Sindicato dos Metalúrgicos tenta reverter 900 demissões na unidade da Usiminas em Cubatão

Entidade afirma que o número foi confirmado durante reunião realizada nesta sexta-feira (15), com o Ministério Público do Trabalho

Por: Rosana Rife  -  16/05/20  -  11:16
Emprego piora na Baixada Santista em março; 931 postos foram fechados
Emprego piora na Baixada Santista em março; 931 postos foram fechados   Foto: Rogério Soares/AT

O Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista tenta reverter as 900 demissões que a Usiminas planeja realizar em Cubatão. Durante reunião entre as partes, com mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT), nesta sexta-feira (15), em Santos, ficou acertado que as dispensas não ocorrerão até segunda-feira (18), às 14 horas, quando está marcada uma nova rodada de negociações.


Segundo o presidente do sindicato, Claudinei Rodrigues Gato, a entidade pede que a empresa reveja os cortes e mantenha o acordo proposto inicialmente, que previa a redução de jornada e salários, com manutenção de empregos até outubro.


“Eles confirmaram os números na reunião. Alegamos que a gente não tinha nenhum documento que provasse a necessidade dos cortes  e que não vamos assinar nenhum acordo, se estiver ocorrendo demissão. Não faz sentido, porque a própria MP 936 (cria opção de redução de salário e jornada) prevê estabilidade para os trabalhadores”.


Já o MPT, acrescentou, em nota, que identificou a necessidade de apresentação de dados contábeis mais concretos sobre a situação econômica da empresa, “que podem ajudar à solução da negociação” e aguardará as informações para o próximo encontro.


O Ministério Público já havia, anteriormente, encaminhado notificação recomendando que a Usiminas, antes de promover qualquer demissão, comprove que não tem outros meios para enfrentar a crise.


Acordo


Segundo o sindicato, no começo do mês, quando os funcionários tinham voltado de férias coletivas, a Usiminas convocou a entidade para apresentação da proposta de adesão à MP, por conta da pandemia do coronavírus que estaria afetando a empresa. O objetivo seria uma diminuição nos holerites, que iria variar de 20% a 70% conforme a faixa salarial. A entidade fez uma contraproposta e, conforme Claudinei, eles caminhavam para o fechamento do acordo.


“Mas, no meio da reunião, eles mudaram de ideia e avisaram que fariam as demissões também. Inicialmente eles mesmos tinham apresentado a proposta, com estabilidade de emprego até outubro. E é o que a gente quer”.


Usiminas


Em nota, a Usiminas explicou a situação por meio de dados do Instituto Aço Brasil que impactaram negativamente o setor siderúrgico, como queda de 50% no consumo de aço em abril (comparado a março) e no volume de vendas, que recuou a patamares de 25 anos atrás.


A empresa citou ainda, com dados da Anfavea, que o setor automotivo, principal mercado atendido pela Usina de Cubatão, também registrou “uma brusca retração na produção nacional de veículos, de 99,3% em abril”. Este seria o “pior resultado da série histórica, que teve início em 1957”.


A reportagem questionou a empresa sobre a existência de planos para o fechamento da unidade de Cubatão. A empresa disse, na nota, que vem tentando, desde o início da pandemia, o diálogo para uma solução conjunta, “visando, ao máximo, a preservação da sua força de trabalho e a sobrevivência da operação em Cubatão”.


E, acrescentou ainda que “buscou negociar com o Sindicato dos Metalúrgicos de Cubatão, inclusive as condições para os desligamentos necessários, porém, a entidade se negou a discutir o tema”.


Repercussão


Questionado sobre as possíveis demissões, o presidente do Condesb e prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), lamentou a situação e fez um apelo a empresários de todos os segmentos.


“A gente apela aos empresários, as empresas, que nesse momento as demissões não sejam feitas. Vamos passar por isso. Vamos ultrapassar esse momento e é fundamental que as pessoas tenham seu empregos preservados”.


Já o prefeito de Cubatão, Ademário de Oliveira (PSDB) informou, em nota, que tem mantido conversações com o presidente da Usiminas, Sérgio Leite, traçando estratégias para a reversão deste cenário. “O impacto econômico não é só para Cubatão, mas para toda região metropolitana da Baixada Santista”.


Logo A Tribuna
Newsletter