A noite do dia 9 de junho jamais será esquecida por Lucas Martins Lima, de 24 anos. O auxiliar técnico retornava para Cubatão, onde mora, com sua namorada, Alessandra da Silva Vieira de Lima e a filha do casal, Analu, de três anos após um passeio em Campos do Jordão. A viagem se tornou um pesadelo para todos que estavam a bordo do ônibus, que capotou deixando 10 mortos e mais de 50 feridos.
Sobreviventes esperam até hoje, três meses após o acidente, pelo laudo pericial. Em entrevista para A Tribuna em agosto, o delegado seccional da polícia de Taubaté, José Antonio de Paiva Gonçalves, disse não haver previsão para que o documento seja concluído. Ele ainda revelou que a perícia precisou de ajuda externa, o que exigiu ainda mais tempo da equipe que realiza o trabalho.
Lucas conta que estava consciente antes, durante e depois do acidente. “Na hora, o motorista acendeu as luzes, então eu não acho que ele estava dormindo e nem passando mal”, diz. “Eu acho que a culpa não foi dele, porque poderia ter sido muito pior.”
Até hoje, o auxiliar conta que se lembra perfeitamente do barulho das ferramentas do resgate cortando a lateral do veículo, bem ao seu lado, para retirar as vítimas de dentro do ônibus tombado. “Na hora abracei minha filha, e com esse movimento fraturei 12 vértebras e a clavícula. Não sentia minhas pernas, mas consegui levantar minha filha para tirarem ela pela janela.”
A pequena Analu, de três anos, não sofreu nenhum ferimento. Já a namorada de Lucas, Alessandra, teve o braço, fêmur e baço quebrados, em parte por conta do cinto de segurança, que a prensou no assento.
Recuperação
Lembrando também da garoa que caía, e do frio intenso que fazia naquela noite antes do Dia dos Namorados, Lucas diz que foi levado ao hospital de Taubaté, onde foi operado e recebeu nove pinos nas vértebras mais comprometidas de sua coluna. “Fiquei sem conseguir me mexer.”
Com fisioterapia intensa pelo SUS, o morador de Cubatão passou a conseguir se locomover com uma cadeira de rodas, e hoje pode se movimentar com o apoio de um andador. “Parei a minha vida. Estou afastado do trabalho até julho de 2020, parei meu curso de inglês e faculdade por causa do acidente”, desabafa.
O acidente
Um grave acidente envolvendo um ônibus de turismo e cinco carros deixou 10 pessoas mortas e 52 feridas na Rodovia Floriano Rodrigues Pinheiros (SP-23), em Campos do Jordão, região do Vale do Paraíba, na noite do dia 9 de junho deste ano. O ônibus, que era de Praia Grande, capotou e atingiu outros veículos.
As vítimas fatais foram oito adultos e duas crianças. Os passageiros do coletivo eram de Praia Grande, Santos e Cubatão. O capotamento aconteceu no trecho de serra, na altura do km 31,6, logo após o trevo de Santo Antônio do Pinhal. O Corpo de Bombeiros foi acionado para socorrer as vítimas.
A Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) informou que a empresa Brasil Santana Transportes e o ônibus que se envolveu no acidente estavam em situação regular após o ocorrido. No entanto, a causa do acidente ainda não é conhecida pelas autoridades.