Uma nova maneira de se divertir nos bares

Estabelecimentos se adaptam na pandemia

Por: Da Redação & Júnior Batista &  -  01/09/20  -  00:06
O decreto também define que os locais terão que manter a capacidade de atendimento em 40%
O decreto também define que os locais terão que manter a capacidade de atendimento em 40%   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O fechamento do Australiano Bar, em Santos, no último dia 23, foi mais um reflexo da quarentena provocada pelo novo coronavírus e levantou uma questão: como frequentar esses locais daqui por diante? No comunicado de despedida, os proprietários disseram que talvez “não haverá mais lugar para bares grandes e agitados”. O local recebeu denúncias de aglomeração na Guarda Civil Municipal durante o período de isolamento.


O fato é que, após mais de cinco meses de quarentena, as pessoas estão começando, ainda que devagar, a frequentar novamente esses locais. Claro, com alguns mais preocupados do que outros no quesito aglomeração. Dono de dois bares, um em Santos e outro em Praia Grande, Tadeu Santos acredita que esse retorno é possível, mas será necessário o apoio de empresários, músicos e população em geral.


Ele defendeu o isolamento desde o início da pandemia, ainda que isso lhe custasse muito ao bolso. Agora, com as notícias que tem acompanhado, acredita que seja possível retomar as atividades. “Acho que o apoio do Poder Público é importante nessa hora. Representará um fôlego, inclusive, para esse retorno das apresentações ao vivo.”


Estímulo


Na última sexta-feira, foi liberada nos bares praia-grandenses e santistas a música ao vivo, com restrições. O empresário, que participou do encontro com representantes do Poder Público, afirmou que há medidas a serem respeitadas, como distanciamento do palco e limpeza dos equipamentos de som. Os músicos também vão orientar as pessoas a não ficarem na pista de dança e permanecerem sentadas.


A média de ocupação dos estabelecimentos com a medida, segundo ele, pode chegar a 40% da capacidade, o que já permitiria a sobrevivência financeira dos bares, que hoje estão recebendo em torno de 20% do público pré-pandemia.


Para o empresário Marquinho Vitta, dono de um bar em Santos, a volta da música ao vivo trará um gás ao setor. “São quase cinco meses de bares fechados, a estrutura fica comprometida só com delivery. A partir desse momento, acredito que seja possível sanar um pouco nossas deficiências financeiras”, diz ele, mencionando como exemplo a volta, com restrições, de outros segmentos da economia regional.


Novo normal


Mesmo assim, Vitta reconhece que não será possível ir a um bar da mesma forma como antes até que uma vacina esteja disponível à população.


“Nesse momento, estamos tendo muita compreensão de todos os setores, inclusive do imobiliário, no caso dos aluguéis. Teremos que mudar perspectivas, talvez investir mais em gastronomia do que em bebidas alcoólicas. É algo complexo, mas temos esperanças de manter os negócios e os empregos que dependem deles.”


Ele diz ter notado uma colaboração significativa da população que frequenta os locais, uma atitude que será bastante necessária para manter a Covid-19 sob controle. “O que percebo é que o contágio é evitável. É um novo jeito de viver, uma nova fase. Vai ser difícil, mas tenho fé de que podemos superar tudo com segurança e respeitando os protocolos".


Volta da música ao vivo é celebrada


Para os músicos, ainda mais aqueles que sobrevivem de suas apresentações, o retorno da música ao vivo nos bares é um alívio. O cantor Fernando Negrão faz parte de uma comissão de músicos da Baixada Santista que vinha negociando o retorno das apresentações após a estabilização da região na fase amarela do Plano São Paulo e defende a medida.


“É importante essa volta, desde que dentro dos protocolos de segurança e com responsabilidade, até mesmo para evitar que haja as festas clandestinas, que estão ocorrendo na região.”


Ele entende que a liberação das apresentações impedirá uma fuga de público e movimentará a economia local. “Quando voltam os músicos, os donos de casas noturnas ganham mais, trabalham tamnbém técnicos de som, DJs... É toda uma cadeia. Por isso acho muito importante esse retorno, de modo gradual.”


Baque


Segundo o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (SinHoRes), os restaurantes e bares da Baixada e do Vale do Ribeira empregam 150 mil trabalhadores. Na pandemia, estima-se que 20% desses postos tenham sido perdidos.


Mesas ao ar livre ganham a preferência do público


A Reportagem percorreu, na última quinta-feira, pontos de Santos que concentram bares e verificou que há mais pessoas nas ruas. Na Rua Tolentino Filgueiras, que fica no Gonzaga e recentemente denominada Rua Gastronômica da Cidade, os clientes têm preferido ficar ao ar livre.


Foi o que fez o casal Maria Gabriela Cardoso, de 40 anos, e Ana Paula Baquedano, de 38. Elas aproveitaram o passeio com a cachorrinha para tomar uma cerveja. “Faz 15 dias que saímos pela primeira vez, mas continuamos em quarentena, trabalhando de casa. Hoje (quinta-feira), paramos aqui para ter um alívio mental assim que vimos que havia mesas ao ar livre e distanciamento”, conta Maria Gabriela.


As duas, no entanto, nem têm ideia de quando irão, por exemplo, a locais com música ao vivo. “Acho que ainda será muito difícil, vai demorar para frequentarmos os bares como antes.”


Outro frequentador, Adilson Jairo Miguel, de 47 anos, diz manter os cuidados, mas acha que é necessário frequentar os bares vez ou outra, não só pela saúde mental, mas também para ajudar a economia local. “É importante para manter os bares vivos, desde que com distanciamento e segurança.”


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