Veja como os fiéis da Baixada Santista celebraram Corpus Christi

Data cristã faz referência ao sacramento da eucaristia e é marcada pela confecção de tapetes com temática religiosa

Por: Da Redação  -  21/06/19  -  16:47
Em Praia Grande, a tradição ganha a avenida da praia, no Boqueirão, nas imediações da paróquia Santo
Em Praia Grande, a tradição ganha a avenida da praia, no Boqueirão, nas imediações da paróquia Santo   Foto: Carlos Nogueira/ AT

Devoção, fé e solidariedade foram o tom da tradicional confecção de tapetes de Corpus Christi nas paróquias da região. A manhã de trabalho dos fiéis durante o feriado nacional para levar um colorido especial às ruas também foi ocasião para exercer o significado da eucaristia. Alimentos e roupas foram arrecadados para aquecer o corpo e a alma dos mais necessitados.


Centenas de pessoas se reuniram em volta de igrejas para enfeitar as vias e celebrar o corpo e o sangue de Jesus Cristo. Pelo quarto ano consecutivo, os fiéis da paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Santos, arrecadaram donativos para a Sociedade São Vicente de Paula, no Macuco.


Os mantimentos serviram de inspirações para a confecção do primeiro tapete. “É um olhar de carinho para o próximo. Não só pelo alimento, mas um toque de amor e espiritualidade a quem precisa de amor”, diz a dona de casa Maristela Santos Augusto, uma das idealizadoras do projeto.


A previsão dos organizadores é ultrapassar a marca do ano passado, quando arrecadaram cerca de 250 quilos de mantimentos. “Essa é nossa forma de agradecer e de louvar a Deus”, continua o aposentado Pedro Luiz Camargo.


Na Praça Nossa Senhora Aparecida, em Santos, os devotos começaram a chegar juntos com os primeiros raios do sol tímido, de ontem. O trabalho de montagem avançou pela manhã e o início da tarde, reunindo pessoas de todas as idades.


Eram as crianças, alunos da catequese, as mais compenetradas. “Estou me divertindo muito”, diz Beatriz Souza, 9 anos, com as mãos sujas pela confecção dos tapetes. O caminho colorido é por onde passa a procissão de Corpus Christi, em uma celebração que reúne anualmente cerca 2,5mil pessoas na Igreja da Aparecida.


Em Santos, o tapete decora a Praça da Aparecida, em torno da igreja
Em Santos, o tapete decora a Praça da Aparecida, em torno da igreja   Foto: Carlos Nogueira/ AT

Praia Grande


Com um pouco de paciência e dedicação dos voluntários, cascas de ovos, serragem, tampinhas de garrafa e demais materiais recicláveis ajudaram a recriar os últimos passos de Jesus na Terra. O colorido especial agradou os turistas que escolheram a praia do Boqueirão, em Praia Grande, para aproveitar o feriado prolongado. “Ficou lindo”, diz a bancária Ana Alice Souza.


Produtos que iriam para o lixo foram aproveitados nos tapetes. O aposentado João Francisco Xavier, 65 anos, era responsável por uma das 50 peças montadas na avenida da orla. Tampas de garrafa, caixas de leite, embalagem de ovos eram usadas para compor a paisagem. “É uma forma de demonstrar nossa fé”.


Nas imediações da paróquia Santo Antônio, os devotos começaram bem cedo para retocar os últimos detalhes. O resultado foi o tradicional caminho colorido, por onde passou a procissão de Corpus Christi, celebração que reúne anualmente cerca de 2mil pessoas, em uma missa campal em frente ao mar.


A arte milenar de confecção de tapete emocionou o desempregado Pedro Morais da Rosa, de 58 anos. Ajoelhado sobre a arte em frente à igreja, ele fez uma emocionada oração. “Sou um dos muitos tocados pelo espírito de Deus. Tenho muita fé e ela que me mantém vivo, em pé e me dá força para encarar os obstáculos da vida. Nada me falta”, diz ele.


Entre os pedidos, um especial ao Neymar e Bolsonaro. “Eles precisam de muita luz para dar alegrias ao Brasil”, diz ele, que vestia uma camisa da Seleção com a numeração do craque e uma estampa do presidente da República. “Temos que ter fé no País”.


Significado


Corpus Christi é uma expressão latina que significa “corpo de Cristo”. O ato celebra o mistério da transmutação do corpo e do sangue de Jesus em pão e vinho. A data ocorre exatamente 60 dias após o domingo de Páscoa, e é celebrada sempre em uma quinta-feira. Isso acontece como uma simbologia pelo fato de que a Última Ceia ter ocorrido em uma quinta-feira, segundo a tradição católica. A comemoração tem origem no século 13, na cidade de Liége, na Bélgica. Uma freira chamada Juliana teve visões, que foram interpretadas como um sinal para a realização de uma festividade para celebrar o sacramento da Eucaristia. Em 1264, o papa Urbano IV estendeu a comemoração a toda a Igreja.


Logo A Tribuna
Newsletter