí, uma coisa leva a outra. Devidamente preparados, nossos adversários se sentem mais confiantes, com os nervos no lugar, enquanto o jogador brasileiro acusa o golpe conforme o tempo vai passando.


Em uma primeira análise, os culpados seriam os técnicos. De fato, cabe a eles preparar os times. Mas o buraco é mais embaixo. Os maiores responsáveis pela nossa crise são os dirigentes. Despreparados, eles se valem do arcaico sistema de interesses e camaradagem para manter o poder e seguir errando em paz. A única coisa que sabem fazer é demitir treinador.


Insisto na comparação porque creio ser esta a melhor forma de julgar. Na Europa, Barcelona, Real Madrid e Manchester City, talvez os três times mais ricos do mundo, raramente perdem para adversários de médio e pequeno porte. Aqui virou rotina. Uma triste rotina.


Tudo sobre:
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
Ver mais deste colunista
Logo A Tribuna
Newsletter