São Vicente tem um índice de letalidade por covid-19 duas vezes maior do que o brasileiro e quase uma vez e meia maior do que o estadual. Até 18 de novembro, morreram 5,94% dos 7.892 infectados na Cidade desde o início da pandemia – ou 469 pessoas. No Brasil, o percentual é de 2,81%; no Estado, de 3,45%, e na Baixada, de 3,53%.
Itanhaém e Guarujá vêm na sequência, com índices de 4,88% e 4,5%, respectivamente – também muito superiores às médias da região, do Estado e do País. As outras cidades da Baixada Santista se enquadram em alguma das médias, com destaque para Bertioga, que tem a menor de todas: 2,06% (veja ao lado).
A grande diferença entre os índices, em cidades vizinhas e que compõem uma região metropolitana, pode ser explicada por diversos fatores, segundo o infectologista Evaldo Stanislau. Os principais são a qualidade da estrutura de saúde, a idade da população, as doenças pré-existentes e as condições socioeconômicas.
“Há mais idosos (na região), observa-se uma piora da saúde em geral no Brasil e há um passivo muito grande em relação às doenças crônicas, como hipertensão e diabetes (fatores de risco), que são mal controladas”, avalia Stanislau.
“No caso de São Vicente, o cuidado com a saúde não está bem resolvido, me parece. E, provavelmente, talvez seja a cidade com piores índices socioeconômicos”, afirma.
O também infectologista Sérgio Feijoó cita a estrutura de saúde de um município como uma grande influência no índice de letalidade. “Sem conhecer as variáveis, tem que ver número de UTI (leitos) em relação à população, e a capacitação (de profissionais)”.
Em relação às diferenças de índices, ele descarta o perfil demográfico, por não existir uma variação de idade importante nas populações dos municípios. “Não há uma resposta pura (para as discrepâncias)”.
Testagem
Em nota, a Prefeitura de São Vicente, pela Secretaria de Saúde, se limita a responder que segue os critérios da fase verde do Plano São Paulo, cumprindo protocolos e regras sanitárias. E orienta ao uso de máscara, à manutenção do distanciamento social e à higienização das mãos. O índice de letalidade foi ignorado.
Itanhaém não respondeu até o fechamento desta edição. Já por Guarujá, o secretário de saúde Vitor Hugo Straub Canasiro indica um outro fator para o Município ter um alto índice de letalidade: a testagem.
“Seguimos o protocolo, testamos apenas os sintomáticos, assim, o universo (de mortes) acaba sendo maior”, afirma. Ou seja, para o secretário, há muitos contaminados com o coronavírus assintomáticos. No entanto, ele não soube precisar a proporção desse grupo em relação aos doentes por covid-19.
Mas se mostrou preocupado com os relatos de cada vez mais gente se aglomerando, sem máscara – e do recrudescimento da pandemia. “Me preocupa esta época de confraternizações. Não vejo isso com bons olhos”.