Três cidades estão com surto de sarampo na Baixada Santista

Ministério da Saúde indica vacinação a crianças que visitarão Santos, Praia Grande e Peruíbe, mas nada fala sobre imunização das que moram na região

Por: Nathália de Alcantara & Da Redação &  -  08/08/19  -  22:32
Santos já registrou sete casos confirmados da doença e realizou bloqueios vacinais em vários bairros
Santos já registrou sete casos confirmados da doença e realizou bloqueios vacinais em vários bairros   Foto: Nirley Sena/ AT

Santos, Praia Grande e Peruíbe estão na lista de 43 municípios em situação de surto ativo de sarampo no país, conforme o Ministério da Saúde. Assim, as crianças entre 6 meses e 1 ano que viajarem a essas cidades devem ser imunizadas contra a doença até 15 dias antes. Contudo, as prefeituras reclamam da falta de orientação em relação aos residentes dessa faixa etária na região.


Uma webconferência entre representantes dos três municípios e do Ministério da Saúde foi agendada para traçar os próximos passos dessa história.


Em resposta enviada para A Tribuna, o órgão federal informou apenas que os estados já foram notificados e eles ficarão responsáveis em informar os municípios. “As vacinas são enviadas mensalmente”, se limitou a dizer, sem informar se haverá reforço nas doses.


O Centro de Vigilância Epidemiológica (GVE) estadual, por sua vez, disse em nota que avalia o cenário epidemiológico das cidades com casos confirmados para definir as estratégias de imunização. “Serão solicitadas mais doses da vacina ao Ministério da Saúde, se necessário”. 


A chefe do Departamento de Vigilância em Saúde de Santos, Ana Paula Valeiras, foi pega de surpresa com essa notícia de que a cidade faz parte da lista de municípios em situação de surto ativo da doença – sete casos foram confirmados desde o começo do ano. 


Segundo ela, além de não haver vacinas para imunizar todas as crianças dessa faixa etária, também não há seringas e agulhas. 


“Nos incomodou a questão das crianças que vierem para cá terem de tomar a vacina 15 dias antes. Se elas serão contempladas, o que até então não era indicado, as residentes aqui terão o mesmo direito? É incoerente. As crianças que virão terão acesso à imunização e as nossas não?”, questiona Ana Paula. 


Segundo ela, o Ministério faria uma revisão para lançar uma nova nota técnica, com modificações. Isso não aconteceu até o fechamento desta reportagem.


“Não concordamos com essa decisão e nem sabemos qual foi o critério usado”, desabafa Ana Paula. 


Hoje, a faixa etária de 6 meses a 1 ano não consta no calendário nacional de vacinação, que prevê a primeira dose com 1 ano e a segunda com 1 ano e 3 meses.  


Casos 


O Ministério da Saúde registrou, entre 5 de maio e 3 de agosto, 907 casos confirmados de sarampo no Brasil, distribuídos em São Paulo (901), Rio de Janeiro (5) e Bahia (1). 


Na região, foi confirmado quarta-feira (7) o primeiro caso da doença em Peruíbe: uma mulher de 20 anos que mora em São Paulo, mas foi ao Litoral Sul visitar os pais. Bloqueio vacinal foi feito na última semana em prédio do bairro Flórida. O município tem ainda sete casos suspeitos. 


Segundo a prefeitura, estão disponíveis hoje 150 doses da vacina, número insuficiente para imunizar todas as crianças de 6 meses a 1 ano da cidade.  


Já Praia Grande informou, por nota à Reportagem, que recebeu comunicado do GVE informando que a nota do Ministério da Saúde será corrigida e que a cidade “não entrará no rol de municípios em alerta por conta do sarampo”. Praia Grande teve dois casos da doença este ano. 


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