Vandalismo consome R$ 3,1 milhões em quatro cidades da Baixada Santista

Esta foi a verba gasta pelas prefeituras de Santos, Guarujá, Praia Grande e São Vicente ao longo do ano passado

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  06/10/19  -  22:51
Praça Rui Barbosa, no Centro de Santos, costuma ser alvo de vândalos
Praça Rui Barbosa, no Centro de Santos, costuma ser alvo de vândalos   Foto: Luigi Bongiovanni/ AT

As quatro cidades mais populosas da Baixada Santista – Praia Grande, Santos, São Vicente e Guarujá – gastaram em torno de R$ 3,1 milhões em 2018 para reparar bens públicos depredados e repor equipamentos furtados. Os demais municípios não informaram valores desembolsados para cobrir os atos de vandalismo. 


Com esse dinheiro, seria possível reduzir as filas de espera de cirurgias eletivas em Praia Grande ou, ainda, recuperar ruas e praças de Vicente de Carvalho, em Guarujá, entre outras opções. Os exemplos fazem parte de investimentos anunciados recentemente pelos próprios municípios.


“Os atos de vandalismo prejudicam o bom andamento dos trabalhos da Cidade, uma vez que as equipes acabam tendo que ser remanejadas para esses reparos e o custo desse serviço poderia ser utilizado em outras melhorias à população”, diz o secretário de Serviços Urbanos de Praia Grande, Katsu Yonamine.


Dos nove municípios da região, apenas Bertioga e Peruíbe não responderam à Reportagem, enquanto Mongaguá, Cubatão e Itanhaém, apesar de não apresentarem o balanço dos gastos, informaram os principais alvos dos vândalos e criminosos.


Entre eles, estão pontos de ônibus, iluminação pública, mobiliário urbano, bocas de lobo, estátuas, torneiras, bancos de praças, lixeiras, válvulas de descarga, portas de alumínio e tampas de poços de visita.


Muitos dos bens têm valor comercial por serem de cobre e alumínio. Santos, por exemplo, tem trocado o que é possível por plástico e concreto, como torneiras e bocas de lobo. Já Guarujá informa realizar forças-tarefas com a polícia para coibir a receptação desses materiais. Em agosto, sete ferros-velhos foram interditados e cinco pessoas, presas. 


As demais cidades destacam ainda operações com a PM, rondas das guardas, monitoramento por câmeras e campanhas educativas.


Delito pode levar a três anos de prisão


Os atos de vandalismo contra bens públicos e privados são passíveis de multas e detenção, cujo tempo pode variar de um mês a três anos. A aplicação da pena vai depender, entre outras coisas, do patrimônio depredado e do estrago realizado. 


De acordo com o advogado Thyago Garcia, é importante explicar que patrimônio público “são os bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos”. 


Garcia destaca que, com base na legislação vigente, “os participantes da sociedade são solidariamente responsáveis pela integridade do bem comum, cabendo a todos preservar o patrimônio público, sob pena de responsabilidade pelo ato”.


Rebeldia e visibilidade são justificativas


O vandalismo, de acordo com a psicóloga Paula Carvalhaes, tem explicações e pode ser dividido de duas formas. A primeira tem a ver com a rebeldia, revolta e ódio contra algo com que o indivíduo não concorde e, em vez de atingir uma pessoa, depreda o que é público. A segunda é a questão da visibilidade – alguém que se sente invisível e quer aparecer. 


De toda forma, e não importa o motivo, Paula ressalta que as ações são cometidas por pessoas agressivas e que se expressam de forma igual. 


A psicóloga diz que essa rebeldia está mais latente em jovens, muitos com um perfil artístico, mas sem acesso aos meios de expressão.


“Se permitirem esses canais de expressão, de visibilidade, formas artísticas, de lazer, de esportes e ocupação, vão existir menos ações de depredação”. 


Entorno


Paula também defende que os atos de vandalismo são mais comuns em áreas já degradadas e sem os devidos cuidados. “Quanto mais conservado um bem público, melhor a população reage e menos ela depreda. Quanto mais desleixada for a área, maior a tendência de se depredar”. 


Ela acrescenta que a degradação da cidade está ligada à degradação da própria pessoa como forma de expressão”.


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