Projeto propõe casas flutuantes no lugar de palafitas do dique Pompeba, em São Vicente

Estudante de Arquitetura cria habitação sustentável. Habitantes teriam uma melhora na qualidade de vida sem mudar de bairro

Por: Isabela dos Santos & Colaboradora &  -  14/12/19  -  21:01
Karla, com a maquete nascida do Trabalho de Conclusão de Curso: casas são todas sustentáveis
Karla, com a maquete nascida do Trabalho de Conclusão de Curso: casas são todas sustentáveis   Foto: Alexsander Ferraz/AT

A habitação flutuante sustentável é uma alternativa para substituir cerca de 200 palafitas no dique do Jardim Pompeba, na Cidade Náutica, em São Vicente. Os habitantes teriam uma melhora na qualidade de vida sem mudar de bairro. A proposta é da arquiteta recém-formada Karla Roncete Mineiro, de 34 anos.


“A ideia é manter as pessoas no bairro e integrá-las à natureza. O Largo do Pompeba é calmo, há pouca movimentação da maré e a ventilação é boa. Seria o lugar ideal para começar esse projeto, e, dando certo, poderia ser feito em outras regiões”, explica.


Imagens em 3D foram feitas por Karla para ilustrar a proposta em seu TCC
Imagens em 3D foram feitas por Karla para ilustrar a proposta em seu TCC   Foto: Arquivo Pessoal

A Habitação Flutuante Sustentável Associada a Renovação da Orla do Dique do Pompeba foi o tema de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado na Universidade Paulista (Unip) de Santos esta semana.


Karla explica que, para ser autossustentável, a parte externa das casas construída de eucaliptos; a parte interna teria revestimento acústico e de temperatura, a partir de fibra de garrafas PET e de embalagens daquelas do tipo de leite ou sucos. O telhado seria feito de pneus. Já os pisos e azulejos, de materiais eletrônicos. Tudo seria reciclável.


Água e esgoto


Os flutuadores seriam feitos de restos de obras (fibras de plástico e isopor). A água seria captada a partir da chuva, que passaria por um sistema de filtragem para torná-la potável.


Cada flutuador abriga duas casas,pois Karla quer preservar o clima de vizinhança predominante na região
Cada flutuador abriga duas casas,pois Karla quer preservar o clima de vizinhança predominante na região   Foto: Arquivo Pessoal

O esgoto teria um sistema de ‘zona de raízes’, para purificação. Assim, seria descartado no rio com 94% de pureza. Tudo o que for plantado na zona de raízes ajudaria na filtragem e seria comestível. As fezes agiriam como adubo.


A iluminação viria de cinco placas de energia solar, com claraboias instaladas pelos cômodos, assim, apenas a luz natural seria necessária durante o dia.


Cada moradia seria fixada por quatro âncoras. Respeitando a Legislação Náutica da Marinha, as casas precisariam de extintores, boias, e, na parte externa, de sinalizadores, que acenderiam automaticamente para iluminar a instalação.


Ajuda


Cada habitação flutuanteteria 39m² e os cômodos seriam divididos conforme a preferência dos moradores. Um flutuador abrigaria duas residências, para manter o clima de vizinhança.Em cada extremidade, estão previstas a instalação depraças. A fabricação das casas contaria com auxílio dos
moradores. Segundo Karla, o preço de cada unidade é em torno deR$ 40 mil. Ela acredita que,com a ajuda do Governo Federal,o valor seria menor.


Renovação do dique está nos planos


No projeto de Karla também consta a renovação da Orla do Dique do Pompeba. Segundo ela, a região está no Plano Diretor de São Vicente como área de potencial turístico.


“Atualmente, a orla está abandonada. A ideia é urbanizar a Praça da Prainha, criar um posto policial na entrada, fazer pesqueiro para aproveitar a área de mangue, quiosques, playground, academia ao ar livre, feirinha de artesanato, pista de skate, espaço para apresentação de shows...”.


Na opinião do coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unip e orientador do TCC de Karla, Maurício Azenha, o projeto está pronto para ser executado.


“Ela cria um parque em uma área abandona e essa ideia de tirar a palafita e colocar a habitação flutuante tem a vantagem de não ter o custo da terra. É um projeto detalhado, que dá pra entregar para a Prefeitura e começar a mexer”.


O projeto tem que continuar


A vontade de desenvolver o estudo surgiu porque Karla morou na região do Pompeba dos 12 aos 15 anos. Atualmente, vive em Praia Grande. “E eu sempre gostei de renovação. Acredito que não precisa ser novo, dá para fazer com o reciclável. Até nosso corpo tem utilidade depois que a gente morre”.


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