Um cartão-postal arranhado pela escalada da violência. Palco corriqueiro de furtos e assaltos, o Deck dos Pescadores de São Vicente sofre com o abandono do poder público. Uma pintura no solo, que viralizou nas redes sociais no começo desta semana, resume a situação caótica que o espaço (que deveria ser apenas de lazer) atravessa há anos. “Roubo Perigo”, escreveu algum vicentino farto com a omissão.
Conforme relatos pelas redes sociais, a abordagem criminosa ocorre quase sempre da mesma forma: pequenos grupos de jovens (geralmente duplas ou trios), a bordo de bicicleta, realizam a prática de furtos e assaltos contra os caminhantes e praticantes de esportes na faixa do calçadão e Deck dos Pescadores.
“Eu evito caminhar em direção ao Marco Padrão (rumo à Ponte Pênsil). Procuro fazer minha caminhada em direção ao Itararé, que é um pouco mais seguro. Mas sempre que algum grupo de bicicleta se aproxima, fico assustada”, afirma a contadora Adriana Cristina Bernardes.
Pelas redes sociais, diversos vicentinos afirmam terem sido vítimas de práticas criminosas no local. E o relato da abordagem dos criminosos é sempre similar: celulares, bolsas ou qualquer outro objeto de valor é furtado por jovens, que conseguem fugir sobre bicicletas. “Eles (os assaltantes) atacam até nós que somos garis. Lamentável, não respeitam nem a gente que está trabalhando”, relata, pelas redes sociais, Thamy Costa.
Além da abordagem criminal sofrida e do bem levado pelos jovens, há outro ponto comum: a maioria das vítimas não registra o boletim de ocorrência. Segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP-SP), a elaboração do documento auxilia na criação da mancha criminal e do planejamento estratégico, por meio da análise dos índices, para o emprego de efetivo operacional
“Todos os casos apresentados às delegacias são devidamente investigados, por isso, é imprescindível o registro do boletim de ocorrência pela Delegacia Eletrônica ou em qualquer unidade policial do Estado”, informa a pasta, por meio de nota.
A secretaria desta ca ainda que de janeiro a junho de 2020, em comparação com os mesmos meses de 2019, ações conjuntas entre as polícias Civil e Militar resultaram na queda de 19,90% dos roubos em geral, 41,67% dos roubos de veículos e 18,29% dos furtos em geral em São Vicente. Em igual período, 577 pessoas foram presas ou apreendidas e 69 armas de fogo, retiradas das ruas.
Já a administração municipal informa que a Guarda Civil Municipal (GCM) realiza rondas periódicas no local e que vai pedir à Polícia Militar para que intensifique o patrulhamento no equipamento.
Estrutura
Mais não é apenas a escalada da criminalidade que tem afastado o vicentino do espaço de lazer. A falta de estrutura e de segurança no piso e beiral de madeira são alguns dos (antigos) problemas no local. Em alguns trechos, o simples caminhar revela perigo.
Sem citar prazos ou valores, a Prefeitura de São Vicente assegura que “já estão previstas obras para a manutenção e reparos no Deck do Pescador”. Em nota, a administração sustenta que o local receberá melhorias em toda sua extensão. “Além disso, serão instaladas câmeras de monitoramento, o que vai proporcionar mais segurança no espaço turístico”.
Cita ainda que a área "conta com novo sistema de iluminação, com lâmpadas à base de LED, que propicia mais luminosidade, segurança e economia de até 80% no custo com energia”.