Shows e peças em compasso de espera por estabilização de casos de Covid-19

Produtores de eventos da Baixada Santista aguardam a fase verde para retomar a agenda, seguindo todos os protocolos de saúde

Por: Egle Cisterna & Da Redação &  -  26/07/20  -  23:01
Espaço será dedicado a filmes do circuito alternativo, cinema europeu e de outros países
Espaço será dedicado a filmes do circuito alternativo, cinema europeu e de outros países   Foto: Imagem ilustrativa/Divulgação/PMC

Nesta semana, a Baixada Santista vai iniciar mais um período na fase amarela do Plano São Paulo, do Governo do Estado, que flexibiliza e possibilita o início de algumas atividades. Caso se mantenha até o dia 9 de agosto nesta classificação, a região pode começar a pensar na retomada de algumas atividades culturais. 


Nesse primeiro momento, depois de 28 dias na etapa amarela, já é permitida a realização de eventos onde há controle de acesso das pessoas, com público sentado, respeitando o distanciamento, com máscaras e ocupação máxima de 40% da capacidade do local. 


Cinemas e teatros, por exemplo, devem elaborar o protocolo de funcionamento e aprová-lo junto à vigilância sanitária. 


Entre as determinações para a reabertura, estão a venda de ingressos feita de forma exclusiva pela internet e a proibição de consumo de bebidas e alimentos nos estabelecimentos. 


Representantes do setor de eventos da Baixada Santista, parados há mais de quatro meses, vêm discutindo com o poder público como realizar a retomada dos trabalhos. “Nós só voltaremos quando os governos estadual e municipal nos derem o sinal verde”, afirma o produtor executivo Sandro Valente. “A prioridade é a saúde de todos. Somente quando for seguro, voltaremos e seguindo todos protocolos estabelecidos. Saúde em primeiro lugar”.


Mesmo com o aval de todos os órgãos, Luiz Ventura, da Shows em Santos, afirma que não pretende trazer eventos para Santos em 2020. “Só estou programando coisas para o ano que vem, talvez para maio e só com a vacina”, afirma. 


No plano estadual de reabertura das atividades econômicas, os eventos onde não há acentos – mas com controle de acesso – serão liberados a partir da fase verde, depois que a região permanecer quatro semanas nessa posição. Apenas os grandes festivais, ao ar livre, como por exemplo o Lollapalooza, que acontece na Capital, devem ser retomados ao final do plano, na fase azul.


Além do risco do contágio pela doença, Ventura acredita que as regras atuais não compensam o investimento pelo formato de grandes espetáculos que ele costuma trazer cá. “Não sabemos se o público vai aceitar vir a shows agora. E ter apenas 40% da capacidade nos espaços daqui representa ter umas 200 pessoas num show. Isso não pagaria o evento”. 


Já Sandro Valente aposta em um novo formato de atração para esse início de abertura gradual. “Vamos ter que rever os conceitos de shows. Entre setembro e outubro, dentro de tudo o que for estabelecido pelo poder público, devemos retornar com eventos voltados ao teatro, stand ups e shows de pequeno porte”, avalia ele, que acredita ainda na valorização dos artistas locais para esse período.


Setor pleiteia isenções para voltar
Assim como a iniciativa privada, o poder público santista se prepara para a volta às atividades. “Internamente, temos um estudo para ver o que precisamos fazer de forma pontual, se for do interesse de abrir”, explica o secretário municipal de Cultura de Santos, Rafael Leal, que não garante que os equipamentos municipais sejam reabertos logo nos primeiros dias que isso seja permitido. 


“Estamos fazendo o acompanhamento do cenário mundial e nacional e vamos avaliar os locais que já retomaram os eventos e os desdobramentos. A responsabilidade tem que ser plena, pois o pior é abrir e depois ter que fechar”, diz o secretário. 


Leal conta que tem se reunido com representantes de vários setores do entretenimento e que muitos ainda estão receosos de fazer eventos em 2020. “Vamos deixar tudo pronto para reabertura. Mas quando isso vai acontecer de fato, vai depender de muitos fatores”.


Reivindicações


Em um destes encontros com empresários do setor de eventos, a categoria fez alguns pedidos para que a Prefeitura de Santos ajudasse em alguns pontos, para facilitar o início das atividades. Na última semana, o Santos Convention & Visitors Bureau enviou um ofício ao prefeito Paulo Alexandre Barbosa pedindo providências que considera essenciais para a sobrevivência das empresas de eventos. 


Entre as solicitações, estão que a cobrança do valor de locação de espaços públicos seja vinculada somente ao percentual do evento; a isenção das taxas de diversão até 2021 e de serviços da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET); digitalização de todo o processo de entrega de documentos para a realização de eventos e que produtores locais tenham garantidas datas no novo Centro de Atividades Turísticas (CAT) da Ponta da Praia, que deve ser entregue ainda neste semestre.


Leal afirma que a questão da digitalização do processo é uma coisa que a Prefeitura pode atender os empresários. E a Administração deve fazer acordo com o futuro gestor do CAT, para que a agenda possa contemplar os produtores da Baixada Santista.


“Por se tratar de isenção de receitas, a questão das taxas precisa passar pela Câmara Municipal. Estamos fazendo um estudo de impacto econômico para isso”, garante Leal.


Cenário


O Governo do Estado estima uma perda de R$ 34,5 bilhões no setor cultural e criativo de São Paulo durante a pandemia. A recuperação do patamar de riqueza só deve ser atingido no primeiro semestre de 2022.


Uma medida para ajudar a área cultural é a lei federal Aldir Blanc, que prevê auxílio emergencial para trabalhadores do meio artístico, espaços culturais e programas de fomento. A lei foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas sua regulamentação, que define como os recursos serão repassados para Estados e Prefeituras, ainda tramita no Congresso Nacional. 


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