Família de vítima da doença do pombo denuncia vizinho na Prefeitura de São Vicente

Apesar de terem avisado sobre o morador que alimentava os animais, nada foi feito; advogados dizem que caso pode parar na Justiça

Por: Nathália de Alcantara  -  18/01/20  -  14:38
Claudio Luiz Arantes de Carvalho, de 62 anos, está internado na Santa Casa de Santos
Claudio Luiz Arantes de Carvalho, de 62 anos, está internado na Santa Casa de Santos   Foto: Divulgação

A família da primeira vítima da doença do pombo este ano na região procurou a Prefeitura de São Vicente diversas vezes para denunciar o vizinho que alimenta os animais na Vila Cascatinha. Mas, até agora, nada foi feito. Segundo advogados especialistas no assunto, o tema é urgente e pode parar na Justiça.


O calculista Claudio Luiz Arantes de Carvalho, de 62 anos, segue internado na Santa Casa de Santos. Ele será transferido para o setor de Infectologia, onde receberá acompanhamento especializado por conta do fungo do pombo que está dentro de sua cabeça.


O filho de Claudio, Rodrigo Luiz Marçal de Carvalho, de 38 anos, diz que procurou a Administração Municipal assim que teve a confirmação de que o pai estava com criptococose. “Liguei na Zoonoses na segunda (13) de manhã. De lá, me passaram o telefone da Secretaria de Saúde e fui de novo transferido, mas dessa vez para a Vigilância Sanitária”.


Ele explica que relatou toda a situação do vizinho em e-mail enviado às 11h27 para visasv@saudesaovicente.sp.gov.br e recebeu um aviso de recebimento.“Mesmo assim, liguei para confirmar se o e-mail havia sido recebido e, além de confirmarem que sim, disseram que veriam o assunto o mais rápido possível”.


Para cobrar respostas por ver que o vizinho seguia alimentando os pombos normalmente, Rodrigo tentou entrar em contato com o setor de novo na quarta (15) e na quinta (16). “Ninguém atendeu mais. Hoje (17), finalmente consegui falar com o atendente, que disse não lembrar do meu caso”.


A mulher de Claudio, Sônia Márcia de Carvalho, de 60 anos, ficou indignada com essa situação e pergunta quantas pessoas precisarão ficar doentes para que algo seja feito.“Enquanto isso, o vizinho segue dando comida para os pombos e podemos provar isso com as imagens da nossa câmera”.


Na casa, além de Claudio e Sônia, moram ainda uma filha deles e a neta, de 6 anos. “Os pombos ficam na fiação em cima da casa dos meus pais. Estamos muito preocupados”, desabafa Rodrigo.


Segundo a Prefeitura de São Vicente, a Vigilância Sanitária vai encaminhar fiscais ao local, para averiguar a situação. Mas não informou quando e nem o motivo para ainda não terem ido.


A Administração Municipal explica ainda que, após a denúncia, uma equipe do Departamento de Controle de Zoonoses vai ao local e orienta aqueles que estiverem alimentando os animais para que não façam isso. “Depois disso, a zeladoria dos locais afetados faz as melhorias apontadas para minimizar a quantidade de pombos”, informou, por meio de nota.


Animais já sabem quando chega a hora de comer e ficam esperando
Animais já sabem quando chega a hora de comer e ficam esperando   Foto: Matheus Tagé/ AT

Polêmica


O advogado doutor em Direito Civil Cesar Peghini diz que é possível entrar com uma ação de obrigação de não fazer a alimentação de pombos com pedido de multa. “Dentro de um prédio isso é muito mais simples, pois dá para notificar e até multar um condômino. Mas, nesse caso, isso acontece na rua, apesar de ter o mesmo prejuízo a terceiros e mexer com salubridade”.


Para o advogado especialista em Direito Público Teodoro Santana, a prefeitura também tem o dever de fiscalizar esse tipo de situação. “É preciso que estejam previstas, e sejam cumpridas, infrações administrativas para o proprietário do imóvel”.


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