Taxa de isolamento social na Baixada Santista tem queda de 21%

Dados do sistema de monitoramento paulista mostram que adesão é maior nos finais de semana; queda no indicador ocorre em meio à escalada de casos

Por: Eduardo Brandão  -  15/05/20  -  15:37
Cidades registraram nessa semana a mais baixa taxa de adesão à quarentena
Cidades registraram nessa semana a mais baixa taxa de adesão à quarentena   Foto: Matheus Tagé/AT

No momento em que os hospitais da região registram alta nas internações por pacientes com sintomas de coronavírus, as regras de isolamento social demonstram sinais de saturação. Dados do sistema de monitoramento paulista indicam acentuada queda na adesão à quarentena. Nesta semana, as cinco cidades da Baixada Santista mapeadas – Santos, São Vicente, Praia Grande, Guarujá, Cubatão e Itanhaém – tiveram o mais baixo percentual desde o final do mês de março. 


Na quarta-feira (13), os seis municípios registraram uma média de 50,3% de adesão. O número é pouco mais de 21% abaixo do pico verificado nessas cidades, que, juntas, atingiu 63,6%, no primeiro fim de semana do mês. Trata-se de uma redução de 13,3 pontos percentuais entre as duas medições.


Conforme o Sistema de Monitoramento Inteligente (SIMI-SP) do Governo de São Paulo, Santos e Praia Grande registraram na quarta-feira (13) índice de isolamento social inferior à média das demais cidades paulistas. Enquanto no Estado essa marca foi de 47% da população, os dois municípios locais tiveram 46% de seus moradores acatando as orientações das autoridades de saúde para se manterem em casa. Já Cubatão (47%) igualou o indicador estadual. 


A queda nos dados ocorre em meio às críticas de autoridades locais sobre a metodologia usada (veja abaixo como funciona). “Precisamos aprimorar as informações (do monitoramento). Conheço uma cidade que toda semana sai com o maior índice de isolamento. Não é uma verdade. Se você for à praia, terá um monte de gente no calçadão, no centro comercial. Mesmo assim, dá 65% de isolamento”, disse Mourão, durante live com o vice-governador Rodrigo Garcia (DEM), nesta quarta-feira (13). 


Itanhaém (56%). São Vicente (55%) e Guarujá (52%) são as localidades da região com dados acima da média paulista. As duas primeiras figuram, constantemente, entre as líderes no ranking estadual com maior adesão às regras. Apesar de mais da metade dos moradores das cidades continuarem com a adesão à quarentena, o percentual é um dos menores já registrados desde o começo da série de análise, no final de março. 


São Vicente, por exemplo, chegou a registrar pico de 68% de adesão no dia 3 de maio (domingo). Já Guarujá atingiu seu maior indicador no dia 19 de abril (domingo), quando 63% da população se manteve em casa.  


Mesmo assim, as taxas são abaixo no mínimo desejado pelas autoridades de saúde paulista. O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo e o médico infectologista, David Uip, afirma que taxa abaixo do 70% da população pode tornar o sistema de saúde insuficiente para atender a demanda. 


Ainda conforme os dados do SIMI-SP, as cidades da Baixada Santista alcançam melhores indicadores nos finais de semana. Já de segunda a sexta-feira, os dados mostram forte queda. No domingo do Dia das Mães (10), Santos teve 53% de adesão. Na segunda-feira (11), caiu para 48%. 


Como funciona? 


Segundo o governo paulista, a central de inteligência analisa os dados de telefonia móvel para indicar tendências de deslocamento. Isso é feito por meio da comunicação constante entre o aparelho e as antenas de transmissão das operadoras (estações de rádio base).  


As informações são apresentadas em um modelo de “mapa de calor” que indica mais ou menos concentração populacional por localidade e também em diferentes períodos. “Embora as empresas não consigam dizer precisamente onde o assinante esteja, elas têm ciência de uma área na qual ele pode estar”, explica o diretor de Tecnologia da Meta Sistemas e professor de Redes de Computadores da Fatec, Cláudio Nunes. 


A localização é feita pela área de amplitude das antenas. Ele explica que essa análise ocorre até mesmo sem estar com o serviço de localização (GPS) ativo no aparelho.  


Em Santos, por exemplo, existem 271 antenas ativas das cinco operadoras na cidade (Vivo, Tim, Claro, Oi e Nextel). “Se em um determinado tempo o assinante saiu de uma antena e passou para outra, pode-se concluir que a pessoa não está respeitando o isolamento”, continua. 


O advogado e membro da Comissão de Startups da OAB-Santos, Fábio Solito, destaca que a ferramenta utiliza dados quantitativos (anônimos), de forma a impedir a identificação do usuário. Por isso, não desrespeitar a privacidade de cada usuário.  


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