Enfermeira de São Vicente supera Covid-19 e relata 'medo de morrer sem abraçar o filho'

Em quarentena por causa da profissão, Cintia dos Santos passou mais de um mês sem ver a família após contrair a doença

Por: Por ATribuna.com.br  -  29/07/20  -  12:07

O medo de estar entre os milhares de brasileiros que morreram devido à Covid-19 foi superado por Cintia Maria dos Santos, enfermeira no Hospital Municipal de São Vicente. Foram sete dias internada, além da luta contra complicações no pulmão.


Apesar de não ter nenhuma comorbidade que a colocasse no quadro de risco ou no grupo com maior predisposição ao desenvolvimento de sintomas mais graves, a enfermeira teve tosse seca, dor na garganta e febre. Com a acentuação das enfermidades, Cintia precisou ser hospitalizada.


“Fiquei bem debilitada, uma semana após o contágio as coisas pioraram. Não conseguia comer por conta da tosse. Perdi o olfato e paladar, além da falta de ar. Foi um milagre eu não precisar ser entubada”, lembra.


"Trabalhar na linha de frente em uma pandemia requer muita dedicação e também abdicação. Por conta da exposição de trabalhar num local com contato direto com contaminados, me isolei dos meus familiares, inclusive do meu filho Caio, de 9 anos. Fiquei sozinha no meu apartamento e ele ficou com os meus pais. Nós víamos por chamada de vídeo e já era muito difícil, depois que eu me contaminei foi pior ainda”, relata.


Em meio aos sintomas, incertezas e agonia, o pior sentimento foi o de solidão. “Com certeza, a parte mais triste da Covid-19 é o isolamento. O medo de morrer sem poder dar um último abraço no meu filho foi grande. Você fica completamente sozinha, sem visitas e sem saber se vai superar a doença. É muito complicado passar por tudo isso”.  


Cintia conta que foram 14 dias de luta contra a doença e mesmo depois da alta hospitalar, novas complicações surgiram. “Eu tive pneumonia pós-coronavírus, o que aspirou ainda mais cuidados”, explica. 


Após a luta com desfecho feliz, a enfermeira pode finalmente reencontrar o filho. “Quando eu vi o Caio, chorei de emoção. Minha vontade era de apertar, beijar e sentir bem perto de mim. Mas, mesmo depois da alta e da certeza de não estar contaminada, continuou o medo de transmitir o vírus”, revela.


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