Setor de acabamentos de obras sofre com queda de até 70% nos negócios durante pandemia

Empresários da Baixada Santista temem efeitos da crise, mas continuam otimistas pelo fim da quarentena

Por: Marcela Ferreira  -  13/05/20  -  13:49
O empresário Maykon (esquerda) e seus funcionários aguardam melhora no setor para retomar atividades
O empresário Maykon (esquerda) e seus funcionários aguardam melhora no setor para retomar atividades   Foto: Arquivo Pessoal

A crise gerada pela pandemia de coronavírus afetou inúmeros setores, e com as obras não foi diferente. No ramo dos acabamentos, as marmorarias, marcenarias, entre outras empresas alegam ter sofrido queda de cerca de 70% nos negócios, e trabalham sob uma nova realidade, no aguardo de conseguirem fechar novos orçamentos com clientes.


O empresário e marceneiro Maykon Evandro da Silva, de 32 anos, conta que, no começo da pandemia, sua marcenaria tinha muitos trabalhos a serem entregues, no entanto, alguns clientes preferiram adiar o recebimento das peças. “Outros clientes, que não moram no local das obras, preferiram continuar com elas”, relata.


Maykon ainda diz que outro empecilho foi o fornecimento de materiais. “Com a extensão da quarentena, a gente ficou de dispensar os funcionários, antecipar as férias, porque muitos fornecedores também fecharam, então até tínhamos clientes para atender, mas sem material para comprar”.


O empresário explica que tem trabalhado apenas com uma pequena porcentagem do faturamento, o que torna o cenário ainda mais preocupante para ele e seus funcionários. “As vendas aqui na marcenaria caíram 70% no último fechamento, estamos trabalhando com 30% do faturamento. Hoje já é dia 12 e não fiz uma venda até agora, então isso vai me forçar a antecipar férias de funcionários, e se não melhorar, aí a questão é fazer demissões. Estamos fazendo o possível”.


A empresária Andressa Figueira Pereira, de 30 anos, tem uma marmoraria em Guarujá. Para ela, as parcerias com arquitetos têm ajudado, mas ainda há muitos orçamentos pendentes e projetos que precisaram ser adiados para depois da pandemia.


“Estamos no escuro, nossas vendas caíram cerca de 70%. Temos alguns projetos em andamento, mas não sabemos quando vão ser aprovados. Alguns condomínios não deixam a gente trabalhar, tenho até orçamentos aprovados que não conseguimos fechar por causa da pandemia”, conta.


Ela ainda diz que precisou dar férias coletivas aos funcionários. “Praticamente estamos parados, com o projeto no forno esperando aquecer. Estamos preocupados com a economia e com a nossa saúde e de nossos funcionários, colaboradores e clientes também”.


Já o empreiteiro Paulo Santos, de 48 anos, conta que seu trabalho tem diminuído consideravelmente. “Eu pego obras na fundação e entrego elas prontas. A pandemia afetou todos os setores, estamos trabalhando com redução de funcionários, mas continuamos trabalhando”.


Ele diz que o mercado no setor está parado há um bom tempo, e que estava otimista para este ano, mas a pandemia atrapalhou. Os projetos continuam, mas não estão sendo colocados em prática, de acordo com o empreiteiro. “Vamos esperar esta situação normalizar”, finaliza.


Serviço essencial


O presidente Jair Bolsonaro assinou um decreto na semana passada que inclui a construção civil e outras atividades no rol dos serviços públicos e atividades essenciais durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). No decreto, é especificado que as atividades devem obedecer às determinações do Ministério da Saúde para prevenir a disseminação da doença. Segundo o presidente o decreto tem o objetivo de reaquecer a atividade econômica. O documento também inclui atividades de produção, transporte e distribuição de gás natural, as indústrias químicas e petroquímicas de matérias-primas ou produtos de saúde, higiene, alimentos e bebidas, e atividades industriais.


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