Vítima de doença do pombo, morador de São Vicente tem alta após 14 dias

Ele passou 14 dias internado e conta todo o drama que enfrentou após ser diagnosticado com a enfermidade

Por: Eduardo Brandão & Da Redação &  -  27/01/20  -  10:23
Suspeita é que tenha contraído a doença enquanto realizava poda; vizinha alimentava aves na rua
Suspeita é que tenha contraído a doença enquanto realizava poda; vizinha alimentava aves na rua   Foto: Divulgação

O calculista Claudio Luiz Arantes de Carvalho, de 62 anos, diagnosticado com a doença do pombo, teve alta no sábado (25) e contou, com exclusividade, o drama que passou durante 14 dias, tempo que durou a internação. Esse é o primeiro caso registrado na região em 2020.


Sofrimento


A forte e insistente dor de cabeça, sem o menor sinal de melhora apesar de antibióticos e duas passagens pelo Pronto-Socorro em menos de uma semana, era o alerta de que a suspeita de sinusite seria algo mais grave. O temor abateu Claudio, quando a equipe médica plantonista da Santa Casa de Santos desconfiou se tratar de criptococose (a popular doença do pombo).


“Passou pela minha cabeça que iria morrer”. Começava naquele instante uma longa maratona de exames para tentar identificar as causas dos sintomas, parecidos com os de meningite.


Naquela noite, ele foi internado às pressas na UTI, sob a suspeita de que o fungo encontrado nas fezes secas de pombo estaria na membrana de sua cabeça.


Durante quatro dias, ficou sob intenso cuidado médico na ala destinada a casos graves. Ele conta que as primeiras 48 horas foram as mais cruciais, dadas as reações da forte medicação para combater a patologia.


Seus familiares explicam que o remédio o deixou catatônico, fazendo com que sua temperatura corpórea se elevasse, abalando o sistema nervoso.


Para evitar os efeitos colaterais, outros medicamentos foram ministrados antes da dosagem intravenosa – que levava quatro horas para ser absorvida.


No quarto dia de internação, e após apresentar os primeiros sinais de recuperação, foi transferido para ala da enfermaria.
Contudo, outro problema ocorreu no dia seguinte: com as veias dos braços saturados, foi submetido a um procedimento de cateteres venosos centrais, logo abaixo do pescoço, para ministrar a droga. Cada ampola tem custo médio de R$ 2,5 mil, sendo necessárias quatro por dia.


A angústia terminou no final da tarde de sábado, 14 dias após a internação, quando teve alta. Apesar de poder descansar no conforto de sua casa, as orientações clínicas são de repouso e manter a dosagens de antibióticos até o próximo mês.


“Muita coisa muda depois de um choque como esse. Começamos a dar mais valor para o cuidado próprio. Passava na minha cabeça que tudo poderia ser evitado se usasse luvas e máscaras. Temos a sensação que essas coisas nunca vão acontecer com a gente”, desabafa Claudio, que na tarde de ontem recebeu a Reportagem em sua casa, na Vila Cascatinha, em São Vicente.


Suspeitas


Sem sinal aparente de sequelas, ele tenta retornar à rotina. Porém, afirma reduzir o ritmo de trabalho para dedicar mais tempo aos seus filhos, netos e amigos.


“Tenho uma enorme gratidão à toda a equipe da Santa Casa, desde o pessoal da limpeza até ao provedor. Fui muito bem tratado. Nos momentos em que ficava triste, as enfermeiras e demais funcionários vinham com um sorriso amigo para me animar. Isso foi fundamental para a recuperação. A todos eles, minha eterna gratidão”.


Apesar de as suspeitas sobre o contágio ainda serem apuradas, Claudio acredita que contraiu a patologia enquanto fazia a poda de arbustos que enfeitam o muro de sua residência.


Conforme A Tribuna noticiou na semana passada, moradores do entorno afirmam que um inquilino de uma casa próxima tem o hábito de alimentar pombos. “Acho que fezes secas pararam nos arbustos. Devo ter respirado enquanto fazia a poda”.


Como solução, cobra das autoridades ações de controle de natalidade da ave. Após o incidente, agentes da vigilância epidemiológica da Prefeitura foram ao local.


Vizinhos e familiares sustentam que a quantidade de pombos reduziu nos últimos dias e dizem que o morador parou de alimentá-los. “É igual evitar proliferação do mosquito da dengue. Se a casa do lado não tiver os mesmos cuidados, todos sofrem com o problema”.


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