Primeira escola pública de São Vicente é tombada como patrimônio material paulista

Antigo Grupão passa a contar com regras especiais de proteção do imóvel, construído por maçons no fim do século 19

Por: Eduardo Brandão  -  23/01/20  -  23:10
Candidato deve ficar atento ao calendário de matrículas e qualidade da digitalização dos documentos
Candidato deve ficar atento ao calendário de matrículas e qualidade da digitalização dos documentos   Foto: Matheus Tagé/AT

O imóvel da antiga Escola do Povo, a primeira unidade educacional pública de São Vicente, tornou-se patrimônio protegido. O processo de tombamento das instalações que abrigam hoje a Etec Ruth Cardoso (Praça Coronel José Lopes, 387, no Centro) - no passado rebatizada de Escola Estadual Ziná de Castro Bicudo, embora conhecida como Grupão - foi concluído no fim do ano passado, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).


Com a medida, um raio de 300 metros ao redor da construção datada da década de 1890 passa a contar com regras especiais para reforma e adequação, levando em conta “especificidades tipológicas, materiais, construtivas, espaciais e arquitetônicas”. Segundo a Resolução SC 44, de 19 de dezembro passado, o órgão estadual deverá aprovar quaisquer mudanças nos elementos de mobiliário urbano (exceto iluminação pública) desse perímetro.


A proteção do imóvel foi comemorada pelo presidente do Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (IHGSV), Paulo Eduardo Costa. “Trata-se de mais um bem histórico que passa a ser protegido a fim de se preservar a rica história vicentina, iniciada em 1502 com a expedição sob o comando de André Gonçalves e Américo Vespúcio”, diz ele, que também é secretário-adjunto municipal de Cultura.


Para incluir o imóvel na lista de bens materiais e imateriais paulistas, técnicos do Condephaat consideraram que a construção representa gestos de benemerência “por membros da elite paulista na busca de educar e dar formação profissional a crianças desassistidas por projetos públicos”, em um período anterior à adoção do programa público formal de educação.


A organização racional arquitetônica do espaço, com ênfase na fachada frontal de linguagem clássica e a simbologia característica da arquitetura maçônica da época, foram outros pontos analisados. “O imóvel resume o esforço da sociedade vicentina à época de oferecer educação de qualidade às futuras gerações”, continua Costa.


Histórico


O início da história da unidade escolar é datado de 10 de junho de 1893, no armazém de secos e molhados do capitão Antão Alves de Moura. No local, um grupo de vicentinos decidiu fundar a Escola do Povo. A maioria pertencia à Loja Fraternidade de Santos, que auxiliou no trabalho de construção do prédio.


A unidade chegou a funcionar provisoriamente na Praça João Pessoa (antigamente conhecida como Largo Batista Pereira) e na Rua XV de Novembro, antes de se transferir definitivamente para a Praça Coronel Lopes, em 1898.


Em 1913, a Escola do Povo passou a ser administrada pelo Governo do Estado. Na ocasião, o imóvel foi ampliado, tornando-se um prédio em forma de U, dando fundos para a Avenida Padre Anchieta. Data-se dessa época a denominação de Primeiro Grupo Escolar de São Vicente, com oito classes - popularmente chamando de Grupão.


Em 20 de dezembro de 1979, o estado mudou a denominação para Escola Estadual de Primeiro Grau Ziná de Castro Bicudo, que permaneceu até a desativação da unidade, em 2001. Naquela data, o local foi ocupado pela Diretoria Regional de Ensino, e posteriormente abrigou a primeira Etec de São Vicente.


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