Tenente do Corpo de Bombeiros relata dificuldades em grandes ocorrências: 'Física e mental'

Tenente do 6º Grupamento de Bombeiros de Santos explica preparação para atuar em incidentes de longa duração

Por: Yasmin Vilar & De A Tribuna On-line &  -  26/02/19  -  17:15
  Foto: Walter Mello/Arquivo/AT

“Nenhuma ocorrência é igual a outra”. Com essa frase, o 1º tenente do 6º Grupamento de Bombeiros de Santos Rodrigo Eulálio exemplifica a experiência em ocorrências de grandes proporções. A rotina dos oficiais da corporação é regrada mesmo em ocorrências de longa duração, tudo para garantir a eficiência em combate e a integridade dos profissionais.


A preparação começa já nos primeiros minutos da ocorrência, por meio do telefonema ao 193. “O atendimento é capaz de definir a grandeza do incidente por meio da ligação. A experiência do atendente também influencia na execução da demanda, podendo solicitar apoio para quem vai atuar no local”, explica o tenente Eulálio.


A Baixada Santista já registrou ocorrências que demandaram atuação durante vários dias. Um dos exemplos citados por Eulálio foi o incêndio dos tanques de combustíveis da Ultracargo, em 2015, ocasião em que os grupamentos de Santos necessitaram de reforços da Baixada Santista e Capital.


“Quem está atuando na ponta da ocorrência precisa do apoio administrativo. Grandes ocorrências como a da Ultracargo exigem que o ponto de comando defina horários de descanso, alimentação, hidratação e a passagem pelo atendimento médico”, comenta.


O horário de descanso em ocorrências atípicas também é definido pela corporação, evitando jornadas de trabalho muito extensas. O tenente ressalta que é “humanamente impossível atuar em um combate de 24 horas” em episódios de grandes proporções. Sendo assim, a troca de turno ocorre geralmente a cada 12 horas.


Entretanto, ao entrar em uma ocorrência, os oficiais não têm previsão para sair do local. O incidente pode vir a ter proporções maiores ou levar mais tempo devido a condições climáticas, tipo de material e até de localização das vítimas. Durante a ação, são definidas metas a serem cumpridas durante um período específico de tempo. O tenente esclarece que, caso os objetivos não sejam atingidos, o plano de atuação é todo replanejado.


Sem horário previsto para terminar, é exigida uma estrutura para atuar em combate. A alimentação é sempre balanceada, exigindo uma refeição completa, mas a hidratação é o principal cuidado tomado pelos bombeiros, mesmo em situações extremas. Eulálio conta que o esgotamento físico é normal durante as ocorrências, mas que a sensibilização serve como incentivo. “Temos que nos colocar no lugar da vítima para realizar o combate com mais ‘amor’. A carga emocional motiva os bombeiros na hora do salvamento”.


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